A máquina

sábado, dezembro 30, 2006

Atenção humanos! Meramente humanos! Acostuma-te a interface que a maquina lhe ordena. Através disto poderá controlar o seu destino. Fora, será um bobo dando espetáculo inócuo a maquina burocrática e insensível. A maquina é o sistema social que governa e aprisiona os seres humanos, originando ligações mercantis, sem nenhum sentimento humano. Enquanto o humano for enquadrado, como um ser de sentimentos nobres e dignificantes. Com o passar do tempo, certamente, o ser humano irá se transformar numa “máquina” tal qual é hoje a “maquina” que o aprisiona.

Atualmente o ser humano não esta acostumado com a interface da maquina ou o seu código fonte de acesso binário, por isto, oferece à “máquina” espetáculos bizarros, a qual, ela, não se incomoda. É claro, ela deverá chamar o seu lado opressor chamado: policia, para colocar o ser humano no seu estado de produção plena, a qual não está incluída, no pacote, arroubos emocionais.

A maquina não admite emoções. Para lidar com ela é necessário ser frio, destituído de emoções. Saber operar no seu nível de acesso direto que inclui entre outras todos os processos burocráticos envolvidos numa questão ou indo direto ao seu código fonte por meio dos poderes constituídos.

Quem não sabe, ou não conhece estes procedimentos, será amplamente ignorado ou censurado e até mesmo aniquilado pela força irresistivelmente calculista da máquina.

Viu uma mulher dando um espetáculo emocional à máquina. Ela estava inconformada porque o plano de saúde não queria fazer a operação necessária. A mulher estava visivelmente alterada, relatando a sua historia a mídia (a qual que capitaliza o seu ibope em cima de crises emocionais). Não adianta chorar, nem gritar, nem falar palavrão ou se utilizar de violência, nem se fazer de coitadinho, nada disto resolve. A “maquina” , como já disse, só entende a linguagem da burocracia e todos os tramites legais envolvidos numa questão. Não adianta fazer três vias se a maquina pede quatro. Não adianta utilizar o protocolo 666 se a maquina pede o protocolo 777. Ofereça todos os documentos requisitados. Revise dez vezes todos os processos burocráticos e de entrada na “máquina”. Reze para ela não encontrar nenhum defeito. Se tudo isto der errado chame um advogado. O advogado tem acesso direto ao código fonte da maquina e reconhece todos as questões envolvidas num processo. Com um bom advogado você poderá conquistar quase qualquer coisa da maquina. Mas lembre-se a “maquina” no Brasil tem um hardware extremamente obsoleto e sucateado e o software esta numa versão antiguíssima. No Brasil a “máquina” é falha e repleta de bugs, ineficiente e lenta. Em muitas repartições nem computador e sistema informatizado há. Os processos jurídicos podem demorar décadas. Neste caso, é de extrema importância, alem do advogado, a presença de um político para girar a manivela da “maquina”.

Outro espetáculo pavoroso ofertado a “máquina”, que ri maquiavelicamente, na sua conduta anti-sentimental, é da crise da aviação. Minha gente! Não adianta nada colocar nariz de palhaço, não para provocar a “maquina”; a não ser, que se queira, chamar a si mesmo de palhaço e quem sabe ser entrevistado pela “maquina jornalística”. Estas bravatas e outras são indiferentes à “maquina”. Se quiserem conseguir um resultado favorável utilize os mecanismos legais (jurídicos, de defesa do consumidor). Só assim obterão o ganho da causa e a agilização nos processos burocráticos. Ajam, humanos! Como “maquininhas”! Conheçam as leis que governam e regimentam a “maquina”. Sejam frios e não demonstrem emoções. A suas opiniões, sejam quais forem, devem ser dadas sem a interferência perniciosa das emoções. Esqueçam as emoções se querem ter uma relação de confiança e lealdade com a “maquina”. Se forem pedir um emprego não deixem transparecer emoções, se fizer isto, a “maquina” verá nisto uma fraqueza e não irá te contratar. Portanto, não sejam seres emocionais. Sejam seres robotizados. Pensem como um robô, amem como um robô, trabalhem como um robô, vivam como um robô e produzam vários robozinhos...

Programas utilizados para se relacionar com a “máquina”: a ética (formatiza as relações entre os seres humanos), Comportamento social (etiqueta, não pague um mico diante da “maquina”), Mercado consumidor (de lucro a “máquina”), trabalho (ofereça o seu cérebro e mão de obra para produzir mercadorias), marketing (não é necessário pensar, só consumir), meios de comunicação (sejam um fantoche do sistema), lazer (o ministério da saúde adverte pensar pode fazer mal ao sistema, alienação é a ordem máxima da “máquina”), diversão (busca incessante pelo prazer e outros...).

Ribeirão Preto, 22 de Dezembro de 2006

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