Suicídio

sábado, maio 19, 2007

O termo suicídio foi utilizado pela primeira vez em 1737 por Desfontaines. O significado tem origem no latim, na junção das palavras sui (si mesmo) e caederes (ação de matar). Esta conotação especifica a morte intencional ou auto-infligida. Num aspecto geral, o suicídio é um ato voluntário por qual um indivíduo possui a intenção e provoca a própria morte. Pode ser realizado através de atos (tiro, envenenamento ou enforcamento) ou por omissão (recusa em alimentar-se, por exemplo). Em medicina, classicamente, era considerado uma atitude covarde de uma pessoa fraca que diante dos problemas da vida escolhia fugir de forma drástica em vez de enfrentá-los. Hoje, a medicina entende o suicídio dentro de um contexto absolutamente diverso. Sabemos que o cérebro funciona às custas de uma série de substâncias químicas que são liberadas para integrar os circuitos de neurônios chamadas neurotransmissores e que têm importância muito grande no ato final do suicídio.

Tudo que antes considerava um problema simples e que parece insignificante para os outros, passa a assumir dimensões catastróficas para ele. Sentindo-se sem saída, pode buscar a mais difícil de todas: o suicídio.

Esse adolescente precisa saber o que está ocorrendo nos neurotransmissores de seu cérebro. Assim, não optará por uma solução que o fará abrir mão de sua vida, de seus desejos e aspirações, daquilo que queria para o futuro, das pessoas de quem gosta. Sabe-se hoje que, na grande maioria dos casos, o suicida tem uma percepção patologicamente falsa do mundo e dos valores, tal como um míope veria desfocada a realidade. Há inúmeros estados emocionais que limitam e distorcem a percepção da realidade, subtraindo da pessoa a devida liberdade, que os sadios têm, de considerar as condições de existência com a devida sensatez. O Transtorno Dismórfico Corporal, muito comum em adolescentes, diz respeito à preocupação exagerada com um defeito inexistente ou ligeiro na aparência. A Personalidade Borderline segundo o DSM.IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais) é caracterizada por um padrão comportamental de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na auto-imagem e nos afetos. Há uma acentuada impulsividade, a qual começa no início da idade adulta e persiste indefinidamente.

O paciente Borderline freqüentemente se queixa de sentimentos crônicos de vazio. Há sempre uma propensão a se envolver em relaciona-mentos intensos mas instáveis, os quais podem causar nessas pessoas, repetidas crises emocionais. A CID.10 diz ainda que esses pacientes se esforçam excessivamente para evitar o abandono, podendo haver quanto a isso, uma série de ameaças de suicídio ou atos de auto-lesão. O suicídio concreto, quando acontece em portadores de Personalidade Borderline, geralmente se dá por engano, ou seja, quando sua auto-mutilação ou teatralidade não foi bem planejada ou fugiu ao seu controle.

Segundo o autor italiano Cesare Pavese (1908-1950), o suicídio pode ser compreendido como uma solução falida e mal adaptada de uma crise provocada pelo estresse real em uma pessoa psiquiatricamente predisposta. Esta descrição é retirada da própria biografia de Pavese, o qual cometeu suicídio no pico de sua carreira mas, segundo seu diário, vinha refletindo sobre isso por muitos anos antes (Scherbaum, 1997).

Não só o adolescente, mas também os adultos, às vezes, falam que vão se matar só para chamar atenção. Eu insisto, porém, que se querem chamar a atenção, algo está errado com eles. Talvez seja uma comunicação feita de modo enviesado, meio torto, mas é uma comunicação. A criança que faz birra e joga a comida no chão também não encontrou a fórmula adequada para chamar a atenção da mãe, mas é preciso descobrir o que explica seu comportamento. Se o objetivo da ameaça é só manipular o ambiente, o indicado é procurar a ajuda de um psicólogo ou de um psiquiatra para estabelecer uma estratégia de abordagem do problema.

Há uma frase célebre sobre o tema do filósofo Albert Camus: "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder à uma pergunta fundamental da filosofia"

O psiquiatra americano Karl Menninger elaborou sua teoria baseando-se nas idéias de Freud. Ele sugeriu que todos os suicidas tem três dimensões inconscientes e interrelacionadas: vingança/ódio (desejo de matar); depressão/desespero (desejo de morrer); culpa/pecado (desejo de ser morto).

Socialmente o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas (desorganizadas) em que os indivíduos se vêem forçados a tirar a própria vida para evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis. Para Émile Durkheim, a causa do suicídio só pode ser sociológica. Em seu estudo caracterizou três tipos de suicidas:

a) suicida egoísta. A pessoa se mata para não sofrer mais;

b) suicida altruísta. A pessoa se mata para não dar trabalho aos outros (geralmente pessoas de idade);

c) suicida anômico. A pessoa se mata por causa dos desequilíbrios de ordem econômica e social. Exemplo: a Revolução Industrial, tirando empregos de algumas pessoas, estimulou-lhes o suicídio. (Enciclopédia Encarta)


Geralmente o suicídio não pode ser previsto, mas existem alguns indicadores de risco:


Qualquer distúrbio (Depressão, Ansiedade, Psicose, etc.) mais os seguintes fatores aumentam o risco: isolamento social, falta de amigos, não ser casado, não morar com uma outra pessoa, não ter filhos, não ser religioso.

O provérbio "cão que ladra não morde" não existe em suicídio. Pelo contrário, 90% de quem tenta, avisou antes.

Disponibilidade de meios para o suicídio.

Idéias de suicídio abertamente faladas.

Preparação de um testamento.

Luto pela perda de alguém próximo.

História de suicídio na família.

Pessimismo ou falta de esperança.


Suicídios no mundo:

No mundo suicidam-se diariamente 2000 pessoas.*

Nos Estados Unidos são 30.000 suicídios por ano (quase 100 por dia).

No geral, 7% dos suicidas sofrem de dependência alcoólica.

Aproximadamente 90% de quem tenta, avisa antes.

Em torno de 70% dos suicídios ocorrem em decorrência de uma fase depressiva.

Quem já fez uma tentativa, tem 30% mais chances de repetir do que quem nunca tentou.

No mundo, 815 000 pessoas cometeram suicídio no ano 2000, o que perfaz 14,5 mortes por 100 000 habitantes (uma morte a cada 40 segundos) -


No Brasil:

Entre 1989 e 1998 os suicídios aumentaram 56,9%.

O índice brasileiro é de 4,9 suicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.

O Rio Grande do Sul possui os índices mais altos: 11 para cada grupo de 100 mil habitantes.

Porto Alegre é a capital com maior taxa de suicídios (11,9/100 mil).

Entre 1993 e 1998, o número de jovens que tentaram o suicídio aumentou 40%.

Em 1997 quase 1.500 jovens tentaram se matar no Brasil.

As estatísticas, no Brasil, não são muito confiáveis. Segundo as indicações da Organização Mundial de Saúde, nosso país ocuparia o 70º lugar mundial em número de suicídios. O que se observa, entretanto, em São Paulo, é que a própria OMS defende que as faculdades de psicologia comecem dar maior assistência psicoterápica aos adolescentes com depressão e que usam drogas a fim de reduzir o número de suicídios. Esse projeto-piloto começou em São Paulo, mas espera-se que se estenda por todo o território nacional.

Mundialmente, o suicídio é a sétima causa mortis na população adulta.

1 comentários:

Anônimo disse...

Heyyyy nem pense nessa idéia não! Tanta gente lutando pela vida, e vc, um rapaz saudavel, bonito e inteligente pensando nessas coisas! Pára com isso! já passei por isso e pode ter certeza que é tudo questão de ponto de vista, de como olhamos para o mundo e principalmente como olhamos para nós mesmos. Tudo começa pelo nosso amor próprio. A partir do momento que vc começar a se amar, vc vai passar a olhar com outros olhos a vida.