1-10 Crise no Consultório - 08/11/2006

sexta-feira, novembro 10, 2006

Eu não queria conversar com a Andresa. E evitei ter contato com ela o máximo possível. Só respondia as perguntas que ela me fazia com monossilábicos para interromper a conversava. Não olhava para ela.

Quando cheguei ao consultório, pois a Andresa me trouxe de carro, o meu cérebro continuava a funcionar no mesmo esquema. Ao começar a atividade com a Jucely, não olhava para ela e mal respondia o que ela me perguntava. Tentava me isolar no meu universo particular e cortar definitivamente as ligações com o mundo real. Ficava brincando com a caneta para dizer “inconscientemente” que não estava interessado em conversar.

O meu cérebro estava em “branco”, ou me reprimia conscientemente para não pensar e não me envolver com a realidade que queria esquecer. Respondia para a Jucely coisas como “não sei”, “tanto faz”, “não”, “sim”; respondi “não sei” um milhão de vezes. Quando terminou a atividade levantei-me e fiquei parado. Só sai do lugar quando a Jucely me disse para sair.

No lanche da tarde estava do mesmo jeito. Fiquei parado com vergonha de me sentar, só me sentei quando alguém me mandou sentar. Ficava olhando para o chão, feito uma estatua, evitava olhar para as pessoas. Não aceitei bolo, só bebi o suco de maracujá que a Andresa fez. Não queria dominar o meu corpo, não queria administrar a minha vida... precisava que outros dissessem “faça isto”, “faça aquilo”...

A Dra. Célia me perguntou o que estava acontecendo mas eu não disse nada. Pois o esquema de isolamento estava muito forte. Tentava me proteger da sociedade bloqueando todos os acessos exteriores. Num certo momento fiquei totalmente sozinho na cozinha, me sentindo só...queria ir embora imediatamente sem me despedir de ninguém. Contei até 50 para ir embora, não tive coragem e contei até 100... terminado a conta não encontrava força para sair. De repente, entraram a Jucely e a Andresa. A Jucely disse que ia embora e eu fui embora junto com ela. Não me despedi de ninguém... só da Jucely pois ela tomou a iniciativa.

Mas na terça-feira quando conversei com a Marcella tudo estava acertado. Tinha voltado ao normal. A Marcella tinha me “curado”. E, na minha mente, já havia feito as pazes com a Andresa. No final de semana, antes de acontecer tudo isto, estava extremamente carente e solitário, com ódio do mundo por ter me abandonado e por outras coisas também... Por causa disto tudo e de outras causas eu entrei em crise na segunda-feira. Queria ficar de “mal” com a humanidade por ela ter me abandonado, queria cortar a ligação com a sociedade. Pois não conseguia ter amizades e muito menos uma namorada.

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