Maneiras de ampliar a extensão de um texto e não cair num lugar comum.

sábado, dezembro 16, 2006

Estava eu decorando uma poesia de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) e cheguei a determinadas conclusões a respeito de um tema que me perturba muito. Quando decoramos, decoramos certos símbolos ou significantes que ficam na mente e depois complementamos estes símbolos com palavras utilizada no nosso próprio vocabulário. Na poesia de Fernando Pessoa, num trecho, ele dizia "ainda" e eu substitui por "mesmo" - que é um vicio lingüístico meu. E durante toda a poesia, que não tinha decorado completamente, substitua palavras que constituía a essência do pensamento do Fernando Pessoa por palavras que representam o meu modo de pensar. Nisto, ocorre um choque importante onde podemos analisar os "lugares comuns" da nossa mente e comparar com as soluções criadas por um outro escritor. Desta forma, se analisarmos profundamente, catalogando as diferenças e definindo padrões podemos ampliar nosso leque de opções e construir uma escrita mais abrangente e Rica.


Este processo pode ser utilizado em qualquer material escrito. Decorasse parcialmente um texto e tenta citá-lo mentalmente prestando atenção na diferença existente entre você e o escritor elaborando um organograma de palavras chaves que devem ser adicionados ao seu vocabulário. Como no caso citado incluir a palavra "ainda" ao invés do lugar comum "mesmo". Este é um exemplo extremamente simples.


Outra dica importante é elaborar um acervo de palavras correlatas que possam ser substituídas. No automatismo do cérebro utilizamos palavras comuns e de fácil acesso. Isto origina um texto muito repetido e monótono. Para curar esta "inércia" é necessário catalogar palavras com significados em comum. Por exemplo, reunir todas a palavras com os determinados significantes: belo (sinônimos, lindo, bonito, etc), horrível (sinônimos, horripilante, hediondo, etc), brilho, força, pensamento, ruim, bem, etc... Elaborando uma lista de sinônimos e antônimos. Escrever tudo num papel. E depois, mentalmente citar todas as palavras que lembrar. Para construir no cérebro novas ligações.


Sempre que estiver lendo um texto fazer uma comparação entre você e o escritor e identificar diferenças reconhecendo todos os "lugares comuns" que você utiliza e modificá-los por novas expressões surgidas desta comparação. Eu fazia isto, com muita dificuldade, e sem uma técnica observacional muito aprofundada com o livro Razão e Sensibilidade e agora com Nana. Comecei, primeiramente, observando as virgulas, virgulas e ponto, dois pontos e ponto final tentando observar o estilo do escritor e como a pontuação era colocada. Deve-se observar quando se lê, entre outras coisas: a colocação do verbo e sua regência, os adjetivos utilizados, a pontuação, os substantivos, os pronomes, palavras de ligação (e, o, ou, bem, ademais, que, pois, mas, mais, com, na, no, de, da, do), o inicio de cara oração (verbo, pronome, artigo, se, sempre outra, etc). De preferência catalogando tudo e criando um acervo grande a ser utilizado.


É importante se lembrar da formação do tema e dos tópicos. Sempre que ler um texto arquitetar um reservatório de temas. Observar os temas que o autor usa e classificá-los reduzindo a poucas palavras que simbolize todo o texto. Como por exemplo: ciúme, amor, traição, religião, solidão, pessimismo, carência, medo, etc, os temas são infinitos. Criando um acervo de temas que possam ser utilizados e exercitando, lembrando-os... Isto ira te ajudar quando der um "brando" ou quando os temas vierem lentamente... Procurando sempre ter um pensamento amplo e criar associações simbólicas com palavras escolhidas a esmo. Para estruturar um fluxo de pensamento organizado e abrangente. O exercício de lembrar palavras e temas é excelente para isto. Reunir também um campo de atuação com associações não associativas, fazendo o uso de palavras que não tenha nenhuma ligação uma com a outra, para ampliar o diâmetro do cérebro em lidar com associações diferenciadas e sem lógica, unindo varias áreas do cérebro e ampliando ainda mais o seu campo de atuação e manifestação criativa.


A própria leitura, mesmo as menos profunda, colabora enormemente para aumentar a capacidade criadora; sabendo que existe uma grande diferença entre o modo de pensar passivo (recebendo informações) e o ativo (analisando, concluindo, criando, transformando).


O nosso cérebro sempre ira procurar o que é mais fácil e ira utilizar conceitos ou pré-conceitos já estabelecidos. Este é o trabalho da "inconsciência" e do automatismo para reduzir o tempo de resposta ao meio ambiente. Esta estratégia é útil e necessária porem limita o ser humano. É essencial rever os conceitos mudá-los adaptando-se as novas situações. Este é o trabalho da consciência ou da racionalidade. E este num ambiente diferente e realizar atividades novas gerenciando problemas novos é salutar para a circulação de novas estruturar cerebrais. A capacidade de se adaptar e modificar-se procurando o melhor nunca deve ser abandonada.



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