quarta-feira, dezembro 19, 2007

Na paisagem submersa do ser, entre as névoas que recobre a sua verdadeira identidade, ou antes dela ter se formado, ou depois... Porque nada se formava de coisa nenhuma, tudo existia anteriormente, num estado anterior de simulações de eventos acidentais. Num minúsculo cubículo, chamado solidão, e num grande recipiente chamado duvida, a insegurança perambulava feito um zumbi errante, entrando e saindo, incomodando; no furor dispersivo entre uma força esmagada, tolhida, e um desejo, pré-selecionado, aprisionado, boiando entre símbolos arquetipicos de uma irradiante presença corporal perfeita. Não era abstrato, e nem subjetivo, era subjetivado por um meio externo, e era uma nuvem incorpórea sem formato definido, pairando entre um ponto e outro, querendo obter um aspecto peculiar, uma razão de ser; mas as forças dispersivas, indo em direções contrária, sempre em direções contrárias, minavam qualquer possibilidade... e rareando, numa dissipativa absoluta, foi, paulatinamente agregado por outras formas. Porém, a sua identidade primaria, não foi morta totalmente, o que acarretava vários transtornos. Pois, dentro de uma forma já estabelecida, existia um conflito que o puxava para um lado e outro, ele, pouco a pouco foi se despedaçando. Era um turbulenta nuvem de medo, e insegurança que não se limitava a si mesmo, que depreendida, atacava as outras formas, e outras formas, tomadas pelo medo, pouco a pouco se desintegravam, e voltavam a ser uma propriedade diluente.

A fuga perfeita

domingo, dezembro 16, 2007


Há uma fuga para além de si mesmo. Não fique restrito ao que tu chamastes de "EU". Fuja deste conceito improcedente, egocêntrico, e limitado. Não veja a si mesmo como um ser, e nem mesmo como algo palpável, pois não é... Olhe para além de si mesmo e veja, na total diluição, o fim de todos os fins, e o começo de todos os começos... Tenha esta percepção na sua mente. Quando o ser desaparece, surge a união com o todo. O individual não pode morar no todo, e nem o todo pode morar no individual. O todo mora na descentralização do ser, e na sua total fuga, na sua total eliminação. Se proceder desta maneira, alçancará a liberdade almejada, se não agir desta forma. Estará preso, e quanto mais se enfiar neste conceito ilusório, mais preso estará. Quando o ser dorme, na sua morada eterna, a vida ganha todo o seu potencial, e através deste novo enquadramento a sua existência ganhara um prisma de variedade infinito. O ser, por estar unicamente limitado a sua visão, sempre vê o que lhe interessa, o que serve para a sua satisfação intima, que é moldada pela ausência de uma concepção de totalidade, por isto, a busca não se extingui nunca. Quanto mais correr na direção desta busca, mais o vazio que mora em seu ser aumentará, e a visão do ser ficará obscurecida pelos seus preconceitos. A ausência de preconceito é impossível quando se tem um "ser" a se defender. Ter um "ser" significa criar laços e conceitos que só são validos para si mesmo, e isto, por mais que não se queira acreditar, cria preconceitos infinitos; porque na criação deste "seu ser", você precisa excluir com todas as suas forças tudo o que é o seu "não ser"; ou aquilo que é diferente da sua disposição de espírito, a sua visão involuntária da realidade.


O "eu" é uma farsa da identidade

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Olhar, perplexo para si, e reconhecer-se, como sendo você mesmo... Um grande olho, de nós, nos olhando e reconhecendo a nossa fragilidade, seja ela emocional, física, social, ou monetária, diante deste monstro cruel, e gigantesco; este grande tribunal de conceitos, opiniões, rejeições, afetos e desafetos, criticas, desejos realizados ou não realizados, o mundo convencional do nosso cotidiano, a nossa sociedade, o lugar onde o ser psíquico se refugia... O ser real nunca é real, porque é um entrelaçamento de sentimentos que não nos pertence, a qual vamos recolhendo ao logo da nossa vida. O trauma, é uma condição essencial para a formação da personalidade, ou a sua total desintegração, apesar, de ser um evento psicológico, pela sua disposição e tempo, é tão grave e debilitante quanto um derrame cérebro. A personalidade é feita em torno deste trauma e a sua vivência passa a ser totalmente diferente, muda o seu enfoque e a maneira que a realidade é vista; chega a um ponto que voltar para trás é praticamente impossível. Tudo o que você conhece como sendo "você" foi construído ao redor deste trauma. Portanto, por mais forte que seja uma pessoa, é impossível, ficar impassivo diante de um trauma gigantesco, é impossível, não se despersonaliza-se a ponto da sua nova vida ser totalmente diferente da anterior. Todo trauma cria uma despersonalização, e a personalidade de cada um, é no mínimo, uma junção de condições internas e externas, minimamente satisfatória. Qualquer alteração seja ela interna ou externa, vai destruir completamente o seu "Eu". Se você é "feliz", um trauma pode mudar totalmente esta disposição de espírito, ou vice e versa. Acontecimentos externos tem o poder de alterar a nossa personalidade. E o "eu", nunca se refere a pessoa em si, refere-se muito mais, a como um "cérebro", diante de um mundo e situações irá reagir, irá se adaptar. O eu é muito mais uma reação adaptativa, do que a individualidade de um ser.

O amor Real

domingo, dezembro 02, 2007

Tudo definisse em torno de dois paralelos, que são antagonicamente decididos, é que pode parecer um tanto "disparatado", ou "romântico", mas que no fundo, é uma progressão matemática, lógica e calculista. O paralelo do amor, e o paralelo do medo. São duas forças, que empurram o ser para um lado e para o outro, e num vai e vem, o ser fica viajando por duas vertentes, ou pela fuga, o que é um erro, ou, pela aproximação, que também é um erro.

Quando o amor chega é necessário nega-lo veementemente, com todas as forças do seu ser, o amor é um excesso de fragilidade, uma doação egoísta entre os seres; uma compaixão que nada alimenta e nada alicerça. Amar é girar ao redor do outro, cria dependências terríveis, e o ser, que ama, acaba, sempre, por deixar de se amar. Perde a capacidade de amar a si mesmo. Ou o ser é verdadeiramente, e coloca o foco em si, ou transfere este foco para o outro; o amor para o outro, nunca é amor real, é amor transmutado no medo. Porque o que determina este amor, não é o amor, e sim, o medo... Medo de não ser suficientemente forte para enfrentar a realidade, com soberania e determinação. O amor real, pode parecer egoísta, mas o amor verdadeiro, é altruísta, na sua solidão, e o amor de mentira, pela sua "expansão" e ligação de dependência com outro, por mais que uma faça o "bem" para o outro, é considerado sempre um ato de egoísmo e de mútua dependência, sempre baseada no medo e na solidão interna - quando o ser ausenta de si mesmo...

O pensamento é pesado, o desejo é pesado, o esquecimento é leve...

O pensamento cansa, o pensamento suprime, o pensamento gira e não encontra nenhuma saída; o fim do ato de pensar causa um grande alivio, é uma libertação de uma masmorra -; autoconceitos, pré conceitos, gatilhos de pensamentos em escala - um depois do outro - na sucessão do ir e voltar, um frenético movimento incontido; perde-se a visão, tudo fica turbulento: - a realidade se torna um oásis de inseguranças e possibilidades impossíveis, padece a alma, o todo; não há saída a não ser o fim do ato de pensar.