Cartas para o invisível de um suicida plenamente convencido

sábado, maio 26, 2007

Sei que a vida é parcialmente ruim, ou melhor dizendo é tremendamente pavorosa, e em meio a tudo isto, a minha vida esta entidade morta, sucumbindo ao peso do próprio fracasso, no paradoxal e irreprimível mundo... E pelo próprio ostracismo a qual a minha vida esta inserida resolvi colocar definitivamente um ponto final a todo o meu sofrimento... Oh, mundo cruel, todos dizem isto, no momento que resolvem se matar, mas comigo será diferente, pois não só matarei a minha vida, matarei toda a distinção que se faz entre a vida e a morte. Sei que sou fraco e não tenho nada a perder... alguns vivem e amam a vida, eles se enquadram e não se sentem “isolados”, nem deslocados de si mesmos, cultivando um vazio e um sentimento de total impotência diante de toda a luta injusta que a vida propõem... Não é uma condição real de sublimação, mas uma visão particularmente subjetiva do que metaforicamente se chama de realidade. Há em mim, desde o nascimento, um sentimento de insuficiência plenamente realizado, uma incapacidade de gerir a minha própria vida, uma força que amalga e mobiliza uma entidade que assumiu a sua própria realização... algo a qual estou a anos luz da sua realização. Por ser detentor de uma vida que apodrece por falta de utilização, e por não ter disposição nem de caráter e morar; apesar de estar vivo e viver como se estivesse morto, resolvi entregar esta entidade, e que não tem nenhuma serventia para mim, de volta para o criador; que ele faça dela o uso que a minha covardia nunca pode fazer.

Quando se tem uma visão negativa da vida inserida a si de forma absoluta, onde não há nenhuma outra opção, quando a luz parou de brilhar e só há espaço para a escuridão; o pessimismo é uma fonte inesgotável de desespero, um estado de espírito que mobiliza as forças mais sinistras e destrutíveis, esta força contamina as entranhas mais profundas da alma e corrompe toda a visão do mundo, não deixando outra escolha... A solução final e irremediável não pode ser adiada nem por um segundo.

O pior dos pesadelos e acordar e perceber que se esta vivo... Qual é o valor da minha vida? Para o universo, diante da minha total insignificância, qual é o valor que ele atribuiu a minha vida? Diante dos bilhões de pessoas, com seus valores e aptidões e sua luta valorosa para se manter, qual é o valor da minha vida mal vivida? Se a minha vida acabar vai ocorrer alguma modificação no universo? Qual é o valor que a vida tem além de si mesma!? Qual é a minha colocação no coração das pessoas? Tenho algum valor para a sociedade? Enfim... Qual é exatamente o valor da minha vida, e porque manté-la viva!!!? E qual é o significado da vida além de existir por um brevíssimo tempo, e depois... descontinuidade. Não há uma certeza definitiva, nem para frente nem para trás, somente um angustiante campo de incertezas, onde a certeza mais verdadeira é a consumação da morte. Esta inimiga traiçoeira que sempre vence a guerra, e porque não desistir da batalha antes... já que é inútil lutar. No máximo deixamos uma marca tênue, no mundo, na sociedade, no coração das pessoas, que logo se dissipara, e a nossa existência terá sido em vão... resumidamente do nada para o nada, com uma passagem rapidíssima por uma existência efêmera e irreal. E eu pergunto abismado pra que insistir? Os vivos estão correndo contra a maré da entropia. É melhor morrer... Então, paremos de nos iludir, e esperar uma réstia de prazer e emoção não vivida, abrassemos com convicção a morte... Não de valor a aquilo que não tem nenhum valor, não se iluda, o otimismo é uma faceta pessimista, uma visão distorcida da realidade, uma lente colorida para ver uma realidade negra e opressiva... ser otimista e iludir-se, o pessimista consegue entender a realidade da vida com exatidão. Pare de sofrer e morra, para de se iludir e morra, pare de conjugar valores e significados para vida (você não vai encontrar nenhum verdadeiro, desista desta busca inútil) e morra, pare de amar (o amor só irá lhe trazer sofrimento, falsas expectativas, dependências, perdera a soberania e se transformara num fantoche obcecado, o amor é uma obsessão demoníaca) e morra, pare com tudo isto que são tolices inúteis e morra... não há outro caminho concebível, nenhuma outra saída, nenhuma outra opção... não há... não há... O único caminho que existe é a morte, fixe nesta idéia obsessivamente e morra.

PS. Se você não for EU, nunca, nunca siga os meus conselhos, nunca... Eles são todos inúteis, e só servem unicamente para mim!!!

Suicídio

sábado, maio 19, 2007

O termo suicídio foi utilizado pela primeira vez em 1737 por Desfontaines. O significado tem origem no latim, na junção das palavras sui (si mesmo) e caederes (ação de matar). Esta conotação especifica a morte intencional ou auto-infligida. Num aspecto geral, o suicídio é um ato voluntário por qual um indivíduo possui a intenção e provoca a própria morte. Pode ser realizado através de atos (tiro, envenenamento ou enforcamento) ou por omissão (recusa em alimentar-se, por exemplo). Em medicina, classicamente, era considerado uma atitude covarde de uma pessoa fraca que diante dos problemas da vida escolhia fugir de forma drástica em vez de enfrentá-los. Hoje, a medicina entende o suicídio dentro de um contexto absolutamente diverso. Sabemos que o cérebro funciona às custas de uma série de substâncias químicas que são liberadas para integrar os circuitos de neurônios chamadas neurotransmissores e que têm importância muito grande no ato final do suicídio.

Tudo que antes considerava um problema simples e que parece insignificante para os outros, passa a assumir dimensões catastróficas para ele. Sentindo-se sem saída, pode buscar a mais difícil de todas: o suicídio.

Esse adolescente precisa saber o que está ocorrendo nos neurotransmissores de seu cérebro. Assim, não optará por uma solução que o fará abrir mão de sua vida, de seus desejos e aspirações, daquilo que queria para o futuro, das pessoas de quem gosta. Sabe-se hoje que, na grande maioria dos casos, o suicida tem uma percepção patologicamente falsa do mundo e dos valores, tal como um míope veria desfocada a realidade. Há inúmeros estados emocionais que limitam e distorcem a percepção da realidade, subtraindo da pessoa a devida liberdade, que os sadios têm, de considerar as condições de existência com a devida sensatez. O Transtorno Dismórfico Corporal, muito comum em adolescentes, diz respeito à preocupação exagerada com um defeito inexistente ou ligeiro na aparência. A Personalidade Borderline segundo o DSM.IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais) é caracterizada por um padrão comportamental de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na auto-imagem e nos afetos. Há uma acentuada impulsividade, a qual começa no início da idade adulta e persiste indefinidamente.

O paciente Borderline freqüentemente se queixa de sentimentos crônicos de vazio. Há sempre uma propensão a se envolver em relaciona-mentos intensos mas instáveis, os quais podem causar nessas pessoas, repetidas crises emocionais. A CID.10 diz ainda que esses pacientes se esforçam excessivamente para evitar o abandono, podendo haver quanto a isso, uma série de ameaças de suicídio ou atos de auto-lesão. O suicídio concreto, quando acontece em portadores de Personalidade Borderline, geralmente se dá por engano, ou seja, quando sua auto-mutilação ou teatralidade não foi bem planejada ou fugiu ao seu controle.

Segundo o autor italiano Cesare Pavese (1908-1950), o suicídio pode ser compreendido como uma solução falida e mal adaptada de uma crise provocada pelo estresse real em uma pessoa psiquiatricamente predisposta. Esta descrição é retirada da própria biografia de Pavese, o qual cometeu suicídio no pico de sua carreira mas, segundo seu diário, vinha refletindo sobre isso por muitos anos antes (Scherbaum, 1997).

Não só o adolescente, mas também os adultos, às vezes, falam que vão se matar só para chamar atenção. Eu insisto, porém, que se querem chamar a atenção, algo está errado com eles. Talvez seja uma comunicação feita de modo enviesado, meio torto, mas é uma comunicação. A criança que faz birra e joga a comida no chão também não encontrou a fórmula adequada para chamar a atenção da mãe, mas é preciso descobrir o que explica seu comportamento. Se o objetivo da ameaça é só manipular o ambiente, o indicado é procurar a ajuda de um psicólogo ou de um psiquiatra para estabelecer uma estratégia de abordagem do problema.

Há uma frase célebre sobre o tema do filósofo Albert Camus: "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder à uma pergunta fundamental da filosofia"

O psiquiatra americano Karl Menninger elaborou sua teoria baseando-se nas idéias de Freud. Ele sugeriu que todos os suicidas tem três dimensões inconscientes e interrelacionadas: vingança/ódio (desejo de matar); depressão/desespero (desejo de morrer); culpa/pecado (desejo de ser morto).

Socialmente o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas (desorganizadas) em que os indivíduos se vêem forçados a tirar a própria vida para evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis. Para Émile Durkheim, a causa do suicídio só pode ser sociológica. Em seu estudo caracterizou três tipos de suicidas:

a) suicida egoísta. A pessoa se mata para não sofrer mais;

b) suicida altruísta. A pessoa se mata para não dar trabalho aos outros (geralmente pessoas de idade);

c) suicida anômico. A pessoa se mata por causa dos desequilíbrios de ordem econômica e social. Exemplo: a Revolução Industrial, tirando empregos de algumas pessoas, estimulou-lhes o suicídio. (Enciclopédia Encarta)


Geralmente o suicídio não pode ser previsto, mas existem alguns indicadores de risco:


Qualquer distúrbio (Depressão, Ansiedade, Psicose, etc.) mais os seguintes fatores aumentam o risco: isolamento social, falta de amigos, não ser casado, não morar com uma outra pessoa, não ter filhos, não ser religioso.

O provérbio "cão que ladra não morde" não existe em suicídio. Pelo contrário, 90% de quem tenta, avisou antes.

Disponibilidade de meios para o suicídio.

Idéias de suicídio abertamente faladas.

Preparação de um testamento.

Luto pela perda de alguém próximo.

História de suicídio na família.

Pessimismo ou falta de esperança.


Suicídios no mundo:

No mundo suicidam-se diariamente 2000 pessoas.*

Nos Estados Unidos são 30.000 suicídios por ano (quase 100 por dia).

No geral, 7% dos suicidas sofrem de dependência alcoólica.

Aproximadamente 90% de quem tenta, avisa antes.

Em torno de 70% dos suicídios ocorrem em decorrência de uma fase depressiva.

Quem já fez uma tentativa, tem 30% mais chances de repetir do que quem nunca tentou.

No mundo, 815 000 pessoas cometeram suicídio no ano 2000, o que perfaz 14,5 mortes por 100 000 habitantes (uma morte a cada 40 segundos) -


No Brasil:

Entre 1989 e 1998 os suicídios aumentaram 56,9%.

O índice brasileiro é de 4,9 suicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.

O Rio Grande do Sul possui os índices mais altos: 11 para cada grupo de 100 mil habitantes.

Porto Alegre é a capital com maior taxa de suicídios (11,9/100 mil).

Entre 1993 e 1998, o número de jovens que tentaram o suicídio aumentou 40%.

Em 1997 quase 1.500 jovens tentaram se matar no Brasil.

As estatísticas, no Brasil, não são muito confiáveis. Segundo as indicações da Organização Mundial de Saúde, nosso país ocuparia o 70º lugar mundial em número de suicídios. O que se observa, entretanto, em São Paulo, é que a própria OMS defende que as faculdades de psicologia comecem dar maior assistência psicoterápica aos adolescentes com depressão e que usam drogas a fim de reduzir o número de suicídios. Esse projeto-piloto começou em São Paulo, mas espera-se que se estenda por todo o território nacional.

Mundialmente, o suicídio é a sétima causa mortis na população adulta.

Transtorno de Personalidade Borderline.

Eu adoro ler livros de psicologia que retratam transtornos e doenças que afetam a mente, principalmente aquelas que se encaixam ou se aproximam, mesmo que sejam minimamente, dos meus sintomas, e achei este texto na internet e reproduzo... Os que estão em amarelos estão mais próximos das minhas pertubações mentais reiteradas, recalcadas e obsessivas...

1) Sintomas (claro que nem todas as Borderline tem todos estes sintomas e mesmo que tenham, certamente alguns terão intensidade maior, outros menor):

Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio.

Dificuldade de administrar emoções

Impulsividade.

Instabilidade de humor. Os portadores de DAB ou TAB - Distúrbio ou Transtorno Afetivo Bipolar mostram oscilações de humor que duram semanas ou meses, enquanto as portadoras de Borderline têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero- e auto-agressividade. Uma paciente marca a consulta informando que está super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorada, bem vestida, maquiada, vaidosa.

Comportamento autodestrutivo, que envolve se machucar, se cortar, se queimar. As Border se machucam referem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".

Tentativas de suicídio, mais freqüentemente as de impulso do que as planejadas. A mortalidade por suicídio é 400 a 800 vezes maior do que na população não Borderline !!!

Mudanças de planos profissionais, de círculo de amizade.

Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizadas, incompreendidas, vazias. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos.

Muito impulsivas: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante.

Desenvolvem admiração e em pouco tempo desencanto por alguém.

Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais.

A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações.

Mais raramente, episódios psicóticos (se sentirem observadas, perseguidas, gozadas, comentadas).

3) Causas:

A causa exata é desconhecida, mas a observação de muitos anos sugere quase sempre eventos traumáticos (reais ou imaginados) na infância. Por exemplo: abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separaçãos dos pais, orfandade.

Provavelmente existe também uma vulnerabilidade individual que, juntamente com o stress ambiental desencadeia o aparecimento do transtorno.

Que fique bem claro que as lembranças de eventos traumáticos de abuso físico ou psicológico podem ser imaginadas e não reais. Fatos imaginados ajudam a formar a personalidade de uma pessoa tanto quanto fatos reais. Cuidado com conclusões precipitadas do tipo "você foi abusada" ou "você foi aterrorizada".

4) Evolução:

Geralmente começa a se manifestar no final da adolescência e início da vida adulta.

Com o passar dos anos existe uma diminuição do número de internações hospitalares e de tentativas de suicídio.

Parece piada de mau gosto, mas é uma realidade estatística: a cada tentativa de suicídio que a Border sobrevive, diminui a chance de uma nova tentativa.

5) Fatores de bom prognóstico:

Bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos, profissionais.

Participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, etc.

Baixa ou ausente freqüência de auto-agressão.

Baixa ou ausente freqüência de tentativas de suicídio.

Ser casada.

Ter filhos.

Não ser promíscua.

6) Tratamento.

O resultado dos tratamentos melhorou muito nos últimos anos, pois quase não existe mais o duelo "remédio é melhor que terapia" ou vice versa. Hoje em dia existe uma integração de tratamentos medicamentosos e psicoterápicos que traz grande benefício para as pacientes.

Medicação:

O tratamento medicamentoso básico inclui Estabilizadores de Humor, mesmo que não se trate de DAB. Os Estabilizadores são importantes, pois eles ajudam a conter a impulsividade e as oscilações de humor.

Antidepressivos e Tranqüilizantes não tem a mesma eficácia constante que teriam em casos de depressões ou ansiedades "puras" mas certamente tem sua utilidade em Borderline também.

Embora a medicação seja muito importante, ela é ator coadjuvante. O ator principal no tratamento é a Psicoterapia.

Psicoterapia:

As mais consagradas são as Analíticas (Junguiana e Freudiana).

Não é uma terapia fácil. O que acontece "na vida real" acontece dentro do consultório: instabilidade, alternância de amor e ódio, idealização e desapontamento com o terapeuta, sedução, impulsividade, etc.

Também tem se mostrado útil a Psicoterapia Comportamental Dialética e a Cognitivo Comportamental.

O Riso é demoníaco

sábado, maio 12, 2007

Não há nada mais grotesco que a gargalhada. Qual é o sentido do riso? Humilhação, mostrar-se que é superior a alguém... engrandecer o próprio ego, divertir-se com o que causa dor no outro, e não há maior dor do que ser humilhado por ser derrotado. Deus é Deus simplesmente porque nunca ri e nem dá gargalhadas... Aqueles que apontam o dedo e freneticamente, com uma face característica, entortada e disforme solta o sonoro grito... pulando de uma alegria mórbida, por ver o outro num estado de submissão ou erro, desmontado perante ao publico, com a sua dignidade afetada e desmoralizada, este é maligno; ri-se sempre da desgraça alheia, quem fica feliz pela conquista de uma pessoa este é um ser benevolente, aquele que se diverte com o fracasso do outro, mesmo que seja numa simples partida de futebol, este é um maníaco, perverso... Afasto-me do gutural som da gargalhada, porque Deus chora por cada um de nós que perde e é derrotado na senda da vida, que perde o seu amor próprio e é desmoralizado perante ao publico, e incapaz, se recolhe, diminui a sua auto-estima e pensa na morte, perde a confiança no outro, e vê no outro um inimigo em potencial, e em qualquer deslize está preparado para nós humilhar... nós nos tornamos rígidos e duros, e fechamos as portas do nosso coração, não deixamos qualquer um entrar, temos medo oculto dos outros, dos olhos que nos vê e nos vigia o tempo todo. Temos que ser perfeitos, não errar nunca, ficamos carrancudos e não sorrimos mais para o outro, aquele que é desconhecido, perdemos a nossa capacidade de sermos puramente livres e de nos expressarmos sem nenhuma restrição... Deus Chora e sempre irá chorar por todas as nossas falhas e todos os erros que cometemos e ficara com o coração enternecido sempre que estivermos tristes. O Demônio não, o Satanás, este é o Senhor Gargalhada, ele se diverte muito, sempre que alguém tropeça Satanás ri e estimula que todos riam juntos, sempre que alguém é derrotado Satanás tira sarro e estimula que todos façam o mesmo, sempre que alguém morre, é vitima de uma atroz violência e um acontecimento terrível ocorre, o Satanás ri e estimula a todos a rirem juntos. Uma gargalhada esta sempre mais próxima de um Demônio e um choro verdadeiro sempre estará mais próximo de um Deus. Deus ri somente de felicidade, candidamente, quando vencemos e progredimos e melhoramos de vida, e uma risada de contribuição de parceria, por estar feliz por amar alguém e saber que este alguém esta vencendo e se tornando cada vez mais feliz. Não é uma gargalhada de escárnio, humilhante pelos defeitos dos outros, pelos fracassos, um ato de se sentir superior por alguém estar numa posição de inferioridade, nem que seja um simples jogo qualquer...

Esboços de historias de um tímido megalomaníaco ludibriado pela fantasia engradecedora

1-)Era uma pessoa, igual a mim e com todas as minhas paranóias e defeitos, supostamente muito inteligente porem extremamente tímido, que não conseguia externar as suas qualidades... Não suportando mais a sua própria inabilidade em impor as suas vontades e realizar dos seus sonhos, vivendo uma vida miserável, cheia de limitações, sentido-se deslocado e com um profundíssimo sentimento de inadequação, resolve se suicidar. Porem descobre-se que esta pessoa tem uma ligação ignorada com o planeta terra, e se ele morrer a própria terra também irá morrer. Cada vez que ele tenta se suicidar ocorre um desastre no planeta. Ou é um furacão, ou um terremoto, ou um vulcão que entra em atividade, ou alguma mudança nos pólos magnéticos que fazem o mundo inteiro sair do seu eixo provocando um terremoto mundial. A única maneira de salvar o mundo é evitando que esta pessoa se suicide. E a historia gira nas tentativas de convencer uma pessoa a não se suicidar, fazendo com que todos os motivos do suicido sejam sanados e todos os seus sonhos sejam realizados. E o mundo trata esta pessoa como se ele fosse um Rei e todas as suas vontades devem ser atendidas. Mas esta pessoa não consegue acreditar na bondade do mundo e foge... e a sua vontade de se suicidar aumenta... Ele se esconde em cavernas, lugares sujos e mal cheirosos, fica com medo, e estas emoções começam a ser sentida pelo mundo inteiro; o céu fica negro e opressivo, raios saem do céu e fogo, sentimentos de angustia e medo afetam todos os seres humanos; tudo que ele sente o mundo também sente, e o clima é afetado pelas suas emoções. Ele é capturado e trancafiado e é monitorado 24 horas por dia, ao mesmo tempo que todos tentam convencer dos motivos para continuar a viver e a confiar nas pessoas, e que o mundo inteiro o ama, oferecendo todas as riquezas e a presença de qualquer pessoa para se tornar seu amante ou amigo(a).

2-)Uma pessoa como eu e com os mesmos problemas e inibições se suicida. O mundo descobre a sua estupenda inteligência. E ele descobriu uma formula que cura todas as doenças e garante a vida eterna, ou ele respondeu a pergunta que a milênios a humanidade persegue a origem da vida, do universo e responde definitivamente se existe Deus e porque o universo foi criado. Só que por este cientista estar morto as suas descobertas são ignoradas, somente se sabe que ele descobriu, mas os livros que ele escreveu ninguém conseguiu achar. Achou-se somente um fragmento de uma equação matemática, sofisticadíssima, que mobilizou milhares de cientistas ao redor do mundo, e depois de todas os estudos e a sua veracidades, os cientistas ficaram estupefatos com as conclusões preliminares e a exatidão desta equação, como é um fragmento não sabe-se exatamente o alcance destas descobertas e como é o prosseguimento desta equações e todas as suas implicações... Então iniciasse uma corrida mundial mundial para descobrir as suas formulas e seus achados científicos. Para isto é necessário descobrir os motivos que o levou ao suicídio e recontar todos os passos da sua vida. Por ser tímido e ter poucos ou nenhum amigos e nenhum relacionamento afetivo esta missão se torna ainda mais difícil. Livros, biografias são escritos com detalhes de sua vida que o mundo inteiro passa a conhecer e a se sensibilizar. O seu caixão é aberto depois de dez anos da sua morte e o seu corpo e encontrado intacto. Um milhão de teorias são formadas e seitas religiosas, ele se torna um mártir, é venerado como um santo, um Deus... Depois que as suas descobertas são reveladas ele ganha premio Nobel póstumo. E a sua figura é lembrada eternamente, pois as suas descobertas mudaram o mundo e toda a visão que se tinha da realidade. Criasse uma universidade para pessoas com grande potencial mas que se sentem reprimidas e se sentem isoladas e rejeitadas pela sociedade, onde elas são respeitadas e compreendidas integralmente, e todos os seus potenciais são atingidos.

A morte é a única salvação concebível

Não a morte pura e simplesmente. Mas a total diluição da consciência. O erro mais errado já criado foi a vida, e pior que a vida, a consciência de ser um possuidor de uma dádiva macabra como a vida. A vida é uma eterna incompletude, uma equação inexata que nunca fecha, um circulo com uma circunferência extremamente onerosa por não ter desfecho convicto; chamem do que quiser, ou dê qualquer forma de atribuição a vida por não ter um fim visível se torna uma jornada marcada por duvidas e inquietações, um tormento sem fim e o fim deste fim é alcançado não com uma simples morte, mas a diluição total da consciência.

Muitos vêem na vida uma gratificante obra divina, eu a vejo como uma fortuita obra do acaso, uma inconsistência na conclusão das leis que regem o universo; a vida é a anti-estabilização do cosmos, muito parecido com um câncer ou um vírus, o universo esta ruindo sob o destrutivo estigma da vida, degenerando as suas partes, antes perfeitas e simétricas...

Conclamo a todo os seres vivos ou não, e a todos que prezam pela perfeição e a simetria a colocar um fim definitivo nesta equação exponencial causadora de caos, desilusão, sofrimento e destruição chamada vida. A cessação da vida deve ser atingida como uma suprema meta definitiva, quando todas as incoerências, desvios e lacunas (sejam elas físicas ou mentais) terão fim. Não basta morrer, porque a vida, como uma erva daninha, voltara a ressurgir... A morte é simples e fácil porem não é permanente. Em vida, o vivo, deve negar preponderadamente a vida e todos os seus condicionamentos, negar as necessidades primordiais... A morte, não deve ser da vida, e sim de seus superiores, os mecanismos terríveis e diabólicos que dão origem a vida e a consciência. Os desejos devem ser negados peremptosamente... Os desejos são uns mecanismos hediondos de sustentação da vida e das incoerências que a vida inventa. Quando os desejos forem dominados e fundidos, quando todas as idiossincracias forem sanadas e a individualidade for dominada pelo advento da fusão da totalidade, quando o ser vivo em vida, tiver a mesma vida inorgânica que uma pedra, então o demônio da vida será domesticado e neste estado, onde a consciência não tem nenhuma consciência sobre si, a perfeição imaculada será atingida.

Esta é a meta que todos devem perseguir, seja qual caminho for que não estes, será um desperdício, a reiteração perpetua de um erro e a revisão infinita do sofrimento; porque a vida é uma chaga imensa, pútrida, que pulsa, em vida, mais morte que a mais denegrida e asquerosa morte... Faça cessar o movimento sem fim da vida e irá realizar todos os desejos, porque a vida corre mas não caminha a lugar algum e não alcança nenhum objetivo definitivo, quando você para de correr e o universo atende o seu pedido e se torna imóvel junto a ti, então estará presente em todos os pontos do universo e alcançara instantaneamente todas as metas.. Quem para está sempre presente no momento exato de sua mais alta expansão. Quem corre, e quanto mais corre, mais longe está de ti, mais longe da perfeição e da cessação do sofrimento, e todas as suas metas estarão cada vez mais longe... Porque todas as metas e todos os fins não está fora da essência e sim na própria essência e quando a essência assume exclusivamente a sua existência alcança todas as metas, na total cessação da vida...

Histórias, fatores matemáticos e psicológicos, reações adversas e infância reprimida

domingo, maio 06, 2007

É obvio que de certa maneira as pessoas tentam culpar os outros pelos nossos problemas, que estão relacionados a maneira de como enxergamos a vida, e existe neste ínterim, um meio termo, onde fatores internos e externos estão inter-relacionados de tal forma que não podemos distinguir um do outro e ficamos semi- erdidos, não tendo uma visão clara do que é ou do que não é... Em meio a todas estas fantasias, existe o real, que a nos não nós parece tão real assim.... Lembro-me que na infância lutei com todas as minhas forças para não ir a escola, independente do motivo, e era obrigado pela minha mãe e pelos professores a permanecer num ambiente que para mim era extremamente hostil... Berrava, brigava, chorava, esperneava e usava todas as artimanhas que uma criança de seis ou sete anos usaria para impor a sua vontade, ou o seu eu... A minha mãe me carregava como se eu fosse um saco de batata, e os professores me colocavam na sala de aula, e pelo choro, era humilhado e hostilizado pelas crianças, que representavam toda a sociedade naquele momento, tentava me defender, gritando, com todas as minhas forças, girava tentando bater em todos, e nada adiantava, quanto mais nervoso ficava tudo piorava, quanto mais chorava tudo piorava, quanto mais tentava me impor mais humilhado e achincalhado era... Continuei nesta estratégia por um bom tempo, até que percebi que não adiantava nada, então desisti de lutar e me entreguei a uma inércia que dura até hoje, algo chamado de Síndrome do morto-vivo. Consiste no seguinte, quando o ambiente externo apresenta alguma ameaça crio um casulo e como uma carapaça, curvo o meu corpo e olho para baixo, fico imóvel e estático, esperando que a ameaça vá embora. E esta foi a minha vida escolar, sentava num baquinho, no recreio e ficava estático até o sinal para entrar, na sala de aula, fingia que prestava atenção na aula. E os professores me “adoravam” porque era quietinho e não dava nenhum trabalho para nada. Desde cedo, depois deste incidente, foi acostumado a reprimir os meus desejos, a não me defender pra nada (a única defesa que eu usava e ainda uso em momentos de crise e fingir de morto), fui moldando a minha personalidade para isto. Na minha mente não posso defender os meus interesses porque os outros irão reprimir as minhas vontades, e não adianta “brigar” porque a briga não tem fim, ela continua eternamente e quanto maior a briga maior será a violência e a humilhação contra a mim; o que gerou um sentimento de “problema sem fim”, a qual eu deverei viver eternamente, com isto, a solução é impossível e daí vem o meu pessimismo. É uma formula matemática precisa. E claro que reprimir os próprios sentimentos e necessidades não é bom pra ninguém, nem muito menos ser forçado a fazer uma coisa que detestamos, por um motivo ou outro, e viver solitariamente, com ódio dos pais, porque eles não te protegeram no momento que você necessitava, ou desconfiar de todos pois você foi humilhado é um causador de uma séries de modificações na personalidade, muito mais, por ter vivido assim a maior parte da minha vida, e ainda assim sempre recorre a este modelo de comportamento.... com um sentimento de que ninguém se importa com você e todos sem nenhuma exceção é o seu inimigo, recalcando aspectos negativos como desmerecimento, impotência, distorcendo a auto-imagem e perdendo a capacidade de viver na realidade, pois o único mundo onde poderia realizar e expressar as minhas qualidades era dentro de mim, através da imaginação, como um mecanismo de recompensa....

Com as pessoas que me humilhavam, eu criei um mecanismo de amor e ódio que perdura até hoje em relação as pessoas, um talvez algo parecido com Síndrome de Estocolmo. O único relacionamento que tive durante a minha vida foi com aqueles que me humilhavam, para me humilhar eles deveriam se relaciona comigo, e para “fingir” que tudo estava bem, criava um laço de amizade com estas pessoas, “levando na esportiva”, como se diz... As vezes estas pessoas me tratavam como gente, me valorizando e me “dando um amor” que as outras pessoas não me davam, mesmo que para isto precisava pagar o preço de ser humilhado quando assim o desejassem. Daí veio a relação que eu disse anteriormente de amor e ódio, ao mesmo tempo que via neles um amigo por me dar uma atenção que ninguém me dava ( as pessoas que não me humilhavam e me mantinham em distancia e que não conseguia me aproximar ), também nutria um descomunal ódio pelas vezes que me humilhavam. Naquele tempo o único convívio que poderia ter era este. Isto tudo ocorreu depois de ter me isolado, depois do primeiro ano, na quarta e quinta série em diante, pois nos primeiros anos de escola fiquei totalmente isolado.

Hoje preciso conviver com tudo isto. E este esquema mantém-se praticamente inalterado, salvo raríssimas oportunidades, onde consigo ser eu mesmo, porque desde criança reprimo o meu verdadeiro eu, pelos acontecimentos relatados no principio deste artigo. Para me “soltar” é necessário ter uma quantidade muito grande de fatores externos, como se eu fosse uma tartaruga que coloca o seu corpo no casco, e quando tudo vai bem, coloco os pescoço e as perninhas para fora, mas ao primeiro incidente regrido totalmente e me isolo novamente. Tenho poucas capacidades de comunicação, penso que a minha memória é péssima, porque nunca treinei ela, já que nunca precisei relatar historias para outra pessoas, o que deve ser mais desenvolvido em mim é a imaginação, que foi a minha tabua de salvação, o único recurso que me sobrou para me desenvolver... Quando me relaciono, tenho mais facilidade em “brincar”, acho que todos os tímidos são assim, e nisto não vejo limites quando o ambiente externo é propicio... em relação aos sentimentos, não consigo ficar “serio” e fujo destes assuntos... Brincar é sempre mais fácil do que falar sobre assuntos importantes... E muitas pessoas poderão ter uma visão totalmente errada de mim, imaginando que sou “brincalhão”, na verdade, isto é o que me sobra, o que me resta para me expressar, e até nisto reside um problema gravíssimo... se fosse mais serio e tratasse de certos temas sérios parte dos meus problemas estariam resolvidos, mas prefiro me resguardar, principalmente em no relacionamento com outras pessoas. Quando estou sozinho, sou na maioria das vezes, triste, melancólico, pensativo, oras, através da minha imaginação cultivo um mundo repleto de fantasias megalomaníacas e tragédias que podem ocorrer na minha vida.... E a maior tragédia que posso conceber é ser abandonado, ignorando, ou não ser amado na medida em que gostaria de ser amado. E isto ocorre em tal proporção que sinto-me rejeitado, excluído, deslocado, e abrigo-me no meu mundo interno, as pessoas pensam que estou “concentrado”, ou ocupado, na verdade estou me isolando mais e mais... quando fico olhando fixamente para um ponto e não me mexo, é uma tentativa de “cortar” as relações afetivas não satisfeitas, internalizando-me, como se tivesse o poder de fazer o universo desaparecer e concentrando-me exclusivamente em mim, idolatrando-me... já que o “universo” me exclui resta somente a mim... é um refugio, uma fuga...

O que muitas pessoas vêem com coragem em mim na realidade é uma demonstração cabal de covardia. A minha capacidade de resistir ao sofrimento é muito grande. Porque venho reprimindo todas as minhas necessidades, vontades, ideais, sonhos, desde muito cedo... Para muitos estou enfrentando uma situação de peito aberto, é um engano grandíssimo.... O dia que tiver a capacidade de no meio de uma “reunião” dizer:, “Quero ir ao banheiro, quando estiver com vontade”, ou, “Quero beber água, quando tiver cede”, ou “ Não estou passando bem, quero ir embora”, isto será uma demonstração de coragem, estarei bem próximo de uma cura definitiva... Sou tão covarde que não fujo de uma situação constrangedora que me causa muito sofrimento... prefiro me fingir de morto, não importa o quanto estou sofrendo...