O eu é um nada, diante da grandiosidade do inconsciente

domingo, janeiro 17, 2010

É engraçado como o ser humano é genericamente idiota. Primeiro a questão do prazer. Para o ser humano o prazer é o objetivo principal da sua sobrevivência, o motivo deles estarem vivos. O prazer surgiu da necessidade da "biologia" interno dos seres vivos, de darem diretrizes para movimentar o ser vivo as suas necessidades. Estas diretrizes, não estão nem um pouco incomodadas se o ser humano vai ter prazer ou não, isto é totalmente irrelevante. Aliás, o fato do ser humano procurar o prazer com ânsia, na realidade é um empecilho para muitas questões biológicas. Já que o ser humano, invariavelmente, morre na ânsia de ter uma prazer irrestrito e ilimitado, algo, que a genética da vida não soube resolver cem por cento. O motivo principal de estarmos vivos é simplesmente este, nos mantermos vivos o maior número de anos possíveis e fazer com que a nossa vida se prolongue alem de nós mesmo, através da reprodução. Agora, saber o porque de estarmos vivo, e defendermos a vida incansavelmente, não há uma resposta infalível. Talvez, a formação das primeiras formas vivas, estava inserida um código de auto-reprodução aleatório, que surgiu do puro acaso, e até hoje, milhões de anos depois, estamos reproduzindo este código, sabendo que tal código, nos remete as formas mais primitivas de vida, que repassaram este código até nós. Em relação ao prazer, ele é totalmente mutável, dentro de certos paradigmas. Precisamos comer para termos energia para prolongar a nossa vida, a nossa biologia identifica certos sabores que são necessários para as várias atividades do nosso sistema, um tipo de comida serve para conseguir energia, outro para construir os nosso corpo e esqueleto, outro para regular as atividades da celula; seguindo um padrão de conduta alguns alimentos são mais importantes que outros, dai vem o prazer que sentimos. Mas este prazer é mutável. Um ser humano vai viver em função única e exclusiva da busca incessante do prazer, ele poderá dizer que carne é vital, ou cerveja, ou o álcool, ou o chocolate, e irá humilhar as pessoas que simplesmente não gosta deste produtos, e dirá porque você vive se não pode, comer, transar e beber cerveja. Tal ser humano nunca terá a inteligencia suficiente de saber que o prazer é tão mutável, que o que é vital para um ser humano não será para o outro. Tanto faz comer carne, ou ser vegetariano, desde que se consiga a energia suficiente e necessária para manter o organismo funcionando, o prazer do carnívoro será exatamente o mesmo que o vegetariano; não importa em nada a diferença. Tanto faz se a proteína vem de uma vaca ou de um escorpião, ou de uma lesma, ou de um minhoca, se a proteína for assimilável para o organismo o prazer será exatamente o mesmo, independente do alimento que ele como. A única diferença será um fator psicológico, a pessoa terá nojo de comer uma lesma, caso ela tenha sido ensinada a ter nojo de lesma, mas o organismo desta pessoa não fará absolutamente nenhuma diferenciação entre a lesma e a carne, e se ela suportar este preconceito, no futuro ela vi ter tanto prazer em comer uma lesma como um pedaço de carne. As diferenças culturais são baseados nestas premissas, existem civilizações que irão comer, insetos, lesmas, e outros alimentos exóticos e terão os mesmos prazeres daqueles que não comem tais alimentos.

Outro erro crasso do ser humano é pensar que ele é dono do seu eu, da sua personalidade. O eu, diante da evolução de milhões de anos, de um cérebro irracional, e auto-sustentado é praticamente nulo. O eu tem algumas funções é claro, mas diante das funções pré-programadas do cérebro, o eu é totalmente nulo.  E mesmo assim o ser humano é tão burro a ponto de confundir o eu com toda a estrutura mental de um ser humano. Ele pensa, não é a totalidade do ser humano que mata, que rouba, que comete atrocidades, e que tem atitudes totalmente irracional, é o eu. O eu não tem nenhum poder para matar, para sentir ódio, para sentir ciume, para sentir medo, o erro é na maioria das vezes um expectador passivo de si mesmo, que não consegue, de jeito nenhum manipular os dados que chega até ele. O eu, diante da pré-programação do cérebro, diante do sub-consciente do inconsciente, diante da genética, o eu é menor que um grão de areia diante da imensidão do mar. E o poder o eu de alterar a estrutura genética, e inconsciente do ser humano, ou seja dele própria, é a mesma de um grão de areia alterar toda a configuração do mar, ou seja praticamente nenhuma. Então o ser humano vai dizer, quem matou foi o "eu", como se o ser humano tivesse qualquer poder de manipular a sua auto-consciência, quem teve uma atitude, de puro ciume incontrolável, medo incontrolável ou ódio, foi o eu, e não a estrutura mental pré-carregada do ser humano. Este é um dos erros mais elementares, e mais idiotas que um ser humano pode cometer em relação a si mesmo. Achar que ele próprio tem o poder de controlar a si mesmo, o que é um erro indescritível. O máximo que podemos fazer é usufruir das qualidades mentais herdadas, ou das qualidades mentais que foram assimiladas por fatores culturais, e ficar em paz com estas qualidades inatas. Caso uma pessoa nasça com uma personalidade tímida, por mais que ela sofra, por mais que ela compreenda o sofrimento, ela estará fadada a conviver com este traço de personalidade genética pelo resto da sua vida; tal como uma pessoa extrovertida. A dificuldade de uma pessoa tímida deixar de ser tímida é igual a dificuldade de uma pessoa extrovertida deixar de ser extrovertida. A dificuldade de uma pessoa calma deixar de ser calma, e igual a dificuldade que uma pessoa ansiosa e irritadiça deixar de ser ansiosa. Se você nasce extrovertido numa sociedade onde a extroversão é essencial, então parabéns, agora se você nasce tímido numa sociedade onde o tímido e massacrado azar o seu; o mesmo será dará o contrário, você poderia ser extrovertido numa sociedade onde a extroversão é considerado um desrespeito, neste caso você será massacrado igualmente. O ser humano adora personalizar aspectos da personalidade do ser humano. Se uma pessoa nasce para ser psicopata, o eu deste psicopata, não terá absolutamente nenhuma culpa dele ter nascido para ser um psicopata, o eu será um expectador, que tem toda a consciência das atrocidades que comete, mas não terá nenhum poder de alterar a sua personalidade. Este psicopata poderá dizer, o eu dele poderá dizer, me mata, me prenda, porque eu não posso controlar o que existe dentro de mim, e isto será uma verdade absoluta. Ele tem poderá até ter uma consciência disto, mas estará de mãos atadas.  O contrário também poderá ser verdade, pois o eu será alterado dramaticamente pelo material inconsciente, herdade, material genético, material psicologia, material cultural, etc... O eu é parecido com uma formiga em cima de um elefante, esta formiga sabe onde está, conhece o seu caminho, tem total consciência disto, mas está formiga minuscula diante do elefante que é a estrutura inconsciente do cérebro, não tem praticamente nenhuma função além de "saber", de ter uma minuscula centelha de "auto-consciência", o eu, a formiguinha, pode ver um precipício imenso na frente deste elefante, e gritar: cuidado com o precipício, cuidado tome outra direção, mas o elefante continua na sua trilha sem alterar um milimetro, até cair no precipício e morrer. É mais ou menos assim que o eu funciona diante da inconsciência, se o eu gritar muito, muito, muito mesmo, e com uma insistência incansável, se o eu  dedicar cem por cento nesta atividade, sem esmorecer um segundo sequer, pode ser, isto não é uma certeza, pode ser que o inconsciente perceba vagamente o que o eu está gritando, e se o inconsciente achar razoável a gritaria do eu, então o inconsciente poderá alterar o seu modo de pensar, mas isto será uma ação que o inconsciente resolveu tomar, ele resolveu acatar, ou melhor ele achou que a opinião do eu era pertinente dentro de seus parâmetros de funcionamento. O que nunca pode ser esquecido é que o inconciente é o centro principal da personalidade o inconsciente é o poder maior, é o senhor praticamente absoluto, e o eu é um servo, do inconsciente que tem algumas funções que o inconsciente designou para ele realizar, mas o esforço bruto, de manter a percepção, a centralização dos dados sensoriais, a captação dos movimentos e dos feixes de energia, tudo isto é serviço do inconsciente. Para se ter uma ideia vaga, o inconsciente vê os dados brutos da realidade, o inconsciente faz bilhões de cálculos matemáticos por segundo para que possamos nos locomover, ele calcula a força dos músculos, destrincha o emaranhado de informação ao nosso redor, da um sentido a tudo que vemos e ouvimos, e depois destes bilhões de calculas, manda o resumo de tudo isto para o nosso eu. O nosso eu vê a paisagem, mas o nosso inconsciente vê algo parecido com código binários de um computador, e transforma isto em paisagem. Se o eu, fosse encarregado de fazer todos os bilhões de cálculos por segundo que o inconsciente realiza, o eu ficaria paralisado por seculos, tentando calcular as equações. Por exemplo, quem resolve uma equação matemática de uma aula de matemática é o eu, é o eu que vê a trigonometria, os cálculos, as divisões, o eu para resolver um calculo simples demoraria alguns minutos, somando, dividindo, achando o x, etc; enquanto que o inconsciente realiza cálculos infinitamente mais complicados em segundos, sem que o eu, tenha qualquer consciência dos bilhões de cálculos que o inconsciente realizou. E ainda assim, os seres humanos tem a ousadia de achar que quem comanda o próprio cérebro é o eu, e além disto, querer colocar a culpa de um comportamento no "eu", esta partícula minuscula diante de um mar gigantesco.

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