Porque Ninguém sente afinidade por mim?

terça-feira, fevereiro 20, 2007

As pessoas dizem: “Não sinto afinidade por você”. Eles querem conhecer toda a nossa vida na intimidade, ouvir relatos, historias, angustias, acontecimentos, fatos domésticos; como se tudo isto fosse necessário para conhecer e entender uma pessoa. Na realidade tudo isto é inútil. E quem acaba ficando esquecido são os tímidos, que são colocados, devidamente, num local de exclusão, longe da sociedade, deslocados... Porque não tem uma língua de três quilômetros de comprimento... E nesta sociedade “espetacularizada” onde o que prevalece é o “grito”, a força bruta e não a delicadeza; a sensibilidade é sempre vista como uma fraqueza... para se vencer é necessário chamar a atenção pela “violência”, já que a sociedade é surda e míope. E... neste contexto estou inserido. Longe do holofote da atenção alheia. Enclausurado no meu mundinho particular. Passando despercebido por todo...

O sol não precisa ter uma historia particular para agradar os outros. E nenhuma flor precisa ser eloqüente para sensibilizar. Nem as forças da natureza, para gerar amor, não precisam ter uma voz... E nem muito menos Deus... Alguém conhece as particularidades de Deus? Eu acho que ninguém, verdadeiramente, sente afinidade por Deus. Ele não fala diretamente com ninguém e nem se interpõe a força. Para conhecê-lo e necessário ter muita sensibilidade. Tanto é para conhecer a mim.

A verdadeira afinidade não vem do conhecimento externo de uma pessoa. É um encontro de almas. Os acontecimentos externos vêm e vão e se modificam constantemente e não servem para definir ninguém. Quando uma pessoa silenciosamente encontra outra e senta-se ao seu lado e pega na sua mão e começa a admirar o por do sol, serenamente vai se estabelecendo um dialogo de almas que realmente unifica inteiramente dois seres. Isto que é verdadeira afinidade. O silencio, muitas vezes, é mais eloqüente do que toda a cacofonia do mundo contemporâneo. Neste mundo faz muito barulho mas tudo é realizado pelo silencio, introspecção e contemplação ativa. Este é o verdadeiro conhecimento da supra-realização. Quando o que está por dentro é exposto tranquilamente, como se não tivesse nenhuma diferença entre o mundo interno e externo. Eles estão em dialogo o tempo todo e não é necessário dizer o que está implícito ou o que já faz parte de si mesmo. É só encontrar uma maneira de se estabelecer o contato permanente que foi perdido pela atuação do “barulho”, do ruído interno que afastou os seres do seio do universo.

No entanto, está não passa da minha opinião. Opinião de um tímido mudo que não se relaciona com ninguém e está jogado as traças. Mas que vê na solidão um meio de estabelecer um contato consigo mesmo e o universo, e quem sabe, encontrar cara a cara com Deus.

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