O sonho do quase ser

sábado, fevereiro 24, 2007

Um dia tive um sonho. Um sonho onde era real. Quando acordei percebi que estava enganado. E voltei a dormir. Dormindo continuei insistentemente a sonhar que era real. Inconformado voltei a acordar... e tudo mudou.

Definitivamente não era real. Não queria mais dormir. Preferia ficar acordado. Mesmo que isto signifique a revelação. Ao dormir se esquece quem se é e é tomado por um outro ser. Um ser mais real e verdadeiro que nós mesmos. Tal revelação me deixou desnorteado e intrigado. Não saber quem se é, desconfiar; não ter um elo com o real. E se desmistificar... Nós somos uma invenção de nós mesmos, ou algo em paralelo, que co-habita em nós. Um quase ser... Que acordado esquece a sua existência e quando dorme volta a existir. É um enigma irresoluto. Que não se resolve por si mesma. Precisa... de uma peça externa. E esta peça pode ser um Deus qualquer. Tomado de pavor. Levantei-me semi atordoado. Tentando captar alguma sombra de luz que pudesse indicar um caminho. Sou um sonho. Um simples sonho desperto. É um acinte a minha existência. Tão fatídica e pouco produtiva... Cansado de pensar. E num torpor que antecipa a morte. Não tive escolha. Voltei a dormir. E dormindo tive um sonho. Neste sonho além de ser real também estava vivo. Fiquei radiante. Finalmente a vida voltara. A minha vida era formosa e bela, tinha até mesmo um corpo... não sei se era de homem ou mulher. Mas era um corpo forte e vigoroso. Tenho até mesmo uma personalidade. Enfim eu era alguém. Emoções percorriam o meu corpo, a sensação de estar vivo é fantástica. As “coisas” interagem conosco. O vento, o sol, o solo... A natureza evidencia a minha existência. Eu não estou aqui dentro, estou mais lá fora. A alegria foi intensa, porém, de repente acordei. E tive que enfrentar a dura realidade. Estava morto, mas a minha vida não se extinguiu completamente...

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