Teatro da Imbecilidade Humana

sexta-feira, outubro 12, 2007

Eu sei que não sei nada, e sei que nunca vou ser nada, não é uma questão de esforço, e uma simples contastação de dores antigas. É facil remoer o passado, e fácil criar ilusões para o futuro, o impossivel, insuportável é viver no presente. Eu não estou dentro do meu presente, estou sempre fora dele. Quem sou eu!? Eu não sei o que sou nem o que quero, nem o que desquero, não sei nada a respeito de mim, e nem gosto de saber. Quando olho-me, afasto de mim, com dor e repugnancia, assustado por eu ser quem sou. E o que faço. Não há remédio para o carcere privado de si mesmo, todos queremos fugir, uns inventam as mais engenhosas maquinações, e por mais que nos escondemos, mas cavamos um buraco profundo em direção ao nosso ser. É facil ser o outro, e fácil admirar os outros, e fácil se apaixonar pelos outros; o difícil é gostar de si mesmo, nós que conhecemos os nossos defeitos mais horripilantes, e os segredos que confessamos só para nós mesmos; nos que devemos "saborear" a nossa essencial e conhecemos do que somos feitos e estamos dentro de nossos sofrimentos e dramas diários; conhecemo-nos tão bem que acabamos por nos detestar e afastamos de nós mesmo. E procuramos o outro, como se isto fosse uma solução, e não é, é um problema a mais que devemos resolver. Solidão, ciúme, frustração, ódio, medo, insegurança, e tudo o que acompanha, sabem o que é isto; é o des-ser... Estamos enjaulados dentro de nós mesmos está é a grande questão!

Embora eu não seja nada! Embora eu não tenha nenhum valor! Embora ninguém vai gostar de mim! Embora ninguém vai substituir um amigo insubstituível por mim! Embora ninguém lembra-se de mim. Sou sempre o último nome da lista de telefone, e ninguém obviamente vai me chamar. Embora a solidão seja eterna e o momento sublime e dure um instante que logo se dissipa. Embora todas estas constações sejam verdadeiras. Embora é impossível viver com complexo de inferioridade, complexo de culpa, se sentindo a pessoa mais mal amada do universo, e que não tem nenhum valor. Embora talvez Deus exista e zele pelos covardes como eu que tem medo de mudar, de andar na rua, de olhar no rosto das pessoas, de conversar, de encontrar um estranho, e que fica fixamente pensando no que os outros estão pensando de mim... Embora Deus, tenha piedade dos desvalidos, dos fracassados, que estão na margem, e nunca será um "amigo" de quem é "superior", por ter poder de iniciativa, por ser bem humorado, ou por, não ter nada melhor para fazer a não ser humilhar os outros, já que quem ri, ri do que há de mais depreciativo no outro... Embora, nunca serei amado, nunca terei amigos que me levem para conhecer o mundo, e descobrir o que há por trás das nuvens de poeira da minha consciencia turbulenta, e embora, nunca vou ter uma namorada, que me pegue nas mãos, e com um sorriso candido de amor, me leve por um jardim florido, onde os passáros cantam, onde um riacho limpido desce maciamente, e o sol brilha com carinho, ondulado por expessas nuvens multicoloridas... Embora nunca vou ter este grande amor que espero por toda uma vidao. Embora tudo isto seja verdade, ainda espero um final glorioso. Nem em mim, nem no outro, e nem em qualquer outro lugar. E tão bom estar diluido. A diluição. Saber que os meus atomos fazem parte do todo, das estrelas antigas, do primeiro alvorecer do universo, das nebulosas, dos planetas, girando e girando.... e os meus atomos, se espalhando, diluindo-se, acabando, acabando... até que toda a dor imensa que sinto que é a maior que existe no universo desapareça, tragada por um colapso no espaço-tempo dimensional. Já são 01:13 da manhã é já estou tomado pelo sono da morte, e preciso dormir, porque agora devo morrer para infelizmente renascer amanhã, quando irei, novamente, e novamente, remoer todas as minhas fixações, todas as minhas paranoias, e todas as ideias fixas que nunca sairão da minha mente. Se pudesse, se não tivesse um complexo de inferioridade cronico e morbido, que me impede de ser alguém, que me impede de viver, que me impede de respirar, de pensar, de fazer o meu coração bater; e que me transforma no mais solitário de todos os seres do universo, o mais triste, o mais melancolico, o mais covarde.

Bem vindo a solidão! Bem vindo ao tédio! Bem vindo a mim mesmo!! Eia, eia, bem vindo ao triunfo eterno da dor sob a felicidade. Para aqueles que pensem o contrario que vivem na ilusão, sejam eternamente feliz...

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