Quatro metas e nenhum resultado

domingo, setembro 23, 2007

Não sei se existe uma concreta e palpável divisão entre o real e o imaginário. As pessoas imaginam, e deste imaginário, executam no seu mundo real, cambiando experiências em torno e um significado próprio, fazendo surgir uma gama de indagações necessária a sua subjetividade. Quando voltam a si, percebem uma inação que o remete a morte e a ancestralidade do nada, perturbados com esta conclusão, fogem de si assustados, e elaboram um riquíssimo conteúdo de metas, colocam em pratica numa mirabolante seqüências de conquistas de grande monta, buscam o magnífico, o supremo, almejam o posto de Deus... Alongam a sua individualidade numa patamar de semi-deuses, para logo a seguir, se depararem com a insignificância de seu poder pessoal, entrem em crise, e vazios de significados, buscam incessantemente o prazer, a bebedeira, e o vicio, para esquecer-se, tentando encobrir as próprias deficiências. Porém já é tarde, tudo o que queriam ou não queriam já está permanentemente impregnado em seu intelecto, não há fuga possível, então tentam conciliar, rebaixando-se como seres inferiores, idolatram um Deus, que não existe fora de sua concepção de vida, e é reflexo de seus desejos de realização individual frustrados, com super-poderes e percepção ilimitada, numa tentativa tresloucada de satisfazer o “ego” insaciável, extrapolando os seus desejos de poder e controle, num ser perfeito, que o guarda e o protege de sua própria impotência. Muitos refutam tais idéias e se tornam ateus, acreditando somente no que os seus olhos podem enxergar, porém ficam psicologicamente desprotegidos e cedo ou tarde cometem suicídio, ou pelo menos, entram numa espiral de depreciação se transformando em seres ressentidos e pessimistas. Num ponto ao outro ninguém se salva, há aqueles que ainda estão envolvidos no desejo de conquista e almejam a gloria eterna, como grande Midas, pessoas arrogantes e sem escrúpulos que vê em si o começo e o termino da raça humana, a grande realização “ariana”, são déspotas e tiranos; outros, contrariamente, se nulificam, se excluem e tornam-se seres insignificantes, porém são resguardados e protegidos pelo “todo-poderoso”, todo-poderoso que é tão somente a sua própria manifestação e os seus anseios na obtenção do poder ilimitado, são tão arrogantes quanto os demais, porém, colocam a sua arrogância nem Deus supremo, são tão egoístas quantos os demais porém transferem o seu egoísmo para o seu Deus e colocam os detratores no inferno, nestes dois extremos, são idênticos em significados, diferem na concepção e no modo de agir. Um coloca em si o Deus desejado, o outro cria um Deus perfeito, Deus tal, que é vassalo de seus desejos egoístas e realiza os seus conceitos de perfeição, dignidade e mora, e concede ao protegido, suprema realização... Falta analisar outros dois aspectos contrários da espécie humana. O primeiro é o sensorial. Ser que vive em função do prazer, não existe nenhum outro significado para a sua vida a não ser a busca pelo prazer, e esta busca e uma busca tão infrutífera quanto qualquer outra, encarcerado na busca pela felicidade, fecha ao olhos a si e aos demais, entra na demência, quer o prazer, se torna obcecado; é comida, sexo, adrenalina, bebedeira, tudo o que pode super-excitar o seus órgãos sensoriais, entram no mundo da droga, não importa o grau, todos estão fadados a morte e a suprema frustração, tais excessos produzem cânceres, degeneram o fígado, matam os neurônios, entopem os vasos sanguíneos, destroem o pulmão, querem a felicidade imediata e quanto mais buscam esta felicidade, mais próximos do sofrimento estão, morrem envenenados pelo próprio veneno que lhes garante a ilusão de felicidade. Em outro extremo, há aqueles que colocam no “nada” o significado total e a suprema realização, encontraram uma maneira para apaziguar o ego enganado e insidioso que é voraz e ilimitado. Já que o ego é o nosso mal vamos matá-lo e dar a ele o contrario do que ele quer. Estes vivem em contemplação, contemplam o nada, o vazio, são monges, praticam a meditação, em sua “passividade ativa” encontram a paz, livres do estresse, da compulsão, morrem na vida e erguem um templo a tudo aquilo que não tem significado, não são mais movidos pelo frenesi insaciável do desejo... Uns buscam a suprema realização em si, outros outorgam a suprema realização a um Deus que é reflexo de seus desejos egoístas, outros ainda, chafurdam na lama do desejo e se tornam escravos de suas compulsões, outros negam o desejo e cultuam o nada; quatro opções e todas falham!!

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