quarta-feira, dezembro 19, 2007

Na paisagem submersa do ser, entre as névoas que recobre a sua verdadeira identidade, ou antes dela ter se formado, ou depois... Porque nada se formava de coisa nenhuma, tudo existia anteriormente, num estado anterior de simulações de eventos acidentais. Num minúsculo cubículo, chamado solidão, e num grande recipiente chamado duvida, a insegurança perambulava feito um zumbi errante, entrando e saindo, incomodando; no furor dispersivo entre uma força esmagada, tolhida, e um desejo, pré-selecionado, aprisionado, boiando entre símbolos arquetipicos de uma irradiante presença corporal perfeita. Não era abstrato, e nem subjetivo, era subjetivado por um meio externo, e era uma nuvem incorpórea sem formato definido, pairando entre um ponto e outro, querendo obter um aspecto peculiar, uma razão de ser; mas as forças dispersivas, indo em direções contrária, sempre em direções contrárias, minavam qualquer possibilidade... e rareando, numa dissipativa absoluta, foi, paulatinamente agregado por outras formas. Porém, a sua identidade primaria, não foi morta totalmente, o que acarretava vários transtornos. Pois, dentro de uma forma já estabelecida, existia um conflito que o puxava para um lado e outro, ele, pouco a pouco foi se despedaçando. Era um turbulenta nuvem de medo, e insegurança que não se limitava a si mesmo, que depreendida, atacava as outras formas, e outras formas, tomadas pelo medo, pouco a pouco se desintegravam, e voltavam a ser uma propriedade diluente.

A fuga perfeita

domingo, dezembro 16, 2007


Há uma fuga para além de si mesmo. Não fique restrito ao que tu chamastes de "EU". Fuja deste conceito improcedente, egocêntrico, e limitado. Não veja a si mesmo como um ser, e nem mesmo como algo palpável, pois não é... Olhe para além de si mesmo e veja, na total diluição, o fim de todos os fins, e o começo de todos os começos... Tenha esta percepção na sua mente. Quando o ser desaparece, surge a união com o todo. O individual não pode morar no todo, e nem o todo pode morar no individual. O todo mora na descentralização do ser, e na sua total fuga, na sua total eliminação. Se proceder desta maneira, alçancará a liberdade almejada, se não agir desta forma. Estará preso, e quanto mais se enfiar neste conceito ilusório, mais preso estará. Quando o ser dorme, na sua morada eterna, a vida ganha todo o seu potencial, e através deste novo enquadramento a sua existência ganhara um prisma de variedade infinito. O ser, por estar unicamente limitado a sua visão, sempre vê o que lhe interessa, o que serve para a sua satisfação intima, que é moldada pela ausência de uma concepção de totalidade, por isto, a busca não se extingui nunca. Quanto mais correr na direção desta busca, mais o vazio que mora em seu ser aumentará, e a visão do ser ficará obscurecida pelos seus preconceitos. A ausência de preconceito é impossível quando se tem um "ser" a se defender. Ter um "ser" significa criar laços e conceitos que só são validos para si mesmo, e isto, por mais que não se queira acreditar, cria preconceitos infinitos; porque na criação deste "seu ser", você precisa excluir com todas as suas forças tudo o que é o seu "não ser"; ou aquilo que é diferente da sua disposição de espírito, a sua visão involuntária da realidade.


O "eu" é uma farsa da identidade

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Olhar, perplexo para si, e reconhecer-se, como sendo você mesmo... Um grande olho, de nós, nos olhando e reconhecendo a nossa fragilidade, seja ela emocional, física, social, ou monetária, diante deste monstro cruel, e gigantesco; este grande tribunal de conceitos, opiniões, rejeições, afetos e desafetos, criticas, desejos realizados ou não realizados, o mundo convencional do nosso cotidiano, a nossa sociedade, o lugar onde o ser psíquico se refugia... O ser real nunca é real, porque é um entrelaçamento de sentimentos que não nos pertence, a qual vamos recolhendo ao logo da nossa vida. O trauma, é uma condição essencial para a formação da personalidade, ou a sua total desintegração, apesar, de ser um evento psicológico, pela sua disposição e tempo, é tão grave e debilitante quanto um derrame cérebro. A personalidade é feita em torno deste trauma e a sua vivência passa a ser totalmente diferente, muda o seu enfoque e a maneira que a realidade é vista; chega a um ponto que voltar para trás é praticamente impossível. Tudo o que você conhece como sendo "você" foi construído ao redor deste trauma. Portanto, por mais forte que seja uma pessoa, é impossível, ficar impassivo diante de um trauma gigantesco, é impossível, não se despersonaliza-se a ponto da sua nova vida ser totalmente diferente da anterior. Todo trauma cria uma despersonalização, e a personalidade de cada um, é no mínimo, uma junção de condições internas e externas, minimamente satisfatória. Qualquer alteração seja ela interna ou externa, vai destruir completamente o seu "Eu". Se você é "feliz", um trauma pode mudar totalmente esta disposição de espírito, ou vice e versa. Acontecimentos externos tem o poder de alterar a nossa personalidade. E o "eu", nunca se refere a pessoa em si, refere-se muito mais, a como um "cérebro", diante de um mundo e situações irá reagir, irá se adaptar. O eu é muito mais uma reação adaptativa, do que a individualidade de um ser.

O amor Real

domingo, dezembro 02, 2007

Tudo definisse em torno de dois paralelos, que são antagonicamente decididos, é que pode parecer um tanto "disparatado", ou "romântico", mas que no fundo, é uma progressão matemática, lógica e calculista. O paralelo do amor, e o paralelo do medo. São duas forças, que empurram o ser para um lado e para o outro, e num vai e vem, o ser fica viajando por duas vertentes, ou pela fuga, o que é um erro, ou, pela aproximação, que também é um erro.

Quando o amor chega é necessário nega-lo veementemente, com todas as forças do seu ser, o amor é um excesso de fragilidade, uma doação egoísta entre os seres; uma compaixão que nada alimenta e nada alicerça. Amar é girar ao redor do outro, cria dependências terríveis, e o ser, que ama, acaba, sempre, por deixar de se amar. Perde a capacidade de amar a si mesmo. Ou o ser é verdadeiramente, e coloca o foco em si, ou transfere este foco para o outro; o amor para o outro, nunca é amor real, é amor transmutado no medo. Porque o que determina este amor, não é o amor, e sim, o medo... Medo de não ser suficientemente forte para enfrentar a realidade, com soberania e determinação. O amor real, pode parecer egoísta, mas o amor verdadeiro, é altruísta, na sua solidão, e o amor de mentira, pela sua "expansão" e ligação de dependência com outro, por mais que uma faça o "bem" para o outro, é considerado sempre um ato de egoísmo e de mútua dependência, sempre baseada no medo e na solidão interna - quando o ser ausenta de si mesmo...

O pensamento é pesado, o desejo é pesado, o esquecimento é leve...

O pensamento cansa, o pensamento suprime, o pensamento gira e não encontra nenhuma saída; o fim do ato de pensar causa um grande alivio, é uma libertação de uma masmorra -; autoconceitos, pré conceitos, gatilhos de pensamentos em escala - um depois do outro - na sucessão do ir e voltar, um frenético movimento incontido; perde-se a visão, tudo fica turbulento: - a realidade se torna um oásis de inseguranças e possibilidades impossíveis, padece a alma, o todo; não há saída a não ser o fim do ato de pensar.

Doença

domingo, novembro 25, 2007

Apesar de tudo o que falam de mim, considero ter uma doença pavorosa e incurável. Por mais que os outros me achem normal, e achem que o meu único problema é ficar remoendo a minha doença, só isto já seria o suficiente para me considerar um doente crônico. Achar que sou doente é um sinal de auto-estima baixíssima e pensamentos e crenças irracionais (catastróficas e pessimistas), a qual, não importa o porque, não consigo eliminar, já é suficiente para me considerar doente.




Há pessoas, que por mais normal que sejam, e independente do querer, do acreditar, ou seja lá o que for; por mais que tentem, não conseguem eliminar o vicio do cigarro, ou outros, e não conseguem superar um medo mórbido de barata, ou de chuva, por exemplo. Se até estas pessoas que tem uma vida "normal" e realizam todas as tarefas que todos são obrigados a fazer, não se escondendo, ou não tendo uma visão negativa da vida; até estas pessoas não conseguem superar um simples medo de chuva, que dirá de uma pessoa que sempre viveu se escondendo. Poderá ela superar o medo que a imobiliza? E fácil lidar com o medo de barata, ou de cobra, ou de aranha, e só se afastar do perigo; e ter medo de "pessoas" a qual é impossível se afastar completamente, e mesmo que se afaste, uma lógica perversa fará com que você queira se relacionar, por pura carência, por pura solidão!?

A maioria das pessoas tem problemas. Lidar com os problemas, enfrentar, superar, e ter amigos que o apoiem é uma coisa; agora, achar, que os seus problemas não tem resolução, se sentir só e desamparado, precisando esconder as suas angustias, fugindo da vida, e achar que a única solução para é o suicídio é totalmente diferente. Mesmo porque o problema do outro, independente do tamanho, não irá diminuir o nosso problema, não fará que a nossa dor seja menor, e nem tão pouco irá curar as nossas feridas; querendo ou não querendo o universo gira ao nosso redor, é impossível "ser", ter um sentimento de individualidade, sentir os próprios sentimentos e não achar que o universo gira ao nosso redor, pelo bem ou pelo mal, mesmo quando olhamos para o outro, e mesmo quando sentimos dó e compaixão e mesmo quando ajudamos o outro, e mesmo o mais solidário dos seres, ainda assim, o que o motiva é sempre um fundo de egoísmo; porque olhamos o outro, e temos compaixão pelo outro, não pela dor do outro, mas pela nossa própria dor, que egoistamente, transferimos ao outro. Não importa o lado a qual o outro olhe, dos dois jeitos, o universo estará girando ao redor do seu umbigo.

Se as pessoas dizem, se você querer estará curado, como num ritual evangélico que basta a sua vontade e Deus te dará tudo. Por mais que o querer seja forte, ou o acreditar, ele nunca irá fazer com que o céu deixe de ser azul, ou fará você voar como um passarinho; e mudar a configuração do cérebro, a sua matemática intríseca e primordial, sem falar, na sua bio-química, ou a estrutura física propriamente dita do cérebro, é tão difícil quanto mudar a cor do céu. E não importa se você for a pessoa mais otimista do universo, ou a pessimista, não importa, qual seja a ótica que você veja a realidade, ela será a mesmo, o que irá receber será igual em ambos os lados. Porque para a realidade, não importa a sua emoção, e nem a sua ação diante dela, ela te dará, matematicamente, o resultado que você fizer; um resultado que irá remeter a sua configuração básica, a sua genética original e a estrutura social e mental do seu ser... Mudar uma virgula da sua mente é tão impossível quanto mudar a programação de um computador sem saber como funciona a linguagem do computador; isto apenas se referindo a parte mental, o melhor programados do mundo, não poderá fazer nada para converter um péssimo processador num ótimo e rápido processador.


Considero a vida um estado de "doença". O tempo todo estamos lutando contra forças contrárias, e estamos sendo agredidos o tempo todo, pelo vento, pela água, pelo clima, pela força gravitacional, pelas questões sociais, de relacionamentos e interiores; pela natural decomposição, em vida, do nosso corpo, pelo processo de envelhecimento. Precisamos ter uma força contrária, uma medida contra ofensiva ou defensiva, para nos proteger de toda esta agressão que não cessa nunca. A vida, nunca se estabiliza, vivemos uma sensação de estabilidade momentânea, tudo passa, tudo muda, e precisamos nos adaptar sempre as novas configurações; é necessário, ter uma ação pro-ativa, que não para nunca; relaxar é impossível, descansar é impossível... a cura de nos mesmos, ou um estado momentâneo de não doença só é conquistado com muita força. O nosso organismo trabalha incessantemente neste sentido; nenhum órgão do nosso ser descansa, todos precisam "trabalhar" para equalizar este sistema, para manter-se vivo. A vida, desesperadamente e ansiosamente faz tudo para nos mantermos vivos, e tudo isto sempre acaba na morte. A cura da vida... não há cura para vida. A vida é um sistema imperfeito, ilógica, não há uma equação perfeita para "eternizar a vida"; a sua própria imperfeição fará com que ela seja vencida....


Tudo volta

Há um problema de recorrência, ou o eterno retorno. Tudo o que foi, vai ser, num futuro próximo, e tudo o que é, já foi um dia. Não se pode fugir desta lei. Tudo gira ao redor de si infinitamente, e neste girar, tudo se repete infinitamente; alguns mícrons de diferença são acrescentados, o que é uma visão de diferenciação que existe em nós, não que haja alguma diferença é óbvio. O sentido de original, não existe, nem a criatividade existe; nada muda, tudo continua sendo o que sempre foi, e sempre será... O igual é sempre o movimento, o movimentar-se deste igual dá uma falsa sensação de "movimento", ou de que algo está mudando e estamos vivendo ações novas; tudo o que existe é inercia. Fora da inercia, nada se move, tudo é ilusão. Quem está amparado pela inercia, este constitui o seu ser, a alcançou a soberania, não fica zig-zagueando sem sentido pela realidade. Tudo o que o põem a movimentar-se é ilusão, e perda de tempo, é repetir tudo o que você já fez antes, e irá repetir de novo... Quem para de se movimentar, este ganhou a liberdade, e não procura nada, pois já achou; as ansiedades vão embora e a vida embolorada desaparece; surge o eterno agora, que não cessa nunca. O movimento do tempo é uma negação da existência, uma anti-existência. Para existir é necessário deixar de existir, deixar de passar pelo movimento de ir e vir; não ir e nem vir; quando se assumi a inercia, tudo vem em nossa direção, tudo centraliza em nosso ser. Quando mais nos movimentamos, mais tudo foge do nosso alcance, tudo fica mais difícil e a ilusão se torna maior e nos engole a todos.

Insondável

Há problemas que são insolúveis, justamente por serem insolúveis. Não adiante nem ao menos procurar uma solução, tudo será perda de tempo o que nos resta e nos submeter a esta constatação e vivermos no "aguardo"... As forças mobilizadoras do nosso ser são insubstancialmente diminutas, a capacidade de auto-controle limitadíssimas, a visão que temos de nós e de todo o processo externo é míope e desfocada; só há um sentido dentro da nossa concepção da realidade, dentro das camadas a qual delineamos a realidade; o que é, é, um fatal engano, e sempre nos leva ao desvario. Quem vê alguma coisa é enxerga esta coisa está errado, quem vê e não enxerga nada este vê exatamente o que é necessário ver. Quanto mais vemos objetos, funções, logaritmos e lógicas, mais nos afastamos da realidade; e quanto mais obscurecemos a realidade e vemos uma nuvem sem sentido, sem propósito, diluído, perdido, então enxergamos o que realmente é e o que realmente existe...

Descubra o Grande Segredo por trás do Segredo

domingo, novembro 18, 2007

Eu tenho uma raiva tão grande destas pragas que infestam a sociedade moderna, a praga do fanatismo instantâneo. As pessoas estão tão carentes de significados para as suas vidas que qualquer coisa, seja o que for, já é o suficiente para elas acreditarem cegamente - não há nenhuma analise lógica do assunto.

Um caso destes é o Segredo, que não tem nada de secreto já que é conhecido a mais de dois mil anos; o próprio Jesus Cristo já disse: "Se acreditar que uma plantinha possa andar ela andará"; " Quem pede, receberá", e frases do mesmo estilo. Citando o poder da Fé. Se quiser conquistar isto, tenha Fé, Acredite e conseguirá. É de uma Simplicidade tão assustadora e tão Fácil que qualquer pessoa sem nenhuma qualidade pode alcançar... E está é a premissa básica, fazer com que todos possam acreditar, independente do esforço e de tudo que está envolvido, o que, atrai a todos, sem exceção. E este é o Segredo. Criar fanatismo e novos modos de dizer: "Você está curado!".

E o espantoso é que existe livros do tipo: "O segredo do segredo". Livros que tentam explicar o Segredo, como se existisse algum segredo por trás disso. Depois vem, como a vida de fulano de tal mudou ao ler o Segredo, ou o Segredo apresentado pelo famosíssimo João Ninguém - que é idolatrado por todos. E por ai vai. Todos querem pegar carona no "Segredo". O único segredo que existe e que os autores ficaram ricos, e tem muita gente querendo ficar rico por trás disto tudo; é o coitado que lê vai se decepcionar, ou pior, vai acreditar que a sua vida mudou como num passe de mágica.

Dizer Sim é Dizer Não!!

O próprio saber é uma antítese, algo que remete um processo anterior que na sua visão mais profunda é infinita e sempre chega a um ponto final crucial, e este ponto é sempre um estado onde tudo não existe na sua forma mais abrangente.


Ninguém diz Sim sem antes dizer Não, e o inverso é muito verdadeiro. O Querer está muito mais corrompido pelo Não Querer, do que se possa imaginar. Os opostos se aniquilam, os semelhantes se homegeneízam, e as antíteses se movimentam, criando uma direção própria.

O fim é sempre uma aniquilação dos opostos, ou a pasteurização das semelhanças, dai vem a suprema Paz, a imensa tranquilidade; só que isto é sempre a morte.

Na turbulência, quando os opostos, furiosamente se repelem, ou se agitam, dai vem a vida e o sentido da Busca - que não tem um sentido próprio -....

A dor é um processo natural do choque dos opostos, a dor só acaba quando os opostos não mais estão em oposição, quando tudo é igual, não há nenhuma diferença em relação a alguma coisa. E neste ponto, ou estamos mortos, ou perdemos a nossa consciência. Se temos consciência e criamos um atrito ou em nós, ou nos outros, estão em processo de Dor...

Auto-Referência

domingo, novembro 11, 2007

Há visões que são laterais por opção própria, a própria visão, por ser sempre uma "auto-referencia" tem sempre uma lateralidade intríseca. Querer toldar-se a qualquer visão é um erro. Deve-se olhar como num orifício dinâmico, sem se afixar a nada, olhando pelas bordas da imagem, e antevendo com o poder da lógica a distancia a seguir, ou o momento mais oportuno para agir... A reação deve ser instantânea. Se o pensamento for acionado, outros mecanismos entrarão em ação, e dai uma cadeia de eventos infinitos surge, o que nos deixa paralisado. O pensamento deve ser sempre focal, o que precisa ser genérico é a "visão do pensamento" - neste ponto somente a "intuição" deve agir, quem tentar realizar o papel da intuição pelo pensamento consciente ficará perdido.


O bom é mal, e o mal é bom!



Detesto - até o ato de detestar é um ato grandioso; ao lado do horroso "amar" - sendo que a razão do amor é sempre uma falha no caráter, um instinto de auto-piedade; menorzinho diga-se de passagem, a falsidade do "bem" - mascara sempre uma "falta", um medo oculto; medo de não ser "bom o suficiente", ou "forte o suficiente". Tenho ódio dos adoradores do bem, aquele que enfraquece o coração alheios e os tornam débeis e frágeis; estes são os piores - os aduladores. Estão na decadência - a decadência que somente a falsa moralidade pode nos apregoar, e são levados por ela; deixam-se ser levados... Não tem força, nem convicção, precisam "agradar".


Ser na sua máxima consideração e "matar" o que o outro é. Ser é sempre combativo. Ser e quase como uma ação psicopata. Quem é impõem a sua vontade a força. Seja a força do seu pensamento, ou força da sua brutalidade, ou a força da sua sedução, não importa; - ser é sempre matar o que o outro é.

Detesto aqueles que amam o "bom", acima do "belo". O belo mesmo que seja "ruim" é sempre melhor que o somente "bom". O bom é sempre uma maldade consigo mesmo e com os outros. O mal é bom, e o bom é mal. Melhor ter um amigo que nos pisoteia quando estamos tristes e fragilizados, do que um que nos da colo e consola. Quem é consolado sempre abaixa a cabeça. Quem é agredido sempre aprende a lutar. O consolado fragiliza-se mais ao ser consolado e se torna um bobo, piegas, mendigando um carinho esdrúxulo. Aquele que apanha da vida este fortalecesse, este confia em si, e se torna um rei, alcança a soberania a suprema independência.

Quantos gênios da humanidade se tornaram gênios sem apanhar da vida, sem sofrer!? Quantos gênios se tornaram génios sendo simplesmente consolados? Não encontrarão nenhum! De verdade nenhum. Quem se fortalece se fortalece sobre o signo da "violência", da iminência da "morte", quando não há nenhuma opção além de lutar. Ao ser acuado, e nos sentimos ameaçados por todos os lados, e não vemos nenhum refugio, nenhum ombro amigo, nenhum "consolador" - que iria matar o nosso desenvolvimento -, e que retiramos do fundo de quem somos toda a força para nos superar, para vencer a guerra da vida, e nos tornamos o criador da nossa própria vida. Este é o segredo da prosperidade infinita. Qualquer outro que lembra "amor", "bondade", "caridade", irá falhar e transformar a sua vida numa torrente de comodismo.

Agradeço a todos aqueles que me deram pedradas. Sem estes nunca poderia ser tão hábil na arte de "desviar". Agradeço a todos aqueles que ameaçaram a minha vida, estes me ensinaram a ser um corredor nato. Agradeço todos aqueles que tentaram me matar, estes me ensinaram a me defender. Agradeço aqueles que me xingaram, me humilharam, estes me ensinaram a me impor as contrariedades e a falar mais alto, a pensar mais. Agradeço todos aqueles que nunca me ajudaram e me deixaram mofar num quarto escuro, estes me ensinam a pensar, a investigar, a achar as soluções com os meus próprio esforço, e sobretudo, me ensinaram a confiar em mim e nos meus potenciais. Agradeço toda a carência de amor que tive, isto me ensinou a amar o que eu sou; e a glorificar o meu pensamento. Agradeço ao isolamento forçado, isto me ensinou a ser diferente, olhar tudo com um olhar de "contrariação", e de não aceitar o que as massas me impõem, me ensinou a ser "original", a ser eu mesmo; sem a perversa contaminação do outro.


Filosofando...

domingo, novembro 04, 2007

Todo mundo tem uma lado provinciano desconhecido, guardando aquele ar remanescente da velha utopia; até os mais "liberais" se forem investigados, descobriram esta falha no caráter, ou deficiência iminentemente humana. Por minha parte, não consigo ver nada além de uma formato padronizado do pensamento a qual cristalizado da origem a um todo desmilinguido, estropiado, um rascunho mal feito de seus próprios ideais. Na idealização do ser, atribuir formas é um erro enorme, e por não comete-lo, não engesso a minha postura. Muito pelo contrário, vejo a partir de uma ótica ligeiramente diferente. Não me enclausurando num estado de "contemplação", promovendo uma interação dinâmica; onde o postulado máximo é a contradição, a analise, e a critica dos setores dispersivos. Não ficando parado nem em um, e nem em outro lado da questão.

Sem rumo

Eu sei que o saber não tem nenhum conhecimento além dele próprio, é uma antítese, "anti", porque contrária um movimento recíproco; pensamos ser isto uma verdade, quando é uma inutilidade que carregamos. Livrar-se deste movimento é livrar-se de qualquer impedimento que nos prende a uma falsa convicção de nós mesmo, a ação libertadora deste processo nos eleva a um posto superior, onde olhamos para os outros, com um "respeito" desrespeitoso. Ofendendo a falsa segurança deles, e glorificando o nosso novo estado. Por isto, quando olho, sempre olho com uma proporção ligeiramente diferente da realidade, turvando a minha visão para um lado ou para outro, e envergando a realidade num contexto diferente. Ademais, a própria contextualização de um objeto é um paradigma errado, a qual utilizamos freqüentemente, nunca penso num "ente" como se ele fosse ele mesmo, sempre tento ver tudo o que ele não é para depois ver o que ele é; desta forma não peco pelo excesso de "julgamento". Sabendo que nunca julgamos o outro, apenas colocamos a nossa visão de mundo distorcida no outro; o outro em si, é inacessível a qualquer julgamento, somente nós podemos julgar a nós mesmo. Visto que, temos uma visão adequada do problema que somos, e a solução que pode ser aplicada a nossa resolução. Todo julgamento externo sempre passa pelo preconceito de uma realidade que só pode ser aplicada a nós mesmo.

Agora, que escrevi um monte de babaquisse que nem eu mesmo entendo. Vou declarar uma verdade insubstituível. Por estarmos presos a nós mesmos, e por ter uma visão nossa a respeito do outro, e por tentarmos deformar a realidade segundo o nosso próprio meio de percepção acabamos por destruir a nossa própria realidade e visão de mundo. O nosso julgamento a respeito do outro nos impede de ver a nossa própria condição diante deste julgamento. E quanto mais isto acontece, mais nos perdemos num mar de ignorância que foi construído por uma visão externa de nós mesmo. Deveríamos apagar o "mundo externo" antes de participar dele, quando isto ocorre, nos libertamos de muita coisa, e temos uma visão mais abrangente do mundo externo; isto porque antes de "externalizar", internalizamos o mundo, e a partir deste foco conseguimos perceber a realidade da maneira que ela realmente é.

Estou cansado de escrever bobeiras. O meu pensamento está pensando (pleonasmo) um padrão muito "rocambolesco". O que me irrita profundamente. Quando não saio do mesmo lugar, e esta saturação, tudo isto me deixa revoltado com o meu ser...

A dor da alma

sábado, novembro 03, 2007

Deveria existir uma cura para as feridas da alma. Estas que doem, doem e não param nunca. Uma dor física é bem melhor, já que sabemos mais sobre ela... As dores da alma, muitas vezes nem sequer sabemos porque está doendo, e qual é a sua cura; temos alguns indícios que nos apontam para uma suposta causa, mais isto nunca deixará de ser especulação.
Apesar de vivermos em nosso cérebro, dá a impressão que somos um hospede indesejado; que no máximo somos suportados pelo inquilino, e só não nos expulsa porque talvez ele não possa. Algumas vezes eles nos expulsa e ficamos definitivamente loucos.
O que mais doe é a consciência da nossa dor, se pudéssemos esquecer ou transmigrar o sofrimento e ver um horizonte por detrás destes empecilhos, enfim, ficaríamos livres. E é um horror! Parece que quando mais a pessoa é "inteligente" o sofrimento aumenta; há pessoas que são tão "desligadas" que poderia passar um caminhão em seu pé que não iria nem dizer um "ai". Quanto mais tentamos descobrir as causas, quanto mais nos aprofundamos em nosso ser, quanto mais procuramos obter uma resposta, uma solução, mais o sofrimento aumenta, e a solução se distancia de nós. E como reagir a isto?

Fico na beira da loucura. Rezaria para enlouquecer de vez. De perder o controle e sair gritando para expulsar todos os demónios que existem em mim. Mas a noção de "servidão" é tão grande que preferimos ficar imobilizados, olhando para um lado e para outro, não acreditando que isto está ocorrendo conosco. Até que seja iniciado um processo "externo" que nos faça sair deste limbo. E isto nunca irá ocorrer. Então ficamos imobilizados no sofrimento.
A mente humana é um embrulho que embrulha a si mesmo, parecido com as camadas de uma cebola; ou é um nó que foi dado propositalmente e se enrosca em si mesmo, e quanto mais se enrosca mais as suas potencialidades aumentam; o embaraço esta sensação de não saber o que fazer e como reagir é essencial para o cérebro. A mente é um labirinto sem fim, e não há saída, não há nenhuma noção mínima de matemática ou lógica que indique alguma linearidade ou algum padrão definitivo; estes padrões estão acumulados um em cima de outro, e cada um criando atrito nos outros e tal forma que para conseguir ver uma solução e necessário decepar pelo menos metade do cérebro. Já que uma parte está ligada a outra e assim sucessivamente num embaralhado infinito, e para desatar este nó, para sair deste labirinto intrincado é praticamente impossível. Principalmente quando o detentor deste "cérebro" herdou anteriormente, por questões não resolvidas, ou acumulos de traumas e até algumas "qualidades" ou "defeitos" geneticamente adquiridos, um construção que nunca se resolve, e tende sempre ao desequilíbrio; onde as partes em conflitos se tocam, e... Dor!!! Uma dor impossível de se relatar!!!

Boquito!

domingo, outubro 28, 2007


Eu sempre fui uma pessoa extremamente solitária. O que me salvou irremediavelmente da morte, até certo ponto, foi a minha imaginação doentia. Com ela, eu elaborava as invenções mais incriveis, e as histórias mais fantásticas, não que elas tenham algum valor fora de mim, mas, em mim, elas tinham, pelo menos o poder, de me entreter e me manter vivo e cultivar esperança. Até hoje este mecanismo existe e com muita força. É um refugio que eu uso sempre que o mundo externo me parece amedrontador e não consigo me ligar e me sentindo deslocado, rumo ao meu interior, e lá a minha imaginação ganha poder. Até as pessoas reais tem conotações diferentes no meu mundo de fantasia. Porque, como num jogo virtual de simulação, eu recrio as pessoas do meu convívio, dou-lhes uma personalidade e começo a dialogar e a viver aventuras com elas...

E como a minha solidão é tremenda, acabei de fazer uma nova e emocionante amizade. É o Boquito!! Você verão como ele é nas fotos. Primeiro eu coloquei o nome de Boquinha, e depois resolvi mudar para Boquito. Eu tentei dar um banho nele, mas o coitado ficou um pouco manchado. Agora ele esta na minha casa.

O Boquito como eu é muito solitário. Nós dois juntos somos muito felizes. Mas mesmo assim falta algo para nos dar um pouco mais de alegria. O Boquito gosta muito de viajar e ele quer dar a volta ao mundo. Quem quiser colaborar com o Boquito será muito agradecido e estará fazendo um trabalho importantissimo para a sobrevivencia da humanidade. O Boquito gostaria de visitar Paris, Berlim, Londres, Nova York, e as principais capitais do mundo. Por isto, ajudem ele a realizar este sonho maravilhoso.

E é claro, o Boquito é muito dependente de mim, por isto quem quiser levar ele também deverá me levar, não que eu queira é claro... Mas como este é o desejo do meu melhor amigo eu devo o acompanhar onde ele for. Espero que em breve, possamos exibir as fotos da viagem do Boquito ao redor do mundo, para conhecer as grandes maravilhas da humanidade.

Colaborem!! Mandem um e-mail pra mim!!!

O tempo!


Deve existir algum tempo fora do tempo que nos conduz a um espaço fora de nós mesmos. O tempo normal é linear enquanto que nós nos atrelamos a um tempo hipotético onde o passado, o presente e o futuro se misturam numa confusão caótica, chamada a visão que temos da nossa longevidade, ou os planos e perspectiva que temos em relação a nós mesmos.

Há aqueles que são dominados por um tempo passado, e revivem constantemente não só as coisas ruins como as boas, e são incapazes de estar plenamente no presente, ou vislumbrar um futuro melhor. Outros, fogem tanto do passado, quanto do presente e criam um futuro grandioso, utópico, cheio de realizações. Mas no entanto, é somente um devaneio, uma fuga do agora, do que não pode realizar no momento atual, eu vivo muito neste tempo futuro, por não conseguir lidar nem com as amarguras do passado, e nem me ater ao presente.

Há outros ainda que ficam presos ao presente e não tiram lições nem do passado e nem conseguem construir um futuro melhor. Estão de certa maneira presos a preocupações imediatas, e as angustias do dia a dia.

O melhor seria ter uma visão do futuro, sem perder as lições do passado, e pensar que é no presente que estamos e caminhamos a partir dele...

Não ter novas perspectivas, sonhos é um horror: nós desmotiva a viver o presente, ficamos estagnados sem uma direção e tendemos a entrar em estado profundo de melancolia. Há sempre que construir sonhos, para que possamos andar do presente para o futuro, sem isto perdemos a motivação e tudo passa a ser um pesar profundo.

A luz primitiva

domingo, outubro 21, 2007

Falta um quê de que em mim. Um brilho que enluva a alma, em uma fosforescente sensação de bem estar e plenitude, uma luz que brilha não pela sua luz, mas pela sua luz dentro desta luz na escuridão daquilo que se vê. Um filtro dentro de outro filtro, filtrando as oscilações da realidade. Talvez um renascimento, que me desprenda de mim mesmo, algo morto que acalento, que não é genuinamente meu, e foi me dado pelos meus pais ou pela sociedade e me prende a "imbecilidade" do ser; ou da contrariedade de não contrariar o que me é contrario.


Não sei qual é a grandeza do ser humano. Se é as suas realizações, ou, a suas faltas; o ser humano se torna completo porque é completo, ou, ele se torna completo justamente por ser incompleto. Nas suas faltas, nas suas debilidades, em suas carências e em todo o resto, onde há o lodo, pode surgir uma genuína alma pura; talvez o contrario seja também mais verdadeiro.

Quando buscamos o belo, e só enxergamos o belo, nos escondendo do horror, estamos dilapitando metade do nosso ser; que pelo ocultamento, se torna tão real, que a suposta beleza, entendida pelos nossos olhos, será maculada até não restar nada - somente dor e horror.

O melhor amigo do homem: o celular!

Eu sempre tive pavor de celular. O principal motivo para isto é que o celular é usado para falar com outro ser humano. E como sempre tive ansiedade de desempenho, ansiedade antecipatoria, e personalidade esquiva, falar com outro ser humano, é uma tarefa, não só penosa para mim, como também é uma tortura cruel e até certo modo desumana. Ou seja, o ato de me "humanizar", em mim, e totalmente "desumano", dado a violência do choque que existe entre o que eu penso a respeito de mim, o que eu penso que os outros pensam de mim, e outros aspectos inconscientes que são inacessíveis ao meu ser.

Por estes motivos o celular é um produto que me causava grande ojeriza. Hoje em dia, na minha concepção de vida, pelas funções extras que carrega. MP3, rádio Fm, câmera, filmadora, gravador de áudio, internet, jogos, etc; o celular se tornar um objeto de desejo de consumo. A única coisa que ainda me causa repulsa, e o fato dele ser usado para conversar com outros seres vivos, mas qualquer dia, algum cientista, crie um celular perfeito - um celular sem esta função indesejada. E através deles possamos até mesmo ver tv, e assisti um filme de uma locadora virtual, ai, com certeza, os meus desejos serão amplamente saciados. Hoje em dia, o celular, pelo seu grau de distração, é um objeto imprescindível, e quanto mais funções extras ele possui, mais útil ele se torna. Qualquer dia destes, vou abrir o meu celular, contatá-lo num visor que seja aplicado a minha retina, e com alguns movimentos, irei ler um delicioso livro, na santa paz da solidão! Vêem como hoje estou maravilhosamente otimista. Até a minha solidão que era motivo de amargura e sofrimento, já está se transformando numa opção, ou, uma obrigação imposta pela minha doença - não doente; uma alegria de viver.

O que é melhor um amigo ou um bom livro?

Eu estava pensando a respeito da trans-sensoriedade do meu ser, para além de qualquer cogitação científica, e uma indagação aguda penetrou no meu momento de devaneio nirvanico a ponto de eu acordar sobressaltado a me perguntar: "O que é mais importante, ou mais afetivo e enriquecedor, ter amigos, ou ler um livro, digamos de alta filosofia? Um livro que me faça viajar para lugares que eu nunca conseguiria ir sozinho, ou, que outra pessoa, devido as suas limitações, conseguiria me levar, já que grande parte do que as pessoas dizem, ou, são frivolidades sem sentido, e sem importância, ou, meras filosofias imperfeitas e toscas que nem sequer fazem cócegas no meu cérebro" - desculpem a minha "arrogância" nietzscheniana. O mais importante numa relação de amizade, nem é o que as pessoas falam, isto passa, despercebido pela consciência, o mais importante, são os aspectos "afetivos". Além de ser um divertimento barato que não traz grandes preocupações, e a arte de "relaxar", na sua evolução mais baixa , bem menos inferior do que qualquer meditação simples. Então passo a me perguntar, se além, da troca afetiva, existe algum outro motivo para se ter um "amigo"? Estas consideração só consigo realizar, porque a minha solidão me permite ter esta liberdade, se fosse uma pessoa extrovertida e tivesse vários amigos, nunca conseguiria chegar neste grau de pensamento, já, que o preconceito, de ofender o que me dá prazer iria me prejudicar, a ter uma visão clara. E não digo isto somente para ofender, e sim para constatar, com verdade; talvez um pouco ressentido por não ter tido nenhum amigo que ultrapassasse toda a minha vida, e sim, pessoas, que até agora, são esparsas, e que não frutificaram numa grande e duradoura amizade.

E obvio que ter amizade com um grande e inteligentíssimo escritor ou filosofo, e bem diferente do que ter amizade com uma pessoa sem ter esta visão de mundo. Mas até estes gênios, tem os seus reveses, e em certas áreas, são infantis, amargos; ou, cultivam um otimismo utópico, e por vezes, tem demências que o fazem criar realidades distorcidas, muitos se entregam as drogas, ou outras obscenidades. São, em partes, iguais a nós... E guardam o que é melhor de si, para os livros que escrevem. Desta maneira, poderiam ser péssimos amigos, mesmo, que os livros que eles escreveram possa ser os melhores amigos do universo, enriquecendo a vida de qualquer ser.

Morto-Vivo! Ninguém te ama! Ninguém sente afeto por você!

quinta-feira, outubro 18, 2007

É uma dor terrível, sem paralelo, ser abandonado, e não saber o que os outros realmente sentem por mim... Não adianta, pedir, nem indagar... Você gosta de mim? O outro vai me dizer uma resposta evasiva, ela realmente não sente nada por mim. E eu como fico? É o dilema de ser solitário. Ser eternamente solitário. Os outros não ligam o suficiente para nós... E quando "reclamamos" a dor é pior, bem pior, muito pior mesmo. Gostaria de comandar os meus sentimentos e de só gostar de quem realmente gosta de mim. De quem sinceramente diz um: "SIM", enfatico, e não um sim, que é mil vezes pior que um não.


É uma dor lancinante, gostaria de desaparecer no mundo e ninguém me achar, e gostaria também de ser inteiramente feliz quando estivesse totalmente sozinho. Ou de ter uma ocupação que me trazesse felicidade. Mas, ter afeto, precisar de ter afeto, e ver que os outros gostam mais dos outros do que nós, e nós não somos dignos de confiança, nem um pouquinho. Só servimos para uma conversa light, nada de profunda. Aquela conversa que a pessoa se revela para nós, por confiar plenamente em nós. Isto não! Com certeza não!


O que fazer!? E dói, dói, nas profundezas da nossa alma! Ter alguém especial que gostamos até o fim do nosso ser e ela não confia em nós, não liga a minima, não tem nenhum interesse, trata a gente como um simples conhecido, isto dói! E o que fazer!? Se eu fosse uma pessoa qualquer. Com auto-estima, etc... Poderia conhecer mais amigos. Mais, eu? Como!? Não é possível! Infelizmente! Resta-me o sofrimento. Se esta dor no peito parasse, se eu gostasse de mim mesmo com o desprezo desta pessoa, se eu fosse feliz de alguma forma, mesmo que fosse uma gotinha de felicidade.


Mas, não!! Esta sensação de ser um nada, um nadinha sem importancia. Quem é você? No meu coração você não é nada, nada! Não existe! Ou se existe, tem uma dimensão tão diminuta, que mesmo que não existisse seria melhor. O que fazer!? Além de chorar, além de se lamentar, além, de viver, ou melhor, de sobreviver, com esta dor no coração. Porque com certeza não dá para viver, assim... Não dá mesmo! Não dá...! Por isto que me considero um morto-vivo!!

A solidão do abandono!!

segunda-feira, outubro 15, 2007

Eu existo? Sou alguma coisa? Na verdade eu sou um grande merda. Não tenho importância nenhuma para este universo. Se eu não existisse o universo seria da mesma maneira. Nada mudaria. A minha existência é um terrível engano. Com certeza, Deus, sabe que cometeu um erro e se arrependeu amargamente. Agora, até Ele, reza para eu morrer o mais breve possível. Para limpar o mundo da minha indesejável presença. Não sei o que fazer. Nem coragem para morrer eu tenho. O meu rumo é o litoral perdido do atlântico sul, onde mora a desilução, e os sonhos, antes acalentados, foram despedaçados; só restou mesmo a ausência deste sonho, o buraco que abriu em meu peito e não quer sair de jeito nenhum. Vou para além do mar, além das montanhas, do inconsciente, onde brinco que me movo, mesmo estando perpetuamente parado. Vivo aventuras fantásticas, que só existem no meu subconsciente, fora dele sou um nada. Um nada que é um tudo de sofrimento. Se conseguisse ser um nada em consciência, seria tão feliz, me alegraria, com... o nada... e seria feliz. Mas como sou. Há solução!? Se algum anjo dessese do céu me explicasse porque? Se um santo caísse do céu e me desse as explicações necessária, e me colocasse num caminho qualquer. Se de vez enquanto, Deus dessese de seu pináculo, e fosse socorrer os sofredores. Mas...

O meu caminho é sempre o nada. É este o meu rumo. O tédio me espera a seguir. Vou voando rapidamente nos desfiladeiros descontínuos do céu azul e murmurante, dentro deste meu eu, que para todos, é um não-eu. É o paradoxo do meu ser, que engatinha, num lamaçal feito de cadáveres humanos; e a decomposição que se aproxima todo dia. E a paralisia em vida. A morte que ainda não levou a vida embora, mas já deu todas as suas características essenciais.

Me movo? Existo? Sou alguém para mim mesmo? Dilemas eternos que não cessão nunca, e que atormentam a minha consciência todos os dias. As horas passam com sofreguidão. O relógio corre numa lentidão tão grande. E a hora da minha morte. Quando chegará? Se tivesse um consolo qualquer, para me ocupar enquanto não estou fazendo nada, além de esperar que a morte sepulte este meu corpo que já está morto. A minha iniciativa morreu! O meu desejo de ser feliz morreu! A minha vontade de lutar morreu! O meu amor-próprio, ah, este nunca existiu! A esperança não foi a última a morrer e sim a primeira. Na verdade não posso dizer que nada morreu em mim, porque sou semente ruim, semente que não dá fruto. Verdadeiramente nunca “NASCI”, nasci morto e me esqueceram de enterrar. Os meus sonhos não são sementes que brotão em mi, as pessoas que rodeiam o meu ser não são amizades que vingam e crescem. Sou uma tumba, onde morro, e faço tudo o que está ao meu redor morrer!

Viver! Pra que? É inútil, não tem necessidade, não há esperança... A vida é uma maldição! Uma total inadequação com o todo, e com os vivos. Os, vivos, coitados dos vivos, que precisam aturar, a vida, esta visita indesejada; e que só causa dor, desilusão, frustração, angustias e medos! Não! A vida foi um acidente de percurso na evolução do todo. Mas, é um acidente que dura por uma fração de segundos, pela concepção do universo. E nós logo diremos, tchau!!

A minha alma é uma pilantra. Uma malandra que me passa a perna. Um delírio consciente de continuidade. Logo, este deliro acabo. A morte sepulta todos os delírios, todo o romantismo, que os seres têm em relação a si mesmo, e só resta o pó. Este que um dia Irá desaparecer no todo e nem o seu rastro deixara. E ninguém, consciente ou não, irá pensar: “A vida existiu?”. Não ela não existiu foi um sonho que passou, agora, vivemos plenamente, e eternamente o pesadelo infernal do nada, da total ausência de tudo. Mas é uma ausência tão repleta de completude, de tranqüilidade, como um mar azul sem ondas e sem mar, as ondas da ausência não causam reverberação nem em si e nem no outro.

Solidão. E esta a maior amargura de todas. Estar só. Ter certeza que nós não fazemos parte de algo maior. Ter a certeza que a nossa presença é sempre indesejada. Estar a margem de tudo que é grandioso, feliz... Olhar para a sociedade, para as pessoas, para a natureza, para tudo, e sentir que nada disto te pertence, nada disto está aí para o seu usufruto. Olhar e se sentir só, terrivelmente só, e desconectado, do todo e de si mesmo. Ir se apagando a cada segundo. É um vazio que cresce, e cresce... Você não merece, você não existe, você não é amado, nunca é lembrado, você sente uma dor no peito tão grande, tão lastimosa, tão penosa, e não vê nenhuma outra saída. Os seus dias são puro sofrimento! Não há nada pior do que a ausência de afeto, e tudo que isto acarreta na vida das pessoas. Ser e não ser!! Cresce um abismo infinito em seu ser, e quando você percebe, para os outros, você não existe, talvez nunca existiu. E cai numa tristeza tão profunda. O seu corpo tomba, a sua alma tomba, o seu desejo tomba, tudo tomba... cansaço, é isto que sente. Cansaço, desanimo, desalento... E você, olha o ponteiro do relógio, segundo a segundo, passando com uma lentidão insuportável. E você olha, e não acredita, olha e espera, olha e sente dor, sente ausência, sente, o vazio, o tédio, o nada... E deseja o fim. O FIM!!!

Enterrado VIVO!

domingo, outubro 14, 2007

Se pelo menos eu saisse no final de semana, e não ficasse trancafiado. Quando entro no meu quarto, ou melhor, quando me enterro, fico o tempo todo me torturando, me sentindo, terrivelmente só, terrivemente isolado, e ai, começa a auto-flagelação psicologica. Ficar um segundo no meu quarto é uma tortura sem igual. Se pudesse eu sairia, se não tivesse esta doença maldita... Gostaria que existisse um remédio que eu tomasse na sexta feira à noite e só acordasse na segunda-feira. Para não sentir este terrível sofrimento. Ficar um segundo no meu quarto já é o suficiente para ter certeza absoluta que ninguém gosta de mim, e que sou um inutil, um total fracassado.

O meu quarto é um caixão. Imaginem um caixão. Você está enterrado vivo como eu e por mais esforço que você faça não consegue sair. Luta bravamente, esfola as unhas que saem mais você não desiste, grita e pede socorro mais ninguém te atende. Você está num cubiculo pequeno, tudo está escuro, e é alimentado por uma gota de agua que cai, e o oxigenio entra com dificuldade. Você utiliza todas as suas forças e nada. Chega um momento que tem certeza absoluta que nunca mais vai conseguir sair deste caixão. E vive, uma vida, tediosa, limitada, e espera a morte, porque você não vê nenhuma saida, nenhuma saida.... O meu caixão é o meu quarto, a barreira que me impede de sair são os dramas psicologicos que agitam o meu ser. Na minha concepção de vida não vejo nenhuma solução...

Oração

Deus protege a minha vida!
Me dá esperança!
Sustenta a minha alma!
Mostre-me que a vida pode ser magnífica!
E que eu posso ser Feliz!
E que todas as minhas angustias irão embora!
Me de fé, me de coragem, me ensine a ser uma pessoa completa!
Guie meus passos!
Me proteja de todos os males.
Faça com que os meus objetivos sejam alcançados.
Ilumine a minha alma com a sua luz.
Faça-me ver que eu sou alguém especial,
que posso ter valores,
e não preciso ter medo da minha criação.
Limpe o meu caminho,
apague o meu pessimismo,
que as pedras não sejam obstáculos intransponíveis para a minha consciência.

Faça com que eu confie plenamente em seus designos,
e me sinta protegido,
porque você cuida de meus passos,
e não preciso ter nenhuma preocupações,
pois você sempre estará ao meu lado,
nunca me abandonará.
E eu confiante plenamente em sua proteção,
crie forças para lutar bravamente,
como um herói,
enfrentando forças demoníacas.
E construindo o meu caminho neste planeta.
Faça-me confiar plenamente nas pessoas,
porque até mesmo as más,
são sua criação,
e estão na sua criação,
mesmo que elas desviaram de seu caminho,
ainda fazem parte de ti.

De me o poder que só a sabedoria pode alcançar,
e que a experiência possa alcançar,
não me faça ver distinções.
Faça com que eu vejo o universo como um todo inseparável.
Me mostre que faço parte deste todo.
E que a solidão nunca existiu, e nunca existirá,
porque nunca me separei deste todo,
sempre estive presente no coração do universo,
e de todos os seres...
Não há separação,
tudo é uma coisa só.
Me faça ver tudo isto.
Me faça entender tudo isto.
Cure a minha alma que hoje está inquieta e pedindo por socorro.
Acalme o meu coração.

Que a alma da minha vida se ilumine,
e esta luz,
seja a luz que me transformará,
que encherá o meu coração de amor incessante.

Que a graça de Deus esteja com todos

Um amigo insubstituível!!

Posso ser um emigrado de mim mesmo. Outros enlaçam um afeto, eu incomodo. Uns se dão de corpo e alma numa relação, mesmo que seja numa apaixonante amizade, eu me defendo... Quando penso em abandonar, já fui abandonado... A estratégia de sumir para aparecer, não funciona comigo, pois, para desaparecer, preciso antes aparecer. Serei sempre aquele que era um quase. Um quase amigo, um quase... seja o que for, nunca sou completo, sempre sou um quase e muitas vezes estou por baixo deste quase. Sou grudento, incomodo as pessoas, as pessoas gritam saia daqui, só não me dizem isto na cara pois tem piedade de mim.

É bom ser solitário. É bom construir uma vida inteira na solidão. Alguém pode crescer desta maneira? Sempre me lembro de uma figura mítica chamada Mr. Beem. Ela quase não fala nada, não tem amigos, sempre está sozinho, apronta as piores confusões e sempre está feliz. Gostaria de ter esta independência. De ter esta disposição para ser um ser social, sem precisar se socializar... Não ter vergonha de ser feliz. Mas como sou um fugitivo, um refugiado num campo de concentração... de meu quarto, escuro, e melancólico.

Não sei exatamente qual é a razão de meu problema e porque nasci assim. As vezes acordo olho para o céu, e digo: "Deus porque?", "Porque fui nascer assim?", "Porque comigo?", "Que mal fiz eu as céus, que crime hediondo pratiquei para ter a vida que levo?". Gostaria tanto de ter uma conversa particular com Deus para obter todas as respostas que necessito.

Vive por mais de vinte e cinco anos, com acesos crescente de paranóia. Imaginando o que os outros estão pensando em mim. E achando defeitos cada vez mais terríveis para justificar a minha exclusão social. Com medo de tudo, em estado de pânico... Bastava eu sair de casa para começar a tremer e suar, e todo o corpo ficava tenso, olhava para um lado e para outro, com um medo crescente em meu ser; procurava fazer o que deveria fazer o mais rápido possível e depois voltava para casa. Aliviado, e suspirava, e dizia para mim: "A tortura acabou". Mas ela nunca acabava, porque pelo bem ou pelo mal, um dia o outro era obrigado a sair de casa. Crescia dois seres em mim, um que evitava todo o contato social, com medo da rejeição, do abandono, da frustração, e da humilhação e da violência social; existia um ser que ansiava ardentemente uma amizade verdadeira, um amigo inseparável, insubstiuível, que me acompanhasse para todo o lado, que não me abandonasse nunca, e até mesmo, uma "namorada encantada", que iria suprir todas as minhas carências. Os dois brigavam em meu interior. Sempre foi difícil para mim ser assim, quase impossível, insustentável.

E este medo de fazer algo errado. De ofender as pessoas e elas se afastarem de mim. Como se qualquer erro por menor que seja, eu vou ser proscrito e expulso do paraíso. E vou voltar para o inferno do isolamento, este quarto maldito que habito, ou melhor, que vivo, uma vida morta. Gostaria de ter uma receita eficiente que mudasse a minha vida cem por centro. E eu deixasse de ser esta pessoa que me desagrade. Gostaria de me sentir bem perto das pessoas, me sentido relaxado, e bem disposto, rir e compartilhar... E não tendo nenhuma voz interior me dizendo: "Porque você disse isto?", "Não seja ridículo!", "Isto fosse não pode dizer, todos vão rir de mim!", "Minha nossa senhora, o que dizer agora, como responder, o que falo. Preciso falar algum. Dar um conselho inteligência. Minha nossa senhora, a minha mente está em branco, não consigo verbalizar, não consigo mexer um músculo. Agora vou ser rejeitado porque estou mudo, e não tenho nenhuma história pra contar. O assunto acabou e agora!!!!!!!!!!!!!!"; e outras milhões e milhões de pensamentos que vem a tona quando estou me relacionando com as pessoas.

Me forço a me isolar. Porque entre outras coisas, penso que sou sem graça, e que ninguém gosta de mim, que não dou prazer ao próximo, e além disto, sou um estorvo. "Sai estorvo, sai estorvo, você está me incomodando. Sai daqui seu lixo humano. Você não tem o direito de viver de ser feliz". E isto que a minha consciência ou inconsciente pensa que os outros estão pensando de mim, e para mim é tão real que não consigo fugir deste pavoroso pensamento. E me isolo. Porque a minha presença é insuportável.

Não sei da onde veio todos estes traumas. Lembro que quando eu era criança não queria ir para a escola. E a minha mão me obrigava a ir a escola de qualquer jeito. Eu usava toda a minha força de criança para não ir na escola. Gritava, esperneava, fazia escândalo... nada adiantava. A minha mãe me pegava na marra e me levava, arrastando ao chão e eu chorando sem parar nem por um segundo. Entrando na escola, todos os alunos tiravam sarro de mim, me infernizavam, e eu não parava de chorar nem por um segundo. Briguei muito, muito... Mas chegou a certo ponto que compreendi que não havia solução. Então abaixei a guarda e me submeti. Para que as humilhação parassem me isolei, parei de falar fiquei completamente mudo. E "matei" intelectualmente a minha mãe, a partir daquele momento eu era um órfão. O meu pai nunca existiu para mim, nunca me deu afeto, vivia bêbado, e eu fugia dele como o diabo foge da cruz. Não podia falar na escola, pois se fizesse isto seria humilhado, e perdi totalmente a confiança nos meus pais, porque eles não me ajudei no momento que mais precisei. Passei toda a minha vida escolar, do primeiro ano, até a oitava série mudo, mudo... Sem amigos, sem namorada, e sofrendo... E os meus pais, não fizeram nada pra me ajudar. Só fui internado no Hospital Dia porque uma prima minha falou com minha mãe, se dependesse da minha mãe ficaria a vida inteira trancado no me quarto. E para ela eu sou normal, e a minha maneira de ser, para ela, eu não sou um doente e não estou sofrendo amargamente. Ela nunca lutou por mim, nunca procurou médicos para saber que doença tenho, nunca questionou, ela sempre me ignorou, desde criança e até hoje. E eu, não quero ter nenhuma relação com os meus familiares. É uma dor insuportável ter que viver no mesmo teto que eles. Só de meu pai chegar próximo de mim, já me percorre uma onda de medo, de ódio, de nojo... É é deprimente viver na minha casa. E deprimente viver na minha casa, sentindo o que sinto pelos meus pais. Para não ter nenhum relacionamento com eles preciso me isolar no quarto, e fugir deles, e quando eles aparecem no mesmo recinto que eu, já começo a passar mal. Viver assim é insuportável. Mas eu preciso viver não há nenhuma outra saída.

Vivo numa cadeia, numa prisão. Não consigo me mover. Mal consigo respirar. É um cárcere psicológico. Quando quero sair deste mundo, vem a angustia, a tensão, o medo, o pânico, a ansiedade antecipatória, a ansiedade de desempenho, o medo de ser excluído e desprezado... E a certeza absoluta, em meu ser que ninguém nunca vai me amar. Que ninguém nunca vai querer a minha presença pra nada. E tudo isto, é culpa, do abandono, que tive quando era criança, e do meu isolamento. Porque os meus pais nunca souberam me dar uma gota de amor, por mais minúscula que seja, e eu vivi, e cresci, sem receber uma gota de amor. E agora o que me transformei?

Criança Birrenta e Imatura

Eu sei que sou um bebe chorão, que não tem nada melhor do que fazer além de reclamar da vida. Talvez seja imaturo e egoísta, e outros coisas a mais, mas o que posso fazer!? Algumas coisas que eu digo pode até magoar muitas pessoas, mas o que fazer!? Fingir que não está acontecendo comigo. Fingir que dentro de mim não há emoção e nem dor. Engolir em seco os sapos da vida, e as mágoas, prefiro me revelar. Todas as minhas dores. Que não é culpa de uma pessoa só, ou, é culpa somente de mim, pode ser culpa, do universo, da sociedade, de tudo o que aconteceu na minha vida e do que não aconteceu na minha vida. E o que fazer!? Me censurar, fingir que a dor que existe em mim não dói. Não estou condenando ninguém, somente a mim mesmo. Preciso, por horas, quando não suporto mais o sofrimento, falar, sem me incomodar com o que os outros irão pensar. Pelo menos, no meu Blog, acho que tenho este direito mínimo. Para não acumular em meu peito uma carga tão grande de sofrimento, que nem eu, que consigo suportar doses maciças de sofrimento, irá aguentar. Enfim, preciso me revelar, me expor, tirar o que arde em meu coração... não importa o que os outros vão pensar ou deixar de pensar. Pelo menos uma vez na vida preciso ser eu mesmo!

E se sou imaturo. Com certeza, sou... Como uma pessoa que ficou dez anos isolados, em falar uma palavra pode entender as relações humanas, já, que pessoas que praticam esta arte deste o seu nascimento não entendem. Eu que fiquei mais de dez anos isolados sem falar nada, talvez até vinte anos ou vinte cinco. Sofrendo no canto de mim, no breu do meu inconsciente. Como posso entender o outro? Para isto é necessário muito treino. Não sei se as pessoas deveriam lidar comigo como se eu fosse um adulto de trinta e três anos, ou, uma criança de dez; já que uma criança de dez teve experiências, um acumulo de experiências sociais que eu não tive. Gostaria que as pessoas que gostam de mim tivessem paciência com a minha ignorancia social, e peço desculpa por tudo de mal que possa dizer. Talvez seja uma criancinha, mimada, birrenta, ciumenta, egoísta, que não sabe compreender o amor e nem respeitar o outro. E para ter esta noção preciso, antes de tudo CONVIVER. Não há outra solução para mim. Ou, me tranco no meu mundo fechado, tentando evitar a mágoa, de não ser amado, de não poder agir corretamente em sociedade, e a frustração, de não conseguir ser como gostaria de ser, pois a Fobia Social me impede.

Os outros tem solução, eu não!!

Os outros tem solução, eu não! Os outros tem perna para andar, eu não tenho perna alguma. Tenho um cérebro, mas é o mesmo que não ter, só o uso para me torturar. Os outros vem um horizonte descampado, maravilhoso se estendendo em todas as direção. Amam a liberdade. São a própria liberdade. Riem, dão gargalhada, pulam, e se divertem. Eu, o que sou, além de um quarto, limitado, limitante, vendo as paisagem pelo lado de fora, lado de fora se si mesmo, um quarto minúsculo, que mal posso me mover, e tudo que vejo, é um céu, e algumas plantinhas, tão pequenas, e um céu, prisioneiro, com grades que mal posso ver as nuvens voando, e que a visão é prejudicada por um poste, e fios, e outras coisinhas a mais. Os outros, tem um panorama, a perder de vista, viajam, vêem cachoeiras, não tem limites, brincam na natureza, se encanta, com o cantar do pássaro, no verdejante mundo da esperança. São livres, libertos, são alegres. Voão alto, bem alto, no pináculo mais distante do céu. Não tem medo de serem o que são. Riem, dão gargalhada, sem o medo de parecerem ridículo, sem o medo de sua voz incomodar o outro. E eu, tenho passos discreto. Ando com cautela, para não incomodar, para não chamar atenção, quando rio não faço barulho, quando falo, falo baixinho, quando existo ninguém me nota, ninguém me vê. Sou invisível. Sumi de mim mesmo, desapareci... Quem sou eu!? Quem é este ser repugnante chamado Cesar Malardo. Quem é ele!? Eu nunca me vi, nunca me enxerguei, nunca nem sequer disse: "EU EXISTO!!", "EU SOU!!".

Não vou ver o sol lá no horizonte despertando, ou se pondo. Não vou ver estrelas, verdadeiras, ao céu, no alto, como quando era criança e poderia ver milhares de estrelas e sonhar. Não vou sentir o aroma do ar ao amanhecer, num recanto da natureza selvagem, onde morava o meu coração. Não vou sentir o aroma do entardecer, o anoitecer, e os barulhos da natureza, adormecendo, ou para outros animais, acordando. E aquele sereno, aquele recanto calmo e tranqüilo. Não nada disto é para mim. Nem o mar que bate e volta, e sorri, com as suas ondas, num horizonte a perder de vista. Isto não me pertence. O que me pertence. É este quarto lúgubre, triste, que é um cemitério, cheio de ossadas, e cadáveres, de traumas anteriores, a qual preciso viver, a qual preciso conviver. O meu mundo, o meu universo, extremamente limitado. Um asqueroso cemitério, morto, e que me faz amanhecer cada vez mais morto, mais morto....

Os outros tem solução tem vida própria. Tem pernas para andar. Boca para falar, para reclamar, para exigir, lágrimas para chorar, corpo para tremer, eles tem tudo... Não conseguem tudo o que querem, mas conseguem tudo o que precisam, nem o que precisam, mas pelo menos correm atrás. Vão em rumo aos seus sonhos. Enche o peito de inspiração e coragem e dizem: "Eu vou". E vão. Para onde eu vou. Pra lugar nenhum. Para o meu refugio secreto. Dentro de peito, há um cemitério, onde acalento, os meus sonhos que não tenho coragem para realizar, os meus ideais, muito bem sepultados, tudo o que eu necessitaria para viver e ser feliz está dentro de mim, somente como uma imagem, um cadáver, para me lembrar do que gostaria de ter e nunca vou ter, apenas para me torturar. Um cadáver que apodrece dia a dia, e eu, apodreço junto com ele. E dai que brota o meu lodo, o pessimismo que ninguém entende, ninguém, o pessimismo que só eu entendo, que só eu sinto. O asco, a repugnância de ser o que sou, e o nojo de ser o que sou. Se não tivesse tantos sonhos a acalentar, tantos desejos a saciar, poderia, fingir que sou feliz. Mas não consigo disfarçar, nem para mim mesmo. O que me resta então?

Os outros tem amigos eternos e sinceros. Um ponto a se apoiar quando tudo vai mal. Ou, para se alegrar quando tudo vai bem. Não estão sós. Não estão desamparados. Tem alguém para quem voltar. Alguém para achar quando tudo falhar, tem uma pará-quedas sobressalente; quando estou triste, desamparado, quem procurar, a quem recorrer!! Não há!? Há em mim uma boca que queria falar mais não fala, pernas que anseiam correr mais não correm, há desilusões bastante para frear todos os meus anseios de vida. Sou aquele que não é, e que não tem! Estou sozinho, num quarto escuro, esperando as luzes se apagarem definitivamente, para por fim a minha agonia, ao meu sofrimento.

Não me esqueça num canto qualquer

Não sei se existo fora de mim, com certeza, só existo em mim mesmo. Fora de mim sou um nada. Um nada que sofre como se fosse tudo. E a ausência deste tudo me faz tão falta, que nem mesmo o nada que sou consigo ser. Se o tudo fora de mim, não me incomodasse, não me criasse tantas expectativas, e esperanças frustradas, se este tudo não me fizesse querer ter este "tudo" e eu me satisfizesse-me com este "nada" que eu sou, se fosse, eternamente feliz sendo este nada, e o tudo, lá fora, não me criasse tantos desejos insatisfeitos que nunca poderão ser plenamente saciados, então, só assim eu seria totalmente feliz. Mas como não posso, como não consigo.... resta-me o pesar diário, e as velhas mágoas acalentadas, e tudo aquilo que os meus olhos colocaram a sua visão e desejaram, e eu sofro por não ter, por não ser... Se os meus olhos deixassem de ver, de querer, e eu me satisfizesse com este meu universo interior barato, pequeno e ridículo, se este nada, que habita em meu ser, fosse um tudo, que acalmasse o meu coração que chora por que não é; sofro de carência afetiva mórbida e crônica. Quem não vem de hoje, e nem surgiu ontem, mas que começou quando freqüentava o prezinho. Quando me olho no prezinho, vejo um garotinho triste, acanhado, pregado na parede, olhando as crianças brincar, com mil risos multicoloridos, e eu colado na parede sem coragem de sair, e querendo sair, chorando por dentro, com uma lacuna tão grande, um meninho inseguro que ninguém entendia, e que hoje se transformou, infelizmente no que sou.

Só peço a você um favor
Se puder
Não me esqueça num canto qualquer

Não há solução para esta dor. Não sei quantas caras eu tenho. Ter "caras", não significa ser mentiroso, hipócrita, ter "caras" significa criar uma situação, muitas vezes inconsciente, que nós nem nos apercebemos para conquistar algo que é essencial a nossa sobrevivência e para obter é necessário ser um outro ser, um outro eu, que nunca deixará de ser o que somos, e sempre seremos. Tenho uma cara que precisa ser "eternamente carente", porque devido a visão de insignificância que eu tenho de mim mesmo, e diante do meu complexo eterno de inferioridade, não consigo ver nenhuma outra maneira de conquistar alguém, ou de ter uma amizade, se não for pela piedade. Se sentirem dó de mim, talvez as pessoas gostem um pouquinho de mim e me de um pouquinho de atenção, e eu ficarei um pouquinho feliz; eu sei que isto não é o correto. Eu deveria ser um "SUPER". Este "SUPER", só consigo ser, quando o tablado se veja, e as cortinas se abaixam, e na solidão erma e negra, idolatro um ser "onipotente". Que é um delirio consciente de minhas ambições que não consigo externar. Mas que em meu subconsciente, em meu interior utópico e delirante ganha forma e se torna um "ser superior". Lembro de um desenho animado que ilustra mais ou menos isto. Era assim. Existia um sapo, um sapo feinho e sem nenhuma qualidades, então uma pessoa encontra este sapo escondido, num lugar escuro. Então, o sapinho sem graça, pega um cartola e uma bengala e começa a dançar e a cantar maravilhosamente bem. E o homem fica espantadíssimo, com a exibição do sapo. E pensa vou ficar rico. E organiza um grande espetaculo. Coloca cartazes por toda a cidade, dizendo: "Venha ver a exibição do grande sapo cantor". E todos vão ao teatro, morrendo de curiosidade. Então a cortina do teatro sobe, e surge o sapo, caido molemente ao chão, coachando como um sapo normal, sem nenhum atrativo. O homem fica desesperado e faz de tudo pro sapo dar o seu espetaculo. Tudo em vão. Todos os espectadores vão embora, vaiando o sapo e o homem que lhe prometeu um espetaculo incrivel, miraculoso. Quando todos desaparecem, e o teatro fica vazio, só o homem e o sapo; então o sapo se levanta e começa a cantar e a dançar maravilhosamente bem. E é exatamente assim que me sinto. Quando estou sozinho, sem tensão, sem nervosismo, sem encucar, sem as preocupações, a a ansiedade e a angustia; quando fecho-no no meu quarto e ninguém para me ver, começa o meu "espetaculo". Ai sou um rei, um "SUPER-HOMEM", com todas as qualidades, e com toda a sabedoria, tenho um milhão de assunto, um milhão de interesse, sou alegre e comunicativo, comigo mesmo, se é que alguém pode ser comunicativo consigo mesmo. Faço uma grande revolução um grande espetaculo, fantástico, com humor, tristeza, melancolia, aventura, drama, tragédia, um grande filme que tem todas os elementos necessário para ser uma obra monumental, cheio de inteligência, bons ideais, sensibilidade, filosofia, um figurino soberbo, uma história envolvente, enfim, tudo... Mas isto só ocorre no meu quarto, ou, no meu interior, onde ninguém pode ver só eu. Não mostro pra ninguém por medo do ridículo, do escárnio, da humilhação, da incompreensão... Quando o palco se abre, e eu estou no meio do publico, do espectador, e as pessoas estão me olhando, me transformo num ridículo sapo, feio, gordo, e desengonçado, que as vezes coacha e chama este coacho de voz. E é exatamente assim que sou. Não há pior tristeza no mundo do que não se assumir, do que se esconder de si mesmo, de não ter coragem de expressar seus desejos, suas vontades, seus ideais; e calar, e ouvir, e não participar, ficar ao lado, ao leu, na margem esquerda do coração de todos, como diz a música. "Não me esqueça num canto qualquer"

Há outras caras em mim, além daquele que chora por amor, e se faz de coitadinho o tempo todo, e daquele, que é um antídoto para o primeiro, o "SUPER-HOMEM", o herói, que a antitese do primeira, feito para contrabalancear o eterno desequilíbrio do meu ser. Há uma cara, um ser que me olha, me vigia, em meu interior. Este é o sargento-mor, um tirano cruel e sanguinário, perfeccionista ao extremo, mandão, exigente, para ele nada está suficientemente bom, e se faço um erro, por mais insignificante que seja, ele me condena, ele me trancafia num quarto escuro, e me tortura, atraves, de criticas, e palavras rudes que destroi a minha alma, e é de tal jeito violento, que caio na cama, exausto, chorando, depressivo, me considerando o pior ser do universo, cansado, remoido, um caco, melancolico, querendo por fim a minha vida, e esta é a minha vivencia deste personagem em meu interior. Depois, há um santo que é um reflexo do coitadinho, que diz: "Sofro mesmo, mais vou alcançar a salvação no final". É o eterno mártir, o Cristo, que sofre e que vê uma salvação, num outro plano. Há também o nada, o zero, um ser que surge só quando estou na rua, no meio da multidão e não estou ninguém quando estou solitário, e um espelho de como acho que os outros estão me vendo, como um nada, um zero... Me dá uma estranheza no ser, um sentimento grandioso de despersonalização, como se em meu ser houvesse um vácuo enorme, um vácuo doloroso, extremamente doloroso. Há outro seres em mim. Sempre um tentando contrabalancear o outro. Peco sempre pelo extremo. Em meu interior, ninguém vê isto, só eu, há duas correntes furiosas que se chocam, e eu estou no meio deste choque sendo castigado eternamente pelos dois lados; e eu, no meio destas correntes, fico perdido, as vezes vou pra um lado, depois pra outro, mas nunca saio do mesmo lugar, nuca progrido, não consigo nunca estabilizar este meu ser turbulento...

Ser não há fuga de seu cárcere, não há fuga para o ato de pensar, o ato de ser; devemos, infelizmente, nos suportar, nos aturar, uma pessoa chata, nos isolamos, nos criamos uma estratégia para nós livrar dela; em nós, não há como escapar, temos que nos suportar, com todos os nossos sofrimento, dores, e inabilidade em se relacionar com o outro e principalmente conosco mesmo. Se pudéssemos fugir, se pudéssemos nos concertar instantaneamente, como num passe de mágico. A vida é uma experiência torturante, para quem não sabe viver, para todos aqueles que não sabem se compreender, para todos aqueles, que por um motivo ou outro, não consegue se relacionar com o outro com tranqüilidade, calma e contemplação, para todos que estar na presença do outro é uma torturante sessão de angustia, medo, insegurança, tensão, inquietações, mil preocupações. Que sempre se resume em: "Sou amado, serei aceito, incondicionalmente!?"

Raindrops Keep Falling On My Head (tradução)

Raindrops Keep Falling On My Head (tradução)
B.J. Thomas

Composição: Burt Bacharach / Hal David

Gotas De Chuva Continuam Caindo Em Minha Cabeça

Gotas de chuva estão caindo em minha cabeça
e que nem o sujeito cujos pés são muito grande para sua cama,
nada parece se ajustar.
Esses pingos de chuva estão caindo em minha cabeça,
eles continuam caindo

Então eu bati um papo com o Sol,
e falei que não gostava do modo que ele fazia as coisas,
dormindo no trabalho.
Esses pingos de chuva estão caindo em minha cabeça,
eles continuam caindo.

Mas há uma coisa, eu sei
a tristeza que eles me enviaram não me derrotará.
Não vai demorar muito prá felicidade me encontrar

Pingos de chuva continuam caindo em minha cabeça
mas isso não significa meus olhos logo ficarão vermelhos.
Eu não sou de chorar, porque
eu nunca vou parar a chuva reclamando.
Porque eu sou livre, nada está me preocupando.

Não vai demorar muito prá felicidade me encontrar

Pingos de chuva continuam caindo em minha cabeça
mas isso não significa meus olhos logo ficarão vermelhos
Eu não sou de chorar, porque
eu nunca vou parar a chuva reclamando.
Porque eu sou livre, nada está me preocupando.
porque eu sou livre
Nada está me preocupando

Qual é o valor do ser humano?

Qual é o valor do ser humano? Qual é o valor dele no coração das pessoas? E na concepção do universo, e para si mesmos, qual é o valor? Uma pessoa é mais importante do que as outras? Nós somos importante para nós mesmo, quando não conseguimos ver nenhum valor em nós, quando não temos nenhum amigo e vivemos na mais negra e opressiva solidão, e não conseguimos realizar nada de bom, nada de importante. Os seres vivos são iguais em importância e em qualidades? Não sei bem responder estas perguntas. Só sei que na maior parte do tempo, e na maior parte da minha vida solitária, trancado no meu quarto, devido a minha doença, Transtorno de Ansiedade Social. Sempre me senti um nada, um nada tão grande que pela sua magnitude poderia ter um valor assombroso. Foram anos, e ainda são anos de opressão, de dor no peito, e uma inquietude sem igual. Me ver sozinho. Sem ninguém para me amar, sem ninguém para cuidar de mim. E foi assim desde que eu era criança. E precisei me isolar para me livrar das humilhações, das gargalhadas... Li uma poesia que dizia: "A criança que convive com o ridículo, aprende a ser tímida". E eu vivi este ridículo sozinho e agora aprendi de tal maneira a ser tímido que não consigo ser qualquer outra coisa além de TÍMIDO. O texto continua: "A criança que convive com a vergonha, aprende a ser culpada". E eu mais uma vez, quando criança, e por toda a minha vida, aprendi a ter vergonha de mim e de meus sentimentos e de meus ideais e de meus desejos, e sufoquei tudo isto, e agora só me resta a culpa que eu vou carregar pelo resto da minha vida. Depois a poesia diz:"A criança que convive com estímulos, aprende a ter autoconfiança". Certamente não tive nenhum estimulo enquanto criança e agora tenho complexo de inferioridade, tal a minha autoconfiança foi abalada, não acredito em mim, por isto, sou pessimista... O texto continua dizendo: "A criança que convive com o elogios, aprende a se valorizar". E mais uma vez, por ausência de afeto, não consigo ver nenhum valor na minha vida. "A criança que convive com a segurança, aprende a ter fé". Nunca tive nenhum tipo de segurança, muito pelo contrário, sempre fui inseguro, assustado, fugindo do mundo, desde criançinha, e a minha fé é zero. Alguém acha que eu tenho fé que algum dia vou arranjar uma namorada? Ou que vou ser uma pessoa normal? Ou que vou realizar algo de importante na vida? Ou que vou conseguir uma amiga que me ama verdadeiramente, e que pra ela eu seja insubstituível. Definitivamente não tenho nenhuma fé."A criança que convive com a aprovação, aprende a gostar de si mesma". Aprovação!? Algo que nunca tive enquanto criança, só tive "reprovações". E hoje não consigo me amar, não consigo ver nada de importante em mim... "A criança que convive com aceitação e amizade, aprende a encontrar o mundo". Nunca na minha vida tive amizades. Na verdade, tinha uns conhecidos, que me suportavam, por pura piedade, mas ai, eu me isolei, porque não suportava mais esta situação. Quando criança nunca consegui ter um amigo que durasse, e na realidade, eram mais amigos do meu irmão do que meu. Nunca fui aceito. Sempre fui humilhado e excluído, e agora posso encontrar o amor no mundo?

Penso no valor do ser humano, além do mundo, além das aparências, talvez, numa utópica outra dimensão. E talvez exista um Deus que me ame incondicionalmente, como nunca nenhum ser humano me amou. E pode dar o amor e os cuidados, e a segurança que eu sempre precisei ter. E me inclua em todas as suas ações, porque eu faço parte do universo, e sem mim, o universo não funcionaria corretamente... E que me ofereça tudo que eu necessite para ser um individuo completo. Porque como estou, como sou, não consigo ser nem metade, nem um terço, nem um milionésimo de um ser completo. Sou tão pequeno, sou tão nulo. E o pior e sentir esta sensação dentro de si. Sentir este nada, que dói mais do que tudo nesta vida. É um nada tão completo de sofrimento, é um nada que é um tudo de sofrimento. Nada pela rua e sentir que os outros estão me considerando um nada, sentido isto dentro de mim, como se existisse um outro eu no meu interior que me vê e cuida de sentir este nada. Que é a somatória de todas as minhas decepções e frustrações, de tudo que eu queria realizar e não realizei, de tudo que eu busquei na vida e não alcancei, de coisas tão simples que até uma criança de cinco anos consegue obter com facilidade espantosa. E eu, nada, sempre nada.... É uma tortura tão grande. E eu só vejo duas opções, suportar este sofrimento insuportável até o fim da minha vida mesquinha, minúscula, ou, me suicidar para por fim a este terrível sofrimento.

Ai, eu me pergunto de novo. Pra que a vida? Qual é o objetivo disto tudo? Tem algum significado além da vida? Além desta vida miserável que eu estou vivendo. Há algum valor em tudo isto, um valor minúsculo que seja. Qual é a minha função no universo? Existe um Deus qualquer? Se pelo menos, tivesse alguém que me amasse cem por cento... Pra dividir o meu sofrimento, para alegrar o meu dia a dia solitário, para me fazer crescer, para ver o mundo com olhos novos, para dar para mim tudo o que me faltou quando criança. Mas não há... Não há... Para conseguir tudo isto preciso pagar, preciso pagar.... Preciso ser um "entretenimento pessoal". Se as pessoas não se divertirem ao meu lado, se elas não darem gargalhadas infinitas, e se eu não puder consola-las quando estiverem tristes, enfim, a lista de pagamento é infinita, é infinita, e nunca vou conseguir dar a um outro ser humano algo que falta em mim, que eu nunca tive, que eu nunca pude compreender e realizar, não tenho nenhum modelo para seguir, só a mim mesmo. Por isto, só me resta a solidão até o fim miserável de meus dias de sofrimento. Desta vida sem sentido, sem prazer, sem aventura, sem risos, sem realizações, uma vida que é um nada... uma nada.... um nada... Só me resta chorar, chorar, chora... até me diluir em água! CHORAR!!!!