A relação entre o consciente e o inconsciente

domingo, março 30, 2008

A consciência sempre tende para o zero, ou fica próximo deste ponto. A inconsciência sempre tende para o 100, ou fica nesta proximidade.
No processo de aprendizagem a consciência sobe a 100, hipoteticamente falando; a “inconsciência” por não estar estabelecida está no nível zero, isto só serve como exemplificação. A medida que o aprendizado vai se estabelecendo o nível de inconsciência vai subir até atingir o ponto cem, ou o seu máximo grau possível; inversamente a consciência que estava no cem vai descendo até atingir o zero, ou o mínimo ponto possível para ela funcionar. A “inconsciência” é uma reserva de conhecimento, o acúmulo de tudo que o consciente captou e foi sintetizado; guarda “fórmulas” matemáticas já processadas e avaliadas e confirmadas pela consciência, e se torna um modelo de mundo a qual a consciência irá utilizar para interagir com a realidade. Ao invés de criar um modelo sempre que ocorre um evento, e níveis de respostas, é mais fácil guardar modelos prontos (pré-fabricados) e que ficam disponíveis, desta maneira, não é necessário iniciar o processo do zero.
Agora imagine a seguinte situação, a “inconsciência” já catalogou um evento como aprendido, e a consciência por sua vez, determina que este evento está errado. Neste caso, a “inconsciência” está no seu nível máximo, o cem, a consciência que sempre tende para o zero, mantém o seu nível original. Para que a consciência que está no zero, possa mudar um comportamento aprendido que está no cem é preciso um esforço duplicado. Quando a consciência e a inconsciência estavam no seu nível de aprendizado, 100 e 0 respectivamente, o esforço foi “menor” pois não havia um material inconsciente já armazenado. Agora que a consciência e a inconsciência está no seu nível de re-aprendizagem respectivamente 0 e 100. A consciência precisa de um esforço dobrado isto para: 1-) Reaprender um novo material, uma nova maneira de encarar uma situação – MAIS – 2-)Vigiar o inconsciente já que ele sempre tenderá a voltar ao comportamento original. É mais fácil aprender do zero, do que ter que reaprender.
O consciente tem duas aplicações básicas o primeiro é aprender, criar, funções relacionadas ao ato de pensar; e a segunda e servir como intermediário entre o que está acontecendo no agora e a resposta que deve dar ao meio ambiente, o consciente se prende ao inconsciente e na maior parte do tempo fica submetido a suas ordens. O consciente pergunta o que devo fazer agora, e relata o que está acontecendo, então o inconsciente procura uma resposta que seja mais adequada ou que mais se aproxime, e determina rapidamente uma ação. O inconsciente é gigantesco em comparação com o consciente, o consciente é basicamente inseguro, o inconsciente e dotado de certezas absolutas e leis praticamente invioláveis; o inconsciente manda e o consciente obedece, a prevalência do consciência em relação ao inconsciente é muito rara e requer um grande esforço. Por isto o consciente acaba desistindo.

A postura do inconsciente é dar respostas prontas e certezas, enquanto que a consciência sempre paira num mar de dúvidas e incoerências. Quando há uma situação nova o consciente diz ao inconsciente: "O que devo fazer agora? Se o inconsciente não sabe a resposta ele diz para o consciente: "Preste atenção!!". Neste "Prestar atenção", o inconsciente está "pensando", está processando os dados, e quando o inconsciente obtém a resposta ele diz: "Faça isto imediatamente!!". O consciente não age, não toma nenhuma atitude, o consciente é um agente completamente passivo; quem faz, quem acontece, quem toma a atitude é sempre o inconsciente, ele é o agente ativo. Aquele que faz, no ser humano, é regido pelo inconsciente; aquele que fica em cima do muro e demorasse para decidir, é regido pelo consciente. O consciente é reino da "matemática" objetiva do ser, enquanto que o inconsciente é um caldeirão de energias efervescentes chamadas de emoções.

O consciente é dispensável, enquanto, inconsciente é indispensável. O consciente paira num mar de duvidas, indecisões, e tende a procurar uma resposta; o consciente é lento, por estar tateando no escuro, por que as informações necessária para a sua operação não foram "inconscientizadas". Quando uma informação é "inconscientizada" ela se torna um modo de operação padrão, e o consciente é dispensado, e se torna nulo, já que o zero é o seu valor predominante. A consciência ativada é sempre um incomodo, quando as ligações com o meio não estão em sinergia; quando há um problema, e o pensamento, antes "inativo" é ativado momentaneamente até que a solução seja apresentada.

É possível mudar o inconsciente? Todo o processo anterior do pensamento e de resolução, o material bruto sintetizada do consciente, na fase onde estavamos tateando no escuro, é inconscientizado. Transformam-se assim em modos de operação perfeito, que já foram testados anteriormente... Este modo de operação sempre vai se interpor ao material consciente, mesmo que este modo de operação não seja eficiente no agora tanto quanto foi no passado; ocorrendo uma ruptura... O consciente, que é sempre zero, precisa mudar este processo já "somatizado" atraves de uma consciencia pura, ou atenção permanente, ou ainda uma força "positiva", conscientizada, para suplantar o inconsciente, já que o inconsciente sempre, no modo de operação, está no máximo... O consciente não é permanente, não tem uma atuação permanente, o inconciente, por seu lado, sempre está presente, sempre está no "máximo" de sua atuação, o inconsciente nunca dorme, nunca descansa, nunca para; o consciente sim... Já que o consciente é simplesmente um meio pelo qual o inconsciente usa para resolver problemas ainda não resolvidos. Sendo assim, a mudança do inconsciente é um processo extremamente complicado e dificilímo; em alguns caso pode até ser considerado como impossível.

Sumário da Consciência

domingo, março 23, 2008

Ser belo não é necessariamente ser belo. A beleza está incutida na consciência. Quando se vê a beleza, esta vendo a beleza que se encontra na consciência. Só a consciência e a identificação com ela pode ser compreendida como beleza. Aquilo que está lá fora, para a consciência "não existe", ela age como se não existisse este "lá fora". Para ela, o que existe é um ponto flutuante que é captado, retornando para ela mesma. Como um espelho, ou um eco... Ela vê "lá fora" e sintetiza, e retorna... Um espelho que é a imagem, tal como também é o reflexo desta imagem. Como um circuito integrado... É necessário existir dois pontos, dois aglomerados contínuos de "existência", um que dá o impulso primário e outro que rebate este impulso primário, e o primeiro ponto, pela identificação de si mesmo, analisa o segundo ponto e retorna uma resposta; formando um conjunto de pontos integrando uma realidade dentro de um espaço-tempo qualquer.

Porque é difícil mudar um comportamento?

Existe uma tenacidade insistente para mudar uma simples "molécula" do pensamento. Mesmo que o ser em questão queira desesperadamente mudá-lo. Para a mente não existe diferença, o que ela realmente quer é manter um padrão organizativo estável; mesmo que para isto ela coloca em risco a sobrevivência do individuo. O cérebro precisa de provas inconteste de que este novo padrão realmente é factível, e não um delírio do ser.

Há uma diferença enorme entre o "ser-pensando" e a máquina a qual ele está submetido, ou aprisionado. Os dois são seres intrisecamente diferentes e divergem exponencialmente em ambitos opostos. Quem senta diante de si, pensando que o seu pensamento é um escravo do seu pensamento está errado, ele é que é escravo do seu próprio pensamento; isto inclui: todo o material pensado anteriormente (consciente) e que agora faz parte do seu inconsciente, a sua genética comportamental, o funcionamento bio-quimico do cérebro e as suas potencialidades e deficiências, os exemplos e a educação recebida pelos seus pais e a sociedade, que são amostras de ações já catalogas e aprovadas por um consenso anterior.

O individuo pensante deve lidar com o seu próprio cérebro como se "ele" não fosse "ele-mesmo", e sim um outro ser, distante de si mesmo. A mesma impressão de distanciamento que temos ao falar com um outro ser, devemos ter conosco mesmo. Porque o distanciamento é efetivamente o mesmo, e a possibilidade de mudar o pensamento é praticamento o mesmo. Convencer a si mesmo que um pensamento nosso está errado e não vai nos conduzir a um propósito bom é tão difícil quanto convencer outro ser. Por isto, devemos conversar conosco mesmo como se estivéssemos falando com uma outra pessoa, e explicar porque este pensamento está errado com detalhes pormenorizados; falando-nos didaticamente, como se estivéssemos convencendo uma criança de 5 anos de idade, é que é pirracenta e mimada e cheia de limitações de entendimento. Só assim conseguiremos ter um aproveitamento completo do nosso próprio intelecto.

A mente é constituida por milhares de circuitos que não estão totalmente a serviço da razão consciente, são partes ancestrais que vieram da nossa herança genética, e fazem parte da nossa inconsciência; ou um sistema de pensamento onde o ato de pensar e repensar não estava a nosso serviço. Nos mantínhamos em estado de "irracionalidade"; estas partes estão funcionando e interagindo com a porção consciente do nosso ser, e neste embate, lados opostas estão em duelo constante, formando uma dicotomia entre a razão e as emoções, entre a lógica e a intuição; são dois seres distintos e que agem de forma diferentes, apesar de serem amalgamados num mesmo todo.

sábado, março 22, 2008

Há uma propensão enorme em sermos o que realmente não somos. Tudo principia em saber o que realmente somos, e o que realmente queremos e mais, no que vamos nos transformar com o tempo. Pois estamos nos estendendo numa tênue linha, que separa dois continentes, e perfazemos este trajeto sem saber para onde iremos. Devido a uma infinidade de possibilidade, o nosso caminho e sempre alterado, e no fim da trajetória, se existe realmente este fim delimitado, nós seremos algo diferente daquilo que pensamos.

Saber não é saber, estamos sempre no "quase"; e nos expressamos neste quase, e em muitos termos, ganha ares de certeza absoluta, mesmo ainda sendo um quase... Aquele que por acaso soube, errou em seu saber, e por estar errado, conseguiu alcançar o acerto pretendido. Mirou no invisível e o invisível guiou a sua mão, e acertou sem nem ao menos saber onde estava mirando, mas acertou, e este acerto é o acerto correto, que vem da alma do coração.

Ser

domingo, março 16, 2008

Sou abstraído do pensamento. Pois pensar é ver além do que os nossos olhos enxergam. Ver é uma instituição básica, compreender vai muito além, e sentir passa da lógica para a intuição. Intuir é ver com o coração sem se prender a matemática. Todos aqueles que definiram, estavam definindo a si mesmo; delineando o seu próprio contorno, não saiam da esfera da sua pobre percepção obsoleta. Ver com os olhos da razão é uma simplificação, ver com os olhos do coração é uma síntese absoluta; pensar e pensar e multiplicar a realidade em fatores diversos que torna tudo confuso; uma nuvem dispersiva... Deixo os meus olhos verem e a visão me guia para um caminho, vou vagando imprecisamente, como que navegando pelo vento num mar plácido sem se me opor a nada; estou diluido na visão é penetro numa ilha distante... Vou catalogando emoções, e raciocinando pela tangente, esquecendo os meus próprios sentimentos (anulando o meu ser); adentro desta forma, na essência do que é o objeto. Não sou um campo de especulação, e nem um ordenador casual, vou definindo sem me definir, coordenando sem ser coordenado, e não me prendo a nada. Sou livre, livre principalmente de mim mesmo; porque não tenho anseios (eles já foram saciados), não tenho desejos (eles já foram saciados), não tenho necessidades (elas já foram saciadas)... deste modo, abre uma porta para eu simplesmente SER.

Solidão

domingo, março 09, 2008

Há uma solidão que transcende o sentido de solidão; não é captado como solidão e sim, como um sentimento de falta, de insuficiência, um buraco na alma que não é entendido racionalmente é apenas sentido como uma desilução, um desanimo generalizado, um extremo sentimento de abandono, não dos outros, mas de si para si; quando os desejos não são saciados e são um a um dispensados por inumeros motivos. Chega num momento onde a voz se cala, pois não encontra reverberação em nenhum ser vivo, a sua voz deixa de ser ouvida, por falta de receptividade (esta voz que é a essencia do seu ser); a personalidade é eclipsada, pisada, e tratada como se fosse um "monstro", um amontoado de lixo insignificante... Daí vem uma vergonha existencial, para fugir é necessário "não-ser"; abandonar-se numa sarjeta qualquer; o impulso vital é minado pouco a pouco e se vive apenas por se viver. A morte já ceifou a vida, o que sobra é um esqueleto, que não morre por uma minúscula mancha de esperança... Os dias passam como um tormento...


Só há uma opção à seguir, acalentar o seu sonho, não importa o quanto ele seja absurdo e inverossímil, só você poderá entender... dar vazão aos seus desejos, independente do que os outros irão pensar. Sempre houve resistência por todos os lados, os primeiros sempre foram julgados e muito condenados, depois da morte, muitos foram abençoados e endeusados e chamados de gênios. Enquanto todos diziam que a terra era o centro do universo, e tudo girava ao redor dela, eles falaram que a terra girava ao redor do sol e este sol é um pontinho solitário entre milhares de outros, diziam isto, entredente, baixinho, e só eles escutavam... Mas apesar de disfarçar, e pairar numa nuvem de hipocrisia, não abriam mão de sua opinião, isto, seria abrir mão de si mesmos, e ai, eles não poderiam mais viver.


Graças a isto, devemos dissimular, esconder os segredos que poderão nos colocar em perigo; viver como se não fossemos "assim"... A pior violência que se pode fazer a um outro ser humano é a gargalhada, o escárnio, a humilhação que é tida como simples brincadeira. Eles riem e acham isto normal, e defende a sua risada, o seu torpe prazer pequenininho; e se o motivo da gargalhadas fossem "eles". O que eles sentiriam, o que eles achariam? Quando não se enquadra num padrão pré-definido, seja ele um padrão de beleza determinístico; sente a solidão do abandono, quando o individuo está desvinculado da sociedade, e este ser, pode tanto se transformar num depressivo suícida ou num homicida monstruoso; ou quem sabe viver uma vida de mentiras...

O significado e não ter significado

A vida pode pressupor um significado, que é, um grande dilema para colocá-lo em pratica. O significado por dar uma direção a vida a qual, com esta objetividade, não se perde, e segue um rumo próprio; e será orientado por todo um conjunto de regras e valores. Que a principio, terá uma razão lógica, ou a busca de um estado emocional de plenitude, e isto só será valido para o individuo que pensa em seu determinado modo de orientação. Não será valido para nenhum outro. Acontece que os significados, por mais razões que o acompanhem, são sempre carentes de significado, não tem valores em si mesmo; e como inventar distrações para ter uma ocupação, e evitar o "ócio", ou, a letargia. Estando num elevado grau de ansiedade procuramos cada vez mais "atividades", e quanto mais "atividades" encontramos, paradoxalmente, mais ocioso é; e a inatividade vindo desta atividade passa a ser somente um meio de fuga. Quem vê a realidade deste modo, enraivecido pela falta de "sentido", e pairando em meio a uma briga interior, fica divido entre a busca por uma solução, sabendo-se que esta busca não existe, iludi-se; concebendo isto deixa de buscar um sentido, então, o sentido vem da onde não haveria de vir, e o sentido acaba prevalencendo. Com a mente livre, ele pode enfim olhar para si e para os outros com convicção e sentir-se preenchido.