Porque é difícil mudar um comportamento?

domingo, março 23, 2008

Existe uma tenacidade insistente para mudar uma simples "molécula" do pensamento. Mesmo que o ser em questão queira desesperadamente mudá-lo. Para a mente não existe diferença, o que ela realmente quer é manter um padrão organizativo estável; mesmo que para isto ela coloca em risco a sobrevivência do individuo. O cérebro precisa de provas inconteste de que este novo padrão realmente é factível, e não um delírio do ser.

Há uma diferença enorme entre o "ser-pensando" e a máquina a qual ele está submetido, ou aprisionado. Os dois são seres intrisecamente diferentes e divergem exponencialmente em ambitos opostos. Quem senta diante de si, pensando que o seu pensamento é um escravo do seu pensamento está errado, ele é que é escravo do seu próprio pensamento; isto inclui: todo o material pensado anteriormente (consciente) e que agora faz parte do seu inconsciente, a sua genética comportamental, o funcionamento bio-quimico do cérebro e as suas potencialidades e deficiências, os exemplos e a educação recebida pelos seus pais e a sociedade, que são amostras de ações já catalogas e aprovadas por um consenso anterior.

O individuo pensante deve lidar com o seu próprio cérebro como se "ele" não fosse "ele-mesmo", e sim um outro ser, distante de si mesmo. A mesma impressão de distanciamento que temos ao falar com um outro ser, devemos ter conosco mesmo. Porque o distanciamento é efetivamente o mesmo, e a possibilidade de mudar o pensamento é praticamento o mesmo. Convencer a si mesmo que um pensamento nosso está errado e não vai nos conduzir a um propósito bom é tão difícil quanto convencer outro ser. Por isto, devemos conversar conosco mesmo como se estivéssemos falando com uma outra pessoa, e explicar porque este pensamento está errado com detalhes pormenorizados; falando-nos didaticamente, como se estivéssemos convencendo uma criança de 5 anos de idade, é que é pirracenta e mimada e cheia de limitações de entendimento. Só assim conseguiremos ter um aproveitamento completo do nosso próprio intelecto.

A mente é constituida por milhares de circuitos que não estão totalmente a serviço da razão consciente, são partes ancestrais que vieram da nossa herança genética, e fazem parte da nossa inconsciência; ou um sistema de pensamento onde o ato de pensar e repensar não estava a nosso serviço. Nos mantínhamos em estado de "irracionalidade"; estas partes estão funcionando e interagindo com a porção consciente do nosso ser, e neste embate, lados opostas estão em duelo constante, formando uma dicotomia entre a razão e as emoções, entre a lógica e a intuição; são dois seres distintos e que agem de forma diferentes, apesar de serem amalgamados num mesmo todo.

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