2-4 Retorno ao passado

sábado, dezembro 09, 2006

Estava eu, sinistramente, arrumando o meu quarto (coisa chata!!) e revi o meu diário de 2004/2005 (incompleto, já podem imaginar) e li um texto interessante, todos eles eram “interessantes” porque mostram que eu não mudei nada ou mudei muito pouco; se estes textos tivessem sido escrito hoje eles seriam validos (atuais). Resolvi, então, publicar um dia deste meu diário. Havia um texto muito “violento” contra a humanidade, talvez, eu publique em outra ocasião, resolvi censurá-lo! Fiquem com este, por enquanto!!

Fases da minha doença

Primeiro eu estou vivendo timidamente na sociedade, me relacionando precariamente sem expor a minha personalidade, as minhas opiniões, etc... depois eu começo a sentir afeições pelas pessoas que pode ser desde amizade ao amor. Como eu não consigo aumentar o meu grau de intimidade e estreitar o meu relacionamento com o outro, não consigo declarar o meu amor – se eu estiver apaixonado por alguém -, não consigo me impor, etc... Eu acabo me sentindo abandonado, desprezado, mal amado; começo a me denegrir. Fazendo uma lavagem cerebral em mim. Me insultando me chamando de feio, ordinário, abjeto, fedorento, coxo, cego, branquelo, covarde, medroso, incompetente, incapaz, inepto, etc... Depois eu começo a denegrir o ser humano o chamando de: egoísta, maldoso, maquiavélico, abjeto, desprezível, vil, brega, nojento, asqueroso, fútil, superficial. Desvalorizando a mim mesmo e o próximo eu acabo me isolando duplamente, para evitar que os outros sejam obrigados a suportar a minha horrível presença e para que eu não suporte a horrível presença do outro. Tudo isto para curar a magoa e a decepção – e a fossa – de me sentir abandonado.

Ribeirão Preto, 17/01/2005.

Síndrome do “menor abandonado”

Quando uma pessoa se sente rejeitada, abandonada ou desprezada, acaba nutrindo um sentimento duplo de autopunição, flagelação, autopiedade, autocomiseração e ódio pelas pessoas em geral, pela humanidade inteira, uma total desconfiança, medo e temor, etc... O resultado e que esta pessoa fica extremamente irritadiça, “violenta”, amedrontada, prefere o isolamento social ou a convivência com os seus iguais; tenta fugir da sociedade nutri em ódio descomunal da sociedade que o pode levar a criminalidade; diminuindo a capacidade de sentir afeto pelo outro ou perde totalmente esta capacidade, que aumenta a sua “maldade”.

Muitas destas pessoas se transformam em “psicopatas” ou recorrem ao suicídio por nutrir um grande ódio e nojo por si mesmas, recorrem também a drogas em geral, mas em todo o caso a sua vida e lamentável; cheia de duvidas, magoas, ódios difusos, rejeição de si mesmo e dos outros, apego ao “delírio” ou a imaginação como fuga da sua realidade, e muitos outros sintomas.

Ribeirão Preto, 18/01/2005.

Ser errado e sempre estar errado

Quando a sua alma fica vazia e destroçada, como um grande deserto de folhas secas e aridez, o solo ressecado e sem vida, onde nada de bom pode brotar, somente a dor e o desespero. Todas as oportunidades correram de você e somente a desilusão ficou. Sua auto-estima secou completamente neste deserto e nenhuma gota sobrou. A única paisagem que os seus olhos podem ver é a devastação de si mesmo, a sua própria degenerescência, a sua morte e decrepitude; a lassidão do cansaço e da opressão, não querer mais se levantar, e toda a sua força de vida ir embora, e você quer morrer...

Ter a estranha sensação que tudo que você faz ou pensa esta errado, somente por você esta fazendo ou pensando; e tudo aquilo que você não faz e pensa esta correto. Duvidar de você o tempo todo e ter a sensação que os outros estão sempre certos e você sempre errado. Estar paralisado diante desta constatação, perder toda a fé em si mesmo. E ceder para o outro sempre... porque você esta sempre errado e os outros sempre certos. Abdicar de si mesmo e de ter uma individualidade qualquer; não impor – nunca – as suas vontades e nunca correr em direção aos seus desejos; deixar de ser alguém e se tornar um escrevo sem vontades e desejos e ceder sempre para os outros... deixar de ser você mesmo em prol dos outros.

Quando sua auto-estima acaba tudo é incerto, tudo e pavor e medo, tudo são duvidas e inseguranças tudo é ódio e rancor, tudo e desilusão, tudo parece morrer e todos estão contra você; e você não está com você mesmo, porque quando a sua auto-estima morre você morre também.

Ribeirão Preto, 03/02/2005.

Eu pensei em colocar um texto só, mas como deu tempo, eu coloquei três. Este meu diário é curtíssimo e vai de 19/08/2004 até 09/08/2005 e tem 24 páginas, escritas no meu caderno.

Ribeirão Preto, 08 de dezembro de 2006, 10:22 PM

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