Um amigo insubstituível!!

domingo, outubro 14, 2007

Posso ser um emigrado de mim mesmo. Outros enlaçam um afeto, eu incomodo. Uns se dão de corpo e alma numa relação, mesmo que seja numa apaixonante amizade, eu me defendo... Quando penso em abandonar, já fui abandonado... A estratégia de sumir para aparecer, não funciona comigo, pois, para desaparecer, preciso antes aparecer. Serei sempre aquele que era um quase. Um quase amigo, um quase... seja o que for, nunca sou completo, sempre sou um quase e muitas vezes estou por baixo deste quase. Sou grudento, incomodo as pessoas, as pessoas gritam saia daqui, só não me dizem isto na cara pois tem piedade de mim.

É bom ser solitário. É bom construir uma vida inteira na solidão. Alguém pode crescer desta maneira? Sempre me lembro de uma figura mítica chamada Mr. Beem. Ela quase não fala nada, não tem amigos, sempre está sozinho, apronta as piores confusões e sempre está feliz. Gostaria de ter esta independência. De ter esta disposição para ser um ser social, sem precisar se socializar... Não ter vergonha de ser feliz. Mas como sou um fugitivo, um refugiado num campo de concentração... de meu quarto, escuro, e melancólico.

Não sei exatamente qual é a razão de meu problema e porque nasci assim. As vezes acordo olho para o céu, e digo: "Deus porque?", "Porque fui nascer assim?", "Porque comigo?", "Que mal fiz eu as céus, que crime hediondo pratiquei para ter a vida que levo?". Gostaria tanto de ter uma conversa particular com Deus para obter todas as respostas que necessito.

Vive por mais de vinte e cinco anos, com acesos crescente de paranóia. Imaginando o que os outros estão pensando em mim. E achando defeitos cada vez mais terríveis para justificar a minha exclusão social. Com medo de tudo, em estado de pânico... Bastava eu sair de casa para começar a tremer e suar, e todo o corpo ficava tenso, olhava para um lado e para outro, com um medo crescente em meu ser; procurava fazer o que deveria fazer o mais rápido possível e depois voltava para casa. Aliviado, e suspirava, e dizia para mim: "A tortura acabou". Mas ela nunca acabava, porque pelo bem ou pelo mal, um dia o outro era obrigado a sair de casa. Crescia dois seres em mim, um que evitava todo o contato social, com medo da rejeição, do abandono, da frustração, e da humilhação e da violência social; existia um ser que ansiava ardentemente uma amizade verdadeira, um amigo inseparável, insubstiuível, que me acompanhasse para todo o lado, que não me abandonasse nunca, e até mesmo, uma "namorada encantada", que iria suprir todas as minhas carências. Os dois brigavam em meu interior. Sempre foi difícil para mim ser assim, quase impossível, insustentável.

E este medo de fazer algo errado. De ofender as pessoas e elas se afastarem de mim. Como se qualquer erro por menor que seja, eu vou ser proscrito e expulso do paraíso. E vou voltar para o inferno do isolamento, este quarto maldito que habito, ou melhor, que vivo, uma vida morta. Gostaria de ter uma receita eficiente que mudasse a minha vida cem por centro. E eu deixasse de ser esta pessoa que me desagrade. Gostaria de me sentir bem perto das pessoas, me sentido relaxado, e bem disposto, rir e compartilhar... E não tendo nenhuma voz interior me dizendo: "Porque você disse isto?", "Não seja ridículo!", "Isto fosse não pode dizer, todos vão rir de mim!", "Minha nossa senhora, o que dizer agora, como responder, o que falo. Preciso falar algum. Dar um conselho inteligência. Minha nossa senhora, a minha mente está em branco, não consigo verbalizar, não consigo mexer um músculo. Agora vou ser rejeitado porque estou mudo, e não tenho nenhuma história pra contar. O assunto acabou e agora!!!!!!!!!!!!!!"; e outras milhões e milhões de pensamentos que vem a tona quando estou me relacionando com as pessoas.

Me forço a me isolar. Porque entre outras coisas, penso que sou sem graça, e que ninguém gosta de mim, que não dou prazer ao próximo, e além disto, sou um estorvo. "Sai estorvo, sai estorvo, você está me incomodando. Sai daqui seu lixo humano. Você não tem o direito de viver de ser feliz". E isto que a minha consciência ou inconsciente pensa que os outros estão pensando de mim, e para mim é tão real que não consigo fugir deste pavoroso pensamento. E me isolo. Porque a minha presença é insuportável.

Não sei da onde veio todos estes traumas. Lembro que quando eu era criança não queria ir para a escola. E a minha mão me obrigava a ir a escola de qualquer jeito. Eu usava toda a minha força de criança para não ir na escola. Gritava, esperneava, fazia escândalo... nada adiantava. A minha mãe me pegava na marra e me levava, arrastando ao chão e eu chorando sem parar nem por um segundo. Entrando na escola, todos os alunos tiravam sarro de mim, me infernizavam, e eu não parava de chorar nem por um segundo. Briguei muito, muito... Mas chegou a certo ponto que compreendi que não havia solução. Então abaixei a guarda e me submeti. Para que as humilhação parassem me isolei, parei de falar fiquei completamente mudo. E "matei" intelectualmente a minha mãe, a partir daquele momento eu era um órfão. O meu pai nunca existiu para mim, nunca me deu afeto, vivia bêbado, e eu fugia dele como o diabo foge da cruz. Não podia falar na escola, pois se fizesse isto seria humilhado, e perdi totalmente a confiança nos meus pais, porque eles não me ajudei no momento que mais precisei. Passei toda a minha vida escolar, do primeiro ano, até a oitava série mudo, mudo... Sem amigos, sem namorada, e sofrendo... E os meus pais, não fizeram nada pra me ajudar. Só fui internado no Hospital Dia porque uma prima minha falou com minha mãe, se dependesse da minha mãe ficaria a vida inteira trancado no me quarto. E para ela eu sou normal, e a minha maneira de ser, para ela, eu não sou um doente e não estou sofrendo amargamente. Ela nunca lutou por mim, nunca procurou médicos para saber que doença tenho, nunca questionou, ela sempre me ignorou, desde criança e até hoje. E eu, não quero ter nenhuma relação com os meus familiares. É uma dor insuportável ter que viver no mesmo teto que eles. Só de meu pai chegar próximo de mim, já me percorre uma onda de medo, de ódio, de nojo... É é deprimente viver na minha casa. E deprimente viver na minha casa, sentindo o que sinto pelos meus pais. Para não ter nenhum relacionamento com eles preciso me isolar no quarto, e fugir deles, e quando eles aparecem no mesmo recinto que eu, já começo a passar mal. Viver assim é insuportável. Mas eu preciso viver não há nenhuma outra saída.

Vivo numa cadeia, numa prisão. Não consigo me mover. Mal consigo respirar. É um cárcere psicológico. Quando quero sair deste mundo, vem a angustia, a tensão, o medo, o pânico, a ansiedade antecipatória, a ansiedade de desempenho, o medo de ser excluído e desprezado... E a certeza absoluta, em meu ser que ninguém nunca vai me amar. Que ninguém nunca vai querer a minha presença pra nada. E tudo isto, é culpa, do abandono, que tive quando era criança, e do meu isolamento. Porque os meus pais nunca souberam me dar uma gota de amor, por mais minúscula que seja, e eu vivi, e cresci, sem receber uma gota de amor. E agora o que me transformei?

1 comentários:

Anônimo disse...

Seu link já está no Blog da campanha. Faltou só um post pra divulgar e agitar geral! Sucesso sempre!!!
Estou mandando o convite para postar lá no blog.