3-2 Eu sou nada

sábado, janeiro 06, 2007

Eu estava tentando dormir, como não consegui e tinha umas idéias na cabeça, resolvi escrever. Estes pensamentos vieram a tona quando a Andresa disse que não se conformava por eu não fazer nada e não ter um trabalho. Na hora, como sempre, eu não falei nada porque eu sou assim... No entanto, o que ela me disse ficou na minha mente, martelando, o que não é nenhuma novidade.

Em minha opinião, não tenho nenhum valor e nenhuma aptidão, sou, como falam, um zero a esquerda ou um Zé Ruela. E não entendo como as pessoas conseguem ver algum talento em mim... Talvez eu sirva para burro de carga... A minha auto-estima é tão pequena que além dela não existir ela é negativa; um anti-eu, uma anti-consciência, uma anti-vontade, um anti-desejo, uma anti-iniciativa, uma anti-personalidade, etc. – sempre me colocando pra baixo, sempre me amedrontando, sempre inventado mil barreiras e empecilhos, etc... Para justifica a visão totalmente negativa que tenho de mim. Acho até mesmo que sou parente próximo dos seres inorgânicos – eles pelo menos existem, até mesmo a minha existência eu contesto, por isto estou num nível bem inferior.

Não se exatamente que tipo de trabalho a Andresa estava se referindo. E também não sei o tipo de atributos que ela via em mim. Um trabalho subalterno talvez eu consiga realizar. Só, que uma parte de mim, fragmentada, não toparia. Detesto me sentir preso e receber ordens, isto não é admitido para uma consciência tão aquariana como a minha. Se eu fosse trabalhar, se tivesse força de vontade, trabalharia só para mim e criaria um projeto, ou vários projetos; seria um super-empreendedor... Como me falta iniciativa, determinação e perseverança, crio um mundo imaginário, onde todos os meus projetos e ideais podem ser saciados e fico parcialmente satisfeito. Se fosse realizar tudo o que imagino, não conseguiria. É fácil imaginar e não requer nenhuma qualificação e nem nenhum esforço, mas tenta realizar o teu sonho e verá que é tão difícil e requer um empenho total, muitos desistem de inicio, outros, com uma idéia fixa, vão em frente sem observar os obstáculos. Se eu tivesse um sonho único poderia, do meu jeito, seguir em frente, só que todo dia surge um sonho novo e os velhos vão se diluindo na minha mente. Uso estes sonhos, ou ideais de grandeza, somente para satisfazer o meu ego megalomaníaco. “Vivo no mundo da lua” e isto me basta.

Além disto, sempre almejo a perfeição, e tudo que faço vejo defeitos e por não querer encarar estes defeitos prefiro desviar o foco e fugir das responsabilidades. São tantas coisas unidas, uma camada enorme de contingências, só fatores negativos presentes, poderia citar milhares: falta de auto-estima, insegurança, medos, duvidas, tristeza, crises existenciais, angustia, fragilidade emocional, falta de censo critico e estético, frustração, etc... Diante disto tudo não consigo enxergar nada de bom em mim, nenhuma qualidade, nenhuma habilidade, não vejo nada; somente os meus defeitos e crescem exponencialmente ao dia a uma taxa de 500 por cento.

O meu mais recente sonho, que surgiu a pouco tempo e que daqui a pouco esquecerei facilmente e entrará um novo sonho para ocupar o vácuo do que foi embora, é foto montagens e desenhos digitais utilizando programas como o Corel Draw e Photoshop. Já criei, na minha mente doentia ou imaginação utópica, vários desenhos e varias montagens, criei até mesmo o roteiro de como estes desenhos poderia ser feitos além do próprio desenho – porque a minha mente trabalha nos dois níveis. Só que morro de medo de realizar o desenho e não dar certo e não conseguirei suportar a frustração e entrarei automaticamente numa forte depressão, num abalo psicológico que irá destruir a minha auto-estima já combalida. Devido a isto prefiro não assumir esta empreitada e ficar brincando, sem nenhuma responsabilidade, com o Photoshop, até me cansar, ou a minha imaginação encontrar uma nova atração para ela se entreter. Este é um exemplo típico de como a minha mente funciona. Já tive que enfrentar este mesmo medo em diversas outras situações, como: poesia, escrever livros, artigos, teclado (musica), desenhos geométricos no Corel Draw, etc,etc... Sempre acabo desistindo ou interrompendo um trabalho pela metade, nunca consigo terminar e ir até o fim... As poesias de Mario de Sá-Carneiro resumem perfeitamente o que se passa em mim.

Poesia de Mário de Sá-Carneiro a qual me identifico
Quase
Dispersão
Ângulo
Distante Melodia
Vontade de Dormir





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