Solidão

domingo, março 09, 2008

Há uma solidão que transcende o sentido de solidão; não é captado como solidão e sim, como um sentimento de falta, de insuficiência, um buraco na alma que não é entendido racionalmente é apenas sentido como uma desilução, um desanimo generalizado, um extremo sentimento de abandono, não dos outros, mas de si para si; quando os desejos não são saciados e são um a um dispensados por inumeros motivos. Chega num momento onde a voz se cala, pois não encontra reverberação em nenhum ser vivo, a sua voz deixa de ser ouvida, por falta de receptividade (esta voz que é a essencia do seu ser); a personalidade é eclipsada, pisada, e tratada como se fosse um "monstro", um amontoado de lixo insignificante... Daí vem uma vergonha existencial, para fugir é necessário "não-ser"; abandonar-se numa sarjeta qualquer; o impulso vital é minado pouco a pouco e se vive apenas por se viver. A morte já ceifou a vida, o que sobra é um esqueleto, que não morre por uma minúscula mancha de esperança... Os dias passam como um tormento...


Só há uma opção à seguir, acalentar o seu sonho, não importa o quanto ele seja absurdo e inverossímil, só você poderá entender... dar vazão aos seus desejos, independente do que os outros irão pensar. Sempre houve resistência por todos os lados, os primeiros sempre foram julgados e muito condenados, depois da morte, muitos foram abençoados e endeusados e chamados de gênios. Enquanto todos diziam que a terra era o centro do universo, e tudo girava ao redor dela, eles falaram que a terra girava ao redor do sol e este sol é um pontinho solitário entre milhares de outros, diziam isto, entredente, baixinho, e só eles escutavam... Mas apesar de disfarçar, e pairar numa nuvem de hipocrisia, não abriam mão de sua opinião, isto, seria abrir mão de si mesmos, e ai, eles não poderiam mais viver.


Graças a isto, devemos dissimular, esconder os segredos que poderão nos colocar em perigo; viver como se não fossemos "assim"... A pior violência que se pode fazer a um outro ser humano é a gargalhada, o escárnio, a humilhação que é tida como simples brincadeira. Eles riem e acham isto normal, e defende a sua risada, o seu torpe prazer pequenininho; e se o motivo da gargalhadas fossem "eles". O que eles sentiriam, o que eles achariam? Quando não se enquadra num padrão pré-definido, seja ele um padrão de beleza determinístico; sente a solidão do abandono, quando o individuo está desvinculado da sociedade, e este ser, pode tanto se transformar num depressivo suícida ou num homicida monstruoso; ou quem sabe viver uma vida de mentiras...

1 comentários:

Cristiana Fonseca disse...

Olá .
Adorei o seu blog, adoro a escrita, ohh sem ela quem somos nós?
Parabéns vc tem a arte , a liberdade e a alma na escrita
Abraços,
Cris