Pessoas normais X pessoas anormais – o preconceito máximo

sábado, fevereiro 24, 2007

Na civilização ou naquilo que se conjecturou-se chamar de civilização, que é um agregado disforme e injusto de pessoas vivendo egoisticamente e mercenariamente, onde todos são inimigos potenciais uns dos outros independente de serem bandidos ou principalmente não.

Existem dois níveis de existência a normalidade ou a anormalidade, são dois guetos principais que orientam os princípios mais nobres e dignos do ser humano. Se você é “normal” obviamente só ira se relacionar com outros que também são “normais”. Agora os “anormais” por serem “anormais” e carregar todo tipo de anormalidades genéticas ou não, por exclusiva falta de opção, só, obviamente, poderão conviver com outros anormais. Esta é a lei inquebrantável que orienta a sociedade.

Anormais e normais, ou esquisitos e não esquisitos nunca em nenhuma hipótese podem ter um relacionamento mais intimo. A não ser se um normal gerar um anormal, ou vice versa, em caso de parentesco poderão ter um “relacionamento” mais intimo, por pura obrigação é claro, mas, é obvio que ele sempre será tratado como um idiota e com indiferença. O relacionamento entre o anormal e o normal sempre será numa escala entre desiguais, e a desigualdade sempre será a marca registrada, nunca, em nenhuma hipótese, terá um relacionamento de igual pra igual, isto nunca, nunca...

Os normais, por “piedade”, por “compaixão” poderão tratar os anormais como tratariam uma “ameba” invalida esquálida e deformada para ganhar egoisticamente pontos no céu ou para provar para si mesmo o quanto são solidários e dignos do amor de Deus (Deus que é sem duvida alguma o anormal mais anormal que já existiu no universo). Mas nunca, em hipótese alguma, haverá um relacionamento de amizade, amor verdadeiro, ou paixão e namoro, por um anormal, isto nunca, nunca... Um normal nunca sentiria este tipo de afetividade por um anormal. Ele guardaria a sua vida privada e particular, domestica, para ourtros “normais”, nunca em hipótese alguma para um “anormal”, isto decididamente nunca... Mesmo porque o “normal” busca um tipo de prazer egoísta (sarcástico, zombeteiro, escárnio e sexo violento) que só um outro “normal” egoísta poderia lhe oferecer, nunca um “anormal” problemático como eu. Ninguém tem paciência e amor para suportar um anormal principalmente quando ele tem anormalidades físicas como eu, somos cruelmente excluídos sem dó nem piedade, jogados num gueto qualquer, no meu caso o meu quarto. Longe da convivência com os “normais”.

Na escala da normalidade e anormalidade é proporcional a diferença que existe entre o normal e o anormal, quanto maior for a diferença maior será a separação e consequentemente maior será o nojo, o asco (as humilhações e os sarros), que o normal sente em relação ao anormal. Os anormais ganham colorações em vermelho e tons de vermelhos e os normais colorações com tons de verde, gerando uma escala cromática, através desta escala o relacionamento será executado. Um verde nunca poderá ter um relacionamento intimo com um vermelho, o vermelho esta proscrito da vida social, existira no máximo um relacionamento horizontal e nunca vertical, obliquo e nunca reto, entre o chefe e o subalterno, ou entre o perfeito e o defeituoso, entre o salvador e o salvado, entre o herói e a vitima, entre o medico e o paciente, entre o sábio e o ignorante; sempre existira uma diferença, sempre... nunca em hipótese alguma será um relacionamento de igual pra igual. E se alguém falar o contrario estará mentido.

Por isto, só posso conviver e ter amigos verdadeiros e namorada com outros anormais como eu, nunca com um normal. E sempre serei tratado como o Diferente e excluído das “conversas profundas” e particulares dos normais. Como se fosse uma criancinha, ou imbecil, ingênuo e ignorante, que não podem ouvir certas coisas. Esta é a única vida que posso almejar. Me relacionar exclusivamente com outros anormais como eu e estar fora do alto nível dos normais, estar sempre num nível de inferioridade (complexo de inferioridade) e ser eternamente visto como um inferior ou coitadinho. Viver eternamente excluído no gueto da anormalidade e por isto nunca vou perder esta “anormalidade” que me caracteriza, muito pelo contrario esta anormalidade vai aumentar todo dia. E este o único destino que me resta viver. Não há nenhuma outra opção. A sociedade é e sempre será uma teia de relacionamentos onde o preconceito é e sempre será perpetuo, a hierarquia e a hierarquização sempre será o único meio de relacionamento entre os seres humanos, a existência de camadas de importância e de castas sempre ira permear a convivência ente os seres, sempre... As pessoas nunca irão aceitar ou compreender um Deus Onipresente que está integralmente presente em todas as escalas de ida ou existência independente de ser a forma de vida mais abjeta ou a mais perfeita, ou a mais grandiosa ou diminuta... Para Deus não existe bom ou mal, psicopata ou bandido, perfeito ou imperfeito, feio ou belo, anormal ou normal, inteligente ou burro, alto astral(engraçado) ou deprimido(triste, pessimista), famoso ou desprezado, importante ou sem importância; para Deus que é Onipresente não existe nenhuma diferença, nenhuma separação, nenhuma barreira, entre ele e o resto do universo, nenhum nível diferenciado de relacionamento... Todos, para Deus, são amados IGUALMENTE. E esta, pelo jeito é uma lição que os seres humanos nunca vão compreender.

Vamos destruir a humanidade

Não importa o que o bandido faça ele sempre esta certo e a humanidade errada. Esta é a colocação que deveria ficar fixada na mente das pessoas. Querem a paz, ou algo parecido, para que eles vivem felizes enquanto o resto da humanidade sofre. Eles querem ficar felizes, mas não perdem nunca a oportunidade de humilhar os outros. É uma felicidade egoísta... E é nesta humanidade que vivemos. Que defende a “valorização” da vida (vocês estão defendendo a vida de quem?) e o pequeno e imundo direito de ir e vir (só se for dos ricos, para transitar no capitalismo só com muito dinheiro, o pobre não tem este direito).

O bandido pelo menos é honesto, expressa o seu ódio e violência ao contrario dos outros que são tão violentos quanto só que mentem... É por isto que eu defendo a destruição da humanidade. É humanamente impossível viver nesta sociedade. Não por causa dos psicopatas ou dos criminosos, mas, principalmente pela ação das pessoas normais, estas é que são verdadeiramente os verdadeiros bandidos. Com aquela hipocrisia impar, com aquele maniqueísmo idiota, com aquela carga imensa de violência devidamente disfarçada, com a indiferença e a omissão gigantesca, e com o riso sarcástico corrosivo diante das diferenças. Existe bondade na humanidade? Com certeza não!

Muitas “mamãezinhas” se preocupam com os seus “filhinhos”, “filhinhos” super-protegidos. “Cadê o meu filhinho, ele ta demorando, só vou ficar tranqüila quando ele chegar”. E quando ele chega é a maior felicidade. Mas, obviamente, a mamãezinha que se preocupa como o mundo vai tratar o seu “filhinho”, não se preocupa em como este seu “filhinho” queridinho vai tratar o mundo. Quantas pessoas foram humilhadas, estupradas, violentadas, achincalhadas, por este seu “filhinho”. Nunca uma mamãezinha vai dizer: “Não humilha ninguém, senão você vai apanhar seu cafajeste”. Dizem: “Cuidado com isto... cuidado com aquilo outro. Não chega tarde. Te cuida”. Ninguém educa os filhos para tratar bem os outros e respeitar o próximo, só querem que o filhinho seja respeitado, mesmo que este filhinho não respeite nenhum filhinho de outra mãe aflita. A humanidade é assim. Puro egoísmo. Se está tudo bem comigo que se foda o resto da humanidade que morram os pobres, os excluídos, os doentes, os marginalizados, os deprimidos, os problemáticos, os anti-sociais, etc. Agora uma sociedade pode ser sociedade sem se preocupar com o bem estar do próximo? A sociedade só é sociedade pra quem se beneficia com o fruto desta sociedade, para os outros, não há sociedade alguma... Quando um louco deprimido, revoltado, comete um crime hediondo ele deve ser punido, na visão maniqueísta da sociedade, e por ter nascido nela ele sintetiza com exatidão todos os valores existentes na sociedade. O bandido é o espelho da sociedade que o criou. Eu tenho medo, profundamente, das pessoas que não se julgam bandidos, estas são as piores... Se você encontrar uma destas pessoas num bar, por exemplo, elas irão tirar sarro, não vão te respeitar, se tiver um nariz grande, adeus, vai ser vitima de chacota, se o seu cabelo for esquisito ou a sua roupa cafona, mais humilhações, se o seu corpo não for perfeito, idem, humilhação... E se o ofendido se irritar e pegar um revolver ele será considerado um monstro enquanto aqueles que o humilharam será considerado um santo. Maniqueísmo. Maniqueísmo. Maniqueísmo. E está a sociedade que vivemos. Que prega direitos enquanto humilha os outros. Que prega paz enquanto humilha e tira sarro dos outros e dão gargalhadas homéricas quando vê um defeito. E esta a sociedade que quer viver em paz?

Quem nunca humilhou o próximo? Quem respeitou integralmente o outro em corpo e alma, no fundo do coração? Quem nunca “pecou” que atire a primeira pedra contra o primeiro psicopata que aparecer. Obviamente, não sobra ninguém. Todos são bandidos, principalmente aqueles que dizem que não são. Ninguém nesta terra tem o direito de pedir paz. Todos merecem viver no inferno que todos (bandidos e mocinhos) ajudaram a criar. Esta é a sociedade perfeita para todos viverem. Os indivíduos respondem violentamente a uma violência anterior. A sociedade inteira está doente principalmente os “mocinhos” que naturalmente tem a alma de satanás. E os bandidos são as verdadeiras vitimas desta sociedade truculenta e completamente injusta.

“É um clima de insegurança”. “Nós ficamos presos e os bandidos soltos”. “Coitadinho de nós!”. Reclamam de quê? E esta a sociedade que construíram. Querem outra sociedade criem outra sociedade sem desigualdade social e amem integralmente a todos. O primeiro que deixarem de amar vai ser o primeiro psicopata a se revoltar contra a sociedade.

Preciso de uma namorada urgentemente ou a minha doença

Eu já disse que queria ser escritor (sempre me repito, detesto me repetir, isto é um play-back inconsciente, uma idéia fixa), mas, obviamente a minha auto estima baixa não me deixa. Também gostaria, em regime de urgência, arrumar uma namorada, mas não posso... Quem foi que disse que querer é poder? Nada mais errado. Nós sempre estamos condicionados a uma personalidade; e não conseguimos sair deste personagem... No meu caso, além da auto-estima baixa, tem também a auto-imagem negativa, que me diz o tempo todo que sou horrível. Do lado da auto-estima baixa há a passividade crônica e por cima a auto-critica monstruosa e nos interstícios disto tudo está a insegurança ou a duvida atroz e esta rodeada pelo pessimismo grandiloqüente e nos espaços restantes está a auto-piedade que dá suporte a todas estas emoções e as envolve por todos os lados, e para suportar tudo isto foi criado uma imaginação delirante, um pequeno ópio para as emergências... e amalgamando tudo isto, como um elo de ligação está o pavoroso medo e a ansiedade paquidérmica que também estão em sintonia com a tensão constante ou estado perpetuo de pânico, originando uma catastrófica angustia existencial...

Bem este é o começinho da minha doença. Pois ainda tem os aspectos mais “ativos”. Pra contrabalancear a auto-estima baixa e o complexo de inferioridade enorme foi criada uma arrogância delirante, ou um complexo de Deus inverso, que é infinitamente centuplicado pela ação da imaginação. Para tentar curar a carência extrema o mecanismo antagônico, gerou o ódio pela humanidade ajudado pelas humilhações permanentes e diárias que sofri.... A minha auto-critica inibiu totalmente a minha ação e censura cada gesto e pensamento o resultado é a acumulação constante do lixo emocional. No centro disto tudo está à carência que gera um amplo leque de emoções negativas entre elas o ciúme, que é uma das piores. Isto tudo é a ponta do iceberg. Ou a parte consciente que consigo enxergar e entender. Existe também o inconsciente e subconsciente.

Diante disto tudo não consigo enxergar nenhuma outra opção senão a morte. A morte, a vida, o eu, a consciência e o ser, a existência, ou tudo ou nada, porque quando nascemos somos um tudo e depois quando morremos somos um nada, tudo isto fazem parte da minha angustia existencial que tento sanar inutilmente com o pensamento semi-cientifico, já, que, obviamente, a minha auto-estima baixa não me permite ser um estudioso verdadeiro. Na carência sentimos falta de amor e como não conseguimos ver este amor dentro da gente, talvez porque somos míopes, procuramos este amor fora de nós. Daí vem toda a confusão e todo o sofrimento. Sempre estaremos presos ao objeto externo e como esta união nunca será perfeita ou integral a insatisfação marcara sempre a relação com o outro. O melhor seria nos auto-centramos e procurar nos amar unicamente. Fechar, totalmente, os olhos para o mundo exterior. Recolhermos infinitamente em nosso interior. Porque se há uma ausência de “tudo” na carência também há uma presença do “tudo” na negação deste “tudo”, ou do mundo exterior.

Um tímido nunca deveria se apaixonar

Eu tenho um ódio terrível daquelas pessoas que dizem: ”Você precisa sair”. É obvio, é claro, me diz uma coisa que não sei, me diz uma coisa que eu possa fazer. Falam isto como se fosse a tarefa mais fácil do universo. Pode até ser, para um extrovertido, não para um tímido como eu. Nada me irrita mais do que isto. E o pior é o sofrimento que sinto. Não poder sair, não poder ter amigos, não ter nenhuma vida social, muito menos uma namorada, não ir para bares, restaurantes, shows, espetáculos, boates, etc... E ainda as pessoas querem ou esperam que eu faça tudo isto absolutamente sozinho. Alguém vai para estes lugares sozinho? Mas eu que sou tímido, extremamente tímido, sou obrigado a ir sozinho e começar de uma hora para outra a falar descontroladamente e perder a timidez instantaneamente, só se eu tomasse um porre. Eu, o tímido, preciso competir em pé de igualdade com os extrovertidos, na casa dos extrovertidos. É isto o que querem de mim. E como não posso. E não tenho esta capacidade em mim ou grande força...

Então isto significa que nunca vou arranjar uma namorada. Nunca mesmo. Pois nunca vou conseguir sair. O tímido, este mentecapto eterno, deveria nascer sem a capacidade de amar, sem a capacidade de sentir solidão. O tímido deveria ter um embotamento emocional crônico, e principalmente, nunca se apaixonar. Para mim, não existe emoção mais terrível e perniciosa do que a paixão. E infelizmente eu me apaixono invariavelmente deste o prezinho e de lá para cá nunca mais parei de sofrer. Mesmo que a paixão seja uma erupção de descontrolada de emoção, ela, apesar de ser poderosíssima, não consegue nem ao menos arranhar a minha timidez. Sempre tive paixões platônicas nunca correspondidas, e a maioria absoluta das mulheres por quem me apaixonei nunca ficaram sabendo de nada, nunca tive coragem de me declarar pra ninguém. E mesmo se declarasse a minha paixão iria desistir imediatamente no primeiro não. Não ficaria insistindo como os extrovertidos fazem. Por isto, e por outras coisas deveria existir uma lei criada por um Deus piedoso que proibisse terminalmente a um tímido de se apaixonar. Um tímido, como eu, nunca, em nenhuma hipótese deveria se apaixonar, nunca, nunca, nunca, mil vezes nunca...

E o tímido, ou toda pessoa como eu, só deveria ter desejos anti-sociais. O tímido, ao ver uma pessoa, bonita ou feia, deveria vomitar de nojo, deveria ter uma ojeriza do tamanho do universo por qualquer pessoa. Nunca um tímido deveria ter nenhum sentimento de amizade por ninguém, nunca se afeiçoar por ninguém, não ter nenhum tipo de sentimento por ninguém... Se apaixonar é mil vezes pior que a abstinência por cocaína, ou por qualquer outra droga, e ninguém merece sentir uma dor colossal como esta.

Todos os tímidos que existem no universo deveriam só sentir prazer por livros, musica, pelo estudo, pelo trabalho... O tímido deveria ser obcecado por estas coisas. Ao ver um livro chorar de tanta emoção e ao ler sentir um êxtase espetacular. Ou então ser obcecado pelo trabalho, nunca, nunca, nunca, por relacionamentos afetivos. O escritor tímido deveria pensar 24 horas no seu trabalho e o seu único prazer seria este; assim como o pintor, ou qualquer outra profissão que o tímido escolha. O tímido deveria ser feliz, imensamente feliz, por tudo aquilo que não é uma pessoa e somente por tudo aquilo que ele consiga obter, ou que a timidez lhe permita fazer. Qualquer coisa que fosse o contrario disto deveria ser barrado implacavelmente. Se existisse um Deus piedoso esta seria a vida própria para o tímido.

Não esta vida “reprimida”, sentir desejos imensos, grandiosos e nunca, nunca, nunca, poder saciar estes desejos. É um milhão de vezes, para o tímido, mais fácil destruir estas emoções e estes desejos que imploram para ser saciados, do que vencer a timidez. A timidez é mais forte e poderosa do que todo o universo junto. A timidez congrega todas as forças de todas as estrelas do universo e de tudo o que existe e que não existe no universo. Quem é tímido sabe que existe uma multidão dentro dele querendo sair. O tímido, apesar de parecer único não é único, é uma constelação de espíritos. No mínimo, é sempre dois seres, um sempre está vigiando o outro... censurando, analisando, recriminando, julgando... Se Deus fosse tímido, nem Ele, mesmo sendo onipotente, onisciente e onipresente, conseguiria derrotar a timidez.

As palavras

Só as palavras reinam absolutas no mundo da ação. Não! Nem poderiam ser de outra forma. As palavras, esdrúxulas ou não, só reinam no campo da expectativa, na tensão, no caos da inércia. Elas não têm nenhum poder, só para quem sabe reconhecer a verdade e determinar a ação. Fora disto, elas são oca e não tem significado nenhum. As palavras são o esqueleto da ação, no entanto, as emoções são o corpo deste esqueleto. Quem sabe agir ordenadamente, também sabe organizar a sua palavra, cambiando experiências numa ampla rede de significados. Quando a palavra é boa ela rege a ação, quando ela é má não regera nada, ficara perdida, não encontrara nenhum caminho para expressar a sua ação.

A palavra deve ser dinamizada pela força da razão e da emoção, só assim ela ganha experiência e significados profundos. Uma palavra sem o acesso aos significados perdem o seu sentido e sem o acesso a ação que esta implícita também perde o seu sentido. A palavra só tem valor quando ela ganha um conjunto de significados, moldados pela razão, e que evidenciam uma ação correta. A palavra também precisa ser aceita e marcada psicologicamente para gerar novas indagações e reflexões e por fim dirigir a ação. Sem isto a palavra não tem nenhuma importância.

O sonho do quase ser

Um dia tive um sonho. Um sonho onde era real. Quando acordei percebi que estava enganado. E voltei a dormir. Dormindo continuei insistentemente a sonhar que era real. Inconformado voltei a acordar... e tudo mudou.

Definitivamente não era real. Não queria mais dormir. Preferia ficar acordado. Mesmo que isto signifique a revelação. Ao dormir se esquece quem se é e é tomado por um outro ser. Um ser mais real e verdadeiro que nós mesmos. Tal revelação me deixou desnorteado e intrigado. Não saber quem se é, desconfiar; não ter um elo com o real. E se desmistificar... Nós somos uma invenção de nós mesmos, ou algo em paralelo, que co-habita em nós. Um quase ser... Que acordado esquece a sua existência e quando dorme volta a existir. É um enigma irresoluto. Que não se resolve por si mesma. Precisa... de uma peça externa. E esta peça pode ser um Deus qualquer. Tomado de pavor. Levantei-me semi atordoado. Tentando captar alguma sombra de luz que pudesse indicar um caminho. Sou um sonho. Um simples sonho desperto. É um acinte a minha existência. Tão fatídica e pouco produtiva... Cansado de pensar. E num torpor que antecipa a morte. Não tive escolha. Voltei a dormir. E dormindo tive um sonho. Neste sonho além de ser real também estava vivo. Fiquei radiante. Finalmente a vida voltara. A minha vida era formosa e bela, tinha até mesmo um corpo... não sei se era de homem ou mulher. Mas era um corpo forte e vigoroso. Tenho até mesmo uma personalidade. Enfim eu era alguém. Emoções percorriam o meu corpo, a sensação de estar vivo é fantástica. As “coisas” interagem conosco. O vento, o sol, o solo... A natureza evidencia a minha existência. Eu não estou aqui dentro, estou mais lá fora. A alegria foi intensa, porém, de repente acordei. E tive que enfrentar a dura realidade. Estava morto, mas a minha vida não se extinguiu completamente...

Número Dois

Se... as pessoas tem valores, ou idéias preconcebidas. Não interessa interessar é uma determinação análoga ao pensamento o pensamento pensa a si mesmo nada mais tudo está serpenteado por outra coisa paradoxalmente um enfileirado no outro em sintonia por cima por baixa de todas as direções sinergia de forças receptáculos de formas brilhantes transposição de pensamentos em idéias e em emoções e em sensações e em intuições e visões pois tudo é um oco por dentro onde o que esta por dentro não existe se existisse seria real porém é oco oco porém um oco repleto de todas as substancias formadora do universo matéria prima a massa corpórea inicial o resto descende deste principio controlador a visão de quem vê é a visão de quem vê fora dela tudo passa a existir indefectivelmente é uma suposição análoga a verdade quem vê não enxerga a si mesmo vê num raio diametralmente oposto a si mesmo visão involuntária visão irredutível visão em choque visão que não é visão pois o cérebro não interpreta visão e sim situações e sim padrões e sim coleções de semelhantes tudo isto é possível ou impossível nada é impossível só o impossível é impossível o impossível não é um evento é uma antecipação de um evento qualquer nem um evento é um evento é somente uma alteração de uma situação anterior mesmo que este anterior não seja anterior a si mesmo só é anterior a sua formação nada mais... todo o saber é ilusão e toda ilusão é uma forma de saber quem sabe realmente conhece a sua ignorância diante do caleidoscópio brilhante de forças em atrito ou em freqüências diferencias que são propriamente expansivas... não posso antever o real o factual ele é uma dança coesa de formas diferentes de perceber o real só é real pra quem o quer ver real quem faz o contrario só vê o que quer ver... numa área substancial de conforto uma zona de tranqüilidade onde o ser relaxa e se libera das forças antagônicas antagônica a si não aos outros entra em ponto de absorção não é uma luta é uma realidade onde todos precisam trombar com os outros independente da vontade alheia...

Gostaria que as pessoas me amassem por aquilo que sou

Não gostaria que as pessoas me amassem por um motivo especifico, mas por mim mesmo, do jeito que sou. Não por aquilo que poderei me tornar ou por alguma modificação que precisarei realizar. Gostaria que as pessoas me amassem por amor, somente amor... sem que para isto fosse necessário qualquer outra condição.

Ser bonito ou feio é uma condição passageira. Os dois estão ligados e fazem parte da mesma moeda. O que hoje é bonito amanhã poderá ser horrível. E os dois são e foram a mesma pessoa. Quem carrega à beleza também carrega o gérmen do horrível. Estas condições fazem parte de um mesmo ser. Tal qual a perfeição ou a imperfeição. Ambos estamos presentes no individuo.

Todos buscam a perfeição, mas isto não pode ser motivo para desprezar o imperfeito, ambos co-existem em mutuo acordo. Tudo aquilo que é imperfeito demanda a perfeição, e aquilo que é perfeito não tem por aonde ir... Quem ama a perfeição, não pode deixar de amor o imperfeito que o originou.

Me amem por aquilo que sou não por aquilo que poderei vir a ser. O “vir a ser” é uma especulação, onde o acerto e o erro andam juntos, onde as vitórias e os fracassos se mesclam; é uma possibilidade que pode ocorrer, é um campo de incertezas que não fundamentam nenhum grande amor. Quem espera por um futuro glorioso deixa de vivenciar o presente. Quem me ama, amara também o belo e o feio que carrego dentro de mim, o lado positivo e o negativo, tanto os aspectos maléficos quanto os benéficos; tudo isto é indissociável a mim. Ninguém ama uma especulação, e sim o real, mesmo que este real seja humano e falho.

Mesmo que ninguém me ame desta maneira. Mesmo que todos queiram tirar alguma vantagem e cultivar algum beneficio próprio. Sei... que eu deverei me amar do jeito que sou. Aceitar-me com os defeitos e as qualidades que possuo. Se não fizer isto desistirei de mim no momento da derrota e não terei animo para levantar-me rumo à vitória.

O que são as coisas?

As coisas são elas mesmas, apesar de darmos sentimentos variáveis e significados diferentes. Não é possível a coisa ser outra coisa além dela mesma. Cada “coisa” tem uma substancialidade e uma casuística que só pode evidenciar a si mesma. Nenhuma outra coisa tem uma equação matemática que ira evidenciar uma coisa especifica além de sim. E porque uma coisa precisa ser ela mesma? Porque ela não é qualquer outra coisa além de si mesma!? É o grande mistério que existe entre o interno e o externo, entre o ser e o não ser. Cada coisa é o que é porque precisa ser o que é. É a teoria do existencialismo. Onde a existência para existir não necessita de nenhuma causa externa, apesar de descender desta causa externa. E “ser” é uma condição vital para existir, tanto quanto o contrario. Nós poderemos olhar para as coisas como se elas fossem diferentes delas mesmas, interpretamos e reinterpretamos a realidade do nosso modo, e isto, é uma auto-classificação e não tem nenhum sentido para o outro, porque o outro continuara a ser ele mesmo... Nós podemos nos interpor no caminho do outro, tentando alterar o seu destino, e o outro ira agira como se ele fosse ele mesmo, e a nossa atuação não será benéfica para ninguém... será simplesmente uma breve interrupção. O outro ou a coisa não tem o poder de mudar a si mesmo, mesmo que deseje ardentemente e mesmo que tente todas as alternativas possíveis. Nós só podemos ser nós mesmos, mesmo que não concordamos com a nossa opinião e visão de mundo, mesmo que não estivermos satisfeitos conosco mesmo. O máximo que podemos fazer e “ser” mais amplamente a nós mesmos, retirando todas as barreiras inúteis que colocamos para ser qualquer outra coisa; glorificar o nosso “ser” e evidenciá-los em nós mesmos. Quando admitimos que somos nós mesmos, alcançamos a auto-iluminação. Fomos feitos para experenciar um “modo de ser” e quando fomos criados o nosso ser já estava totalmente estabelecido e encaixasse perfeitamente no plano do universo; éramos um “ponto de partida”, ou semente, e o nosso crescimento era as experiências que poderíamos realizar; ou a expansão de um dado seqüencial qualquer.

A mudança é um fato imanente a criatura e sempre esteve presente. Era uma precondição da existência. Existir implica sempre na alteração de algo que exista, ou caminhar para uma direção qualquer. Mas só podemos caminhar, ou ampliar ou diminuir uma existência, dentro da equação que estamos inseridos. Mesmo que uma equação matemática seja infinita, e tenha infinitos resultados ela sempre estará restrita a si mesmo; e terá uma variação que sempre evidenciara a si mesma. A existência também implica num ato de movimento, rumando para algum lugar e realizando coisas que ampliaram a nossa existência.

A interação pode existir. Até mesmo a fusão. E até mesmo a auto-anulação. Mas tudo isto estará sendo submetido ao crivo do existencialismo. As formular matemáticas, ou nós mesmos, podemos cambiar experiências e resultados que estão em conformidade com a nossa atuação primaria. E mesmo que as coisas sejam elas mesmas num âmbito particular. Mesmo que tenham evidenciado um “modo de ser” ou uma individualidade momentânea, as coisas, num certo momento deixaram de ser elas mesmas e não passaram a evidenciar a si mesmos. Porque antes de termos um ramo de particularidades, estávamos presos num grande todo, depois veio a separação e a diferenciação.

Número Um

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Se a vida pudesse ser explicada por ela mesma tudo seria mais fácil. A vida tem uma explicação à parte... fora da sua atuação primaria. Longe dela tudo faz sentido, dentro dela tudo é confusão. A sua existência é um erro. Ela não faz parte da existência da existência. É um atrito entre um pulso e uma freqüência; uma fenda temporal, uma abertura diminuta entre o nada e o tudo. A presença dela corrompeu a homogeneidade do universo, incluiu o caos e a incerteza. O estático é mais duradouro. O movimento é uma corruptela da inércia. Nada disto pode ser medido objetivamente. É um jogo sem solução, uma inconformidade com as leis universais. Porem, num misterioso enigma, a sua existência é parcialmente real. Proposições parassimpático poderiam perpetuar permanentemente parte primordial perdida para pronto poder paralelo.

O agora não pode ser eternizado, os momentos precisam ser vivenciados um a um, numa sucessão lógica, que é uma direção, de... para... O tempo como condição de existência não existe. É uma medida abstrata da realidade. Serve apenas para concatenar eventos. A velocidade existe, mas isto não implica em nenhuma mudança temporal; apesar de se ter uma falsa sensação de ampliação ou diminuição do tempo. Só existem a velocidade, o espaço e a matéria ou energia em equilíbrio. O resto descende da interação destes objetos.

O comportamento é uma medida de assimilação a alguma lei implícita ou explicita. As sensações são prismas diferentes de visualizar a realidade. O ser vivo é uma ligação a um movimento, a padronização de um movimento e a capacidade da autopromoção deste movimento; quando o movimento se torna auto-sustentável. Primeiro veio a supressão do movimento, depois, a sua propagação, posteriormente o movimento recolhesse... A matéria é a expansão do movimento. E o espaço é a matéria super expandida.

A verdade, ela mesma, esta longe da verdade, ela, não esta capacitada a se ligar a um evento fora do seu contexto a ponto dela se tornar exata; ela é variável. Isto tudo que eu escrevi, se não tem nenhum sentido, é para não ter mesmo; porque os sentidos não explicam objetivamente a realidade, nem os meus que são mais apurados.

O amor é um tremendo sentimento de incompletude, ao se completar ele é satisfeito, quando se liga ao pedaço que lhe falta. Quem busca a auto-suficiência extermina o amor e se interioriza profundamente, da mesma maneira que um buraco negro faria para sugar a realidade. O sábio, que é completo, não ama a ninguém, nem a si mesmo; porem, sempre ajuda o próximo sem esperar nada em troca.

Porque Ninguém sente afinidade por mim?

As pessoas dizem: “Não sinto afinidade por você”. Eles querem conhecer toda a nossa vida na intimidade, ouvir relatos, historias, angustias, acontecimentos, fatos domésticos; como se tudo isto fosse necessário para conhecer e entender uma pessoa. Na realidade tudo isto é inútil. E quem acaba ficando esquecido são os tímidos, que são colocados, devidamente, num local de exclusão, longe da sociedade, deslocados... Porque não tem uma língua de três quilômetros de comprimento... E nesta sociedade “espetacularizada” onde o que prevalece é o “grito”, a força bruta e não a delicadeza; a sensibilidade é sempre vista como uma fraqueza... para se vencer é necessário chamar a atenção pela “violência”, já que a sociedade é surda e míope. E... neste contexto estou inserido. Longe do holofote da atenção alheia. Enclausurado no meu mundinho particular. Passando despercebido por todo...

O sol não precisa ter uma historia particular para agradar os outros. E nenhuma flor precisa ser eloqüente para sensibilizar. Nem as forças da natureza, para gerar amor, não precisam ter uma voz... E nem muito menos Deus... Alguém conhece as particularidades de Deus? Eu acho que ninguém, verdadeiramente, sente afinidade por Deus. Ele não fala diretamente com ninguém e nem se interpõe a força. Para conhecê-lo e necessário ter muita sensibilidade. Tanto é para conhecer a mim.

A verdadeira afinidade não vem do conhecimento externo de uma pessoa. É um encontro de almas. Os acontecimentos externos vêm e vão e se modificam constantemente e não servem para definir ninguém. Quando uma pessoa silenciosamente encontra outra e senta-se ao seu lado e pega na sua mão e começa a admirar o por do sol, serenamente vai se estabelecendo um dialogo de almas que realmente unifica inteiramente dois seres. Isto que é verdadeira afinidade. O silencio, muitas vezes, é mais eloqüente do que toda a cacofonia do mundo contemporâneo. Neste mundo faz muito barulho mas tudo é realizado pelo silencio, introspecção e contemplação ativa. Este é o verdadeiro conhecimento da supra-realização. Quando o que está por dentro é exposto tranquilamente, como se não tivesse nenhuma diferença entre o mundo interno e externo. Eles estão em dialogo o tempo todo e não é necessário dizer o que está implícito ou o que já faz parte de si mesmo. É só encontrar uma maneira de se estabelecer o contato permanente que foi perdido pela atuação do “barulho”, do ruído interno que afastou os seres do seio do universo.

No entanto, está não passa da minha opinião. Opinião de um tímido mudo que não se relaciona com ninguém e está jogado as traças. Mas que vê na solidão um meio de estabelecer um contato consigo mesmo e o universo, e quem sabe, encontrar cara a cara com Deus.

Modus Operantis

sábado, fevereiro 17, 2007

As emoções sempre me incomodaram. E vi nelas, não só uma necessidade, como também um agregado inútil de significações. E sempre tentei colocar elas num local secundário, apesar das impossibilidades. Colocando no centro a razão, o entendimento e a atuação constante da consciência. Tentando não só catequizar e controlar as emoções como também suprimi-las. O amor sempre me despertou mais sofrimento do que felicidade. E esta emoção sempre foi vista como a mais perigosa, traiçoeira e libidinosa de todas. A mola mestra onde as outras se ramificariam. E esta, com mais freqüência, deveria eliminar para me tornar livre e auto-imune. A dor gerada pela necessidade de amor quando não se possui o amor ou não se pode possuir, é a mais dolorosa de todas e desta surge variações.

Eu vejo as emoções como se elas fossem um agregado de informações racionais e eventos marcados psicologicamente ou recalcados (traumas) que foram sintetizados inconscientemente e subconscientemente. É uma construção ampla de significados semelhantes que cria um determinado mapa cerebral que definira estratégia sintetizadas que deverão ser tomadas. É um Modus Operantis, ou modo de operação. Em suma, as emoções ou o Modus Operantis, resume as potencialidades de um ser humano, agregara os seus defeitos e qualidades, e a força que ele tem para lidar com o mundo externo, determinando diferentes tipos de compotamento ou estado emocionais. AS emoções sempre estão associadas a ação ou a supressão da ação e como a interação com o meio externo e interno se dará. Se uma pessoa cria um Modus Operantis deprimido e frágil a sua ação se focara sempre neste aspecto. Se uma pessoa se vê contrariamente a isto irá atuar segundo o seu Modus Operantis presente. As pessoas poderão ter vários Modus Operantis dependendo do prisma de significações que cada evento origine; estes Modus Operantis secundários estarão associados a um primário, que marcara mais proximamente como será o seu comportamento principal e as variações deste comportamento. Como as emoções estão associados à ação imediata num rompante, num jorro de energia, pode-se mudar instantaneamente um determinado comportamento para outro antagonicamente diferente, alterando um Modus Operanti habitual. Um Modus Operantis determina onde as energias ou ação biologia, ou química e psicologia, serão descarregadas ou acumuladas ( acumular energia psíquica ou emocional pode acarretar grandes sofrimentos ou estados emocionais crônicos e atitudes impensadas e intempestivas). Um Modus Operantis determinará ações corriqueiras e cotidianas, agregando valor e significados a cada reação. Como o Modus Operantis ou emoções é uma síntese ou resumo, muitas vezes se perde o correspondente racional ou bioquímico que o formou, há somente uma configuração racional e aspectos limitantes onde a ação será executada. A modificação de um Modus Operantis estabelecido é muito difícil, porque no cérebro cria uma longa cadeia de significados e trajetórias onde a informação vai passar; mudar um Modus Operantis requer a criação total de uma nova configuração mental e novos símbolos mais representativos; uma mudança integral de uma longa cadeia de significados, que percorrera todo o cérebro e criar um novo mapa mental. É uma tarefa extremamente árdua e pesada.

4-11 Continuação do anterior, ou um provável amigo imaginário.

Eu não sei se ter amigos é essencial. Não sei, também, se cultivar afetos e necessário a saúde mental. Não sei se ter amigos e relacionamentos tem alguma função psíquica especifica. Ou se é uma relação mutua de co-dependencia para suprimir possíveis carências e encontrar abrigo fora de si, contar com a colaboração do mundo externo. Não sei se a solidão é uma opção viável ao desenvolvimento. É a criação de uma personalidade única resolvendo os problemas e interagindo unicamente consigo mesmo, e este universo praticamente desconhecido para todos. Não sei se a consciência e a busca pela conscientização esta dentro de si ou se no ambiente externa; ou se ambos mesclados formam um todo. Não sei se quem tem uma vida voltada ao exterior, buscando felicidades e realizações externas, tem mais razão do que aqueles que fazem o contrario.

Se pudesse escolher, se tivesse esta opção, gostaria verdadeiramente de ter um amigo de verdade, de verdade mesmo. Um amigo que pudesse me socorrer num momento de aflição, atualmente, neste ponto, só posso contar comigo mesmo, e devido a minha problemática, sou um péssimo amigo. E que ficasse comigo o tempo todo. Que sempre fosse me visitar que saísse comigo todos os dias, que me telefonasse sempre para saber como estou. Que se preocupasse verdadeiramente comigo, que fosse necessário para mim como eu seria pra ele. Pra cobrir esta lacuna que existe em mim. No entanto, no universo inteiro não há ninguém pra interpretar este papel, independente do sexo ou de qualquer outra variação. Admiro tanto os amigos cúmplices, como Xena e Gabriele, Fox Mulder e Dana Scully, Salsicha e Scooby-Doo, Adrian Monk e Sharona Fleming, e tantos outros que fazem uma parceria na vida (apesar destes exemplos serem ficcionais). Que separados não são nada, mas quando juntos podem tudo. E realizam grandes coisas.

No meu caso só posso contar comigo mesmo. E ser infinitamente só é o meu destino. De todas as maneiras infinitas e possíveis. Só posso recorrer verdadeiramente a mim mesmo... Porque verdadeiramente ninguém se interessa por mim e nunca vai se interessar. Ninguém é capaz de sentir empatia por mim, no máximo, compaixão... E por isto preciso atravessar esta longa estrada totalmente solitário. Se pelo menos existisse um Deus real e concreto para me socorrer, e aliviar as minhas dores e dividir o fardo e me dar esperança e força para lutar. No entanto, não há, nem na terra, nem no céu...

4-10 Não ter ninguém pra desabafar é a pior coisa que existe no mundo.

Eu tenho aproximadamente um milhão de problemas. Devida a maneira que eu lido com eles estes problemas são centuplicados. A dor lancinante clama por uma solução e como ela não vem a dor fica enjaulada em mim. Sem nenhuma possibilidade de sair. Mesmo porque não tenho ninguém para desabafar. Só este blog, onde, de vez em quanto ou sempre, eu o uso como válvula de escape. Mas, é a mesma coisa que eu falar com a parede. Ninguém me ajuda, ninguém me responde, ninguém... Tudo por minha culpa, a culpa é sempre minha, sinto-me tão culpado que se pudesse... colocaria fim nesta culpa.

É tão difícil ser sozinho. Sentir-se sozinho mesmo diante de uma multidão. Uma solidão que gela o coração. E não adiante procurar um rosto amigo... Eles não me entendem. Não podem nem imaginar o que se passa dentro de mim. Se pudesse... As pessoas tem um “refugio”, onde podem encontrar um consolo; eu tenho um esconderijo, onde abrigo-me com o meu desolamento, um deserto árido... As pessoas quando caem tem uma escora para se levantar, quando caio fico ao chão e não me levanto mais. Eu só posso contar comigo mesmo. O único apoio, o único abrigo, o lugar onde encontro um traço de esperança... Só dentro de mim. Esta panela de pressão de emoções rodopiantes sistematicamente reprimidas; só eu me ouço, só a minha imaginação pode me ajudar. O meu melhor amigo sou eu mesmo, o meu pondo de apoio onde sustento o meu corpo...

As pessoas se interagem. Uma ajuda a outra. Juntas são fortes e destinadas ao sucesso. Eu só posso contentar com o fracasso. As angustias, duvidas, medos, tristezas são divididas uma com a outra, e nisto a dor é repartida, o sofrimento é amenizado, e os problemas são diminuídos; ganham força para lutar e esperança... Não comigo! As angustias, duvidas, medos, tristezas ficam em mim, apodrecendo no meu interior, acumulando sujeiras e traumas, e dores infinitas, como se eu fosse um cadáver por dentro, ou uma lixeira ambulante...

Como é difícil ser sozinho. Enfrentar o mundo só. Ver na solidão um abrigo contra a humilhação e o descaso. Não adianta procurar porque ninguém vai te ajudar. Ninguém tem paciência para compreender uma pessoa extremamente tímida. Que cria uma couraça para se proteger... na sua inimaginável sensibilidade. E ninguém tem paciência, nem amor e dedicação para abrir esta concha. Esta concha precisa se abrir sozinha e buscar novas estratégias para se defender. Mas é tão difícil... Tão doloroso. Ninguém pode imagina o quanto.

A solidão é a pior coisa que existe no mundo. O sentimento de desamparo... e ver o outro somente como um inimigo. Vivesse um terror perpetuo por todos, mesclados com sentimentos de ódio, inveja e ciúme. O amor, como uma luz opaca, ainda esta no seu interior, mas não pode ser vivenciado e nem experimentado. O amor se transforma numa sombra terrível que te persegue, mas não pode ser tocada. O que resta é a imensa carência, o profundo vazio existencial, uma solidão de si para si inesgotável. E esta dor não tem limites, nem explicação, é uma dor infinita, uma dor que dói mais que todas as outras dores.

Os problemas das pessoas são gigantescos, só não posso dizer o mesmo de mim que não sou uma pessoa. A vida das pessoas é agitadíssima, só não posso dizer o mesmo da mim que não sou uma pessoa. Uma pessoa tem uma vida social, um circulo de amizades e uma família, nada disto eu posso ter. As pessoas se solidarizam uma com as outras, menos eu, que não me solidarizo com ninguém, nem comigo mesmo. Na simplificação da vida das pessoas, elas se preocupam uma com as outras e encontram satisfação nisto e as importância são merecidas, menos as minhas, que não tem importância nenhuma para ninguém. Os “grandes” problemas domésticos são amplamente discutidos, e ganham relevância sobrenatural, contudo, eu não existo diante deste panorama. Eu não sou um “problema domestico” para ser debatido e solucionado, eu sou um... que ninguém vê, que ninguém enxerga, que ninguém percebe. Eu estou oculto dentro de mim, as minhas dores terríveis e imensas estão ocultas no meu interior, e por isto, ninguém se interessa por mim, ninguém me dá valor... todos desprezam o meu sofrimento.

A vida

As pessoas pensam ou reagem? Qual é o mistério eterno encontrado na pequenez humana. Existe um mundo onde as pessoas estão inseridas. É um palco onde os eventos são desenrolados. Forjam-se personagens e os seres o interpretam. Dando ênfase num ponto ou no outro. Misturasse com isto a individualidade de cada um. E o envolvimento que eles têm com o mundo exterior. Historias são inventadas. Uma sucessão de tarefas a cumprir. Uma esfera de perturbações é criada, e as perturbações geram mais perturbações infinitamente. Nada é solucionado definitivamente. Um prisma de energia chamado emoções circula ganhando conotações na interação consigo mesmo e com os outros. Isto é importante, aquilo não é importante. Definisse as prioridades. Porem, tudo é importante. Principalmente aquilo que não tem nenhuma importância.

Isto é vida? Sentimentos, emoções, prazeres, a felicidade, as motivações, as necessidades... sim, aparentemente, isto é vida. No entanto, a morte é um fim e o retorno. O desafio da vida contra a morte é tênue. Uma vela clamando por luz, num momento ínfimo, contra a profunda noite sem fim. Diante desta pequenez, nós os vivos, deveríamos nos recolhermos numa concha diminuta e deixar a escuridão nos perpetuar. E, apesar dos obstáculos, olhamos para frente e prosseguimos. Não nos intimidamos diante da incerteza, banhamo-nos de luz e esperança, repletos de uma fé inabalável e encaramos cara a cara a dor que a vida implica. A vida não é um projeto pronto, ela esta em andamento. A morte e a escuridão existem desde que o universo é universo. A vida é uma tentativa que foi descoberta recentemente. Nem mesmo ela sabe onde vai chegar. Ela tateia na escuridão que é a morte, procurando uma brecha onde a sua luz possa brilhar... A vida diante das incertezas é cega, profundamente cega, porém, a cada passo que dá enxerga mais. Um dia, talvez ela abarque todo o universo e expulsara a escuridão. Hoje...

Desconhecemos o que é esta tal de vida que nos da origem. Usufruímos desta existência tangencialmente, obliquamente; sentimo-las como se ela estivesse morta em nós. Não acordamos diante da realidade. A vida é a eterna guerra contra a morte. Onde nós somos guerreiros que não devemos desistir nunca. A vida em nós precisa ser revificada. Entendida como uma experiência cientifica. Ela precisa ser totalmente compreendida. Não há tempo a perder. A morte, esta inimiga espectral, galga espaço inexoravelmente todos os dias. E só há uma única chance. Se falharmos, se falharmos, toda a luta terá sido em vão. Um sopro difuso que a morte levou embora, dissipando no limbo da inércia. Por isto! Vivos, vida, rejubilasse, erga-te e grite a pleno pulmões, não deixe esta luz se apagar nunca.

Punir os agentes externos causadores da violência

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Antes de um crime acontecer, apesar das investidas contrarias da sociedade que clama por vingança (não confundam vingança com justiça), houve causas externas que se fossem sanadas poderiam evitar o surgimento de novos crimes. O crime em si, não seria tratado isoladamente, sem levar em considerações a influencia da sociedade e os poderes políticos envolvidos (os agentes externos), seria um evento global. O criminoso não seria julgado apenas pelo crime que cometeu, mas os agentes causadores da violência externa também seriam julgados. Se uma pessoa foi humilhada numa universidade e por causa disto pegasse uma metralhadora e matasse uma multidão. Não só o crime dele seria punido, como também aqueles que o humilharam seriam punidos e condenados, criando um atenuante para o criminoso. Dependendo do grau de ofensa e as motivações do crime, o criminoso, apesar de ter cometido um crime, seria inocentando, e todos os envolvidos seriam punidos rigorosamente. Este processo sõ poderia ser estendido uma vez, para que não surgisse um efeito em cascata infinito. E para cada crime, somente um agente causador externo seria punido.

Desta maneira a sociedade seria obrigada a questionar as motivações de todos os criminosos, e quanto a sociedade errou e em quê ela precisa mudar. A sociedade saberia que não pode humilhar uma pessoa, porque isto poderia ocasionar ou um crime ou um suicídio. Entre os agentes causadores da violência poderão estar: o estado(que seria obrigado a pagar uma indenização ao criminoso), a vitima(devido as motivações que ela deu ao criminoso), a família(devido a educação que ela deu para o criminoso) e todos os envolvidos que geraram algum tipo de perturbação psicológicas ou físicas, como: humilhações, ofensas, traição, etc. Mesmo que outra pessoa tenha passado pela mesma ofensa e não tenha cometido nenhum crime, mesmo assim as justificativas não seriam anuladas. Porque cada pessoa é diferente e age diferentemente aos mesmos estímulos.

Levaria em conta, obviamente, a culpa individual, mas nunca se esqueceria dos erros que a sociedade cometeu contra o criminoso. Seria criado a co-autoria de um crime, os agentes externos por discriminações ou ofensas, ou omissões, ou torturas psicológicas e físicas seriam co-autor de um crime caso o envolvido se rebelasse. A sociedade seria obrigada a mudar a relação que tem com o individuo, o respeitando mais, e criando um ambiente harmonioso, tanto no campo psicológico como no material, para evitar que as pessoas se tornem criminosas, e a sociedade não seja punida por ter criada um criminoso. Discutirias não somente o crime, como se fosse uma fotografia congelada, mas discutiria tanto os antecedentes(passado e as motivações do crime), quanto o futuro e a reabilitação do criminoso.

Eu sei que não escrevo tão bem assim e nem que consigo coordenar o texto linearmente, concatenando os temas de maneira lógico, o tornando rocambolesco, cometendo faltas e lacunas. Por isto, se alguém tiver alguma indagação a fazer, ou alguma pergunta ou critica ou se discordarem de algum ponto, que possa enriquecer este texto, o tornando mais completo, por favor, o faça urgentemente.

4-9 Crise de ciúme e ódio

Eu preciso me resguardar da sociedade. Ficar aprisionado no meu casulo. Sem ter o direito de ir ou vir. Eles, os incluídos, têm o direito de ir e vir, menos eu que não sou incluído. Que não tenho amigos e ninguém pra sair. Que sou sozinho no mundo.

Existe um problema gravíssimo em mim chamado crise do ciúme e ódio. Este sentimento explosivo, devastador me obriga a isolar-me. Se tento me inserir socialmente penso que os outros não me ama o suficiente, que eles amam mais os seus amigos do que eu, que me suportam por caridade, não por amizade verdadeira. Este pensamento obsessivo não sai da minha cabeça. E qualquer gesto das pessoas é visto como um ato de desamor por mim. Fico o tempo todo prestando atenção no que as pessoas estão falando e na atenção que eles dão aos outros e isto é visto por mim como um profundo descaso, como se eles me ignorassem totalmente. Dentro de mim sinto um ciúme extremissimo, gigantesco, galáctico... Uma dor insuportável, completamente insuportável, insuportável... Depois vem o ódio. Imenso, impossível de se descrever. Se pudesse destruiria toda a humanidade. Pegaria uma metralhadora e sairia atirando para todo o lado. É um turbilhão gigantesco de ciúme e ódio. Todo o sentimento de carência e ódio acumulado e reprimido por toda a minha vida, violentamente e inopinadamente, é exposto instantaneamente; uma represa de dores reprimidas é destruída, os bloqueios feitos pela mente é quebrado... a minha mente se transforma num pandemônio, num tremendo caos psíquico, a mente entra em colapso. E a única maneira de se parar com este desmoramento é o isolamento. Quando me isolo a dor passa e a crise do ciúme e ódio vai embora. No isolamento, no distanciamento, as ligações sentimentais são quebradas, o outro passa a não ter nenhuma importância para mim. Cortasse o afeto e o ciúme não tem mais sentido e o ódio desaparece. O único jeito que eu encontrei para lidar com esta situação extrema, com este sentimento insuportável, foi o isolamento. No isolamento a minha mente, antes agitada, sofrendo dores terríveis, impossíveis de se descrever, caótica, confusa, vai se acalmando a medida que a ligação com o mundo e com as pessoas que gosto vai desaparecendo. Eu não posso amar ninguém, isto não é permitido. Preciso sempre manter um grande distanciamento. Para não ter o perigo de me afeiçoar excessivamente e despertar a terrível crise de ciúme e ódio.

Na minha mente doentia ou as pessoas me ama obsessivamente e incondicionalmente, ou elas simplesmente não me ama de modo algum. Ou é tudo ou nada. A minha mente não admite um amor pequeno ou uma atenção minúscula. Isto é visto como desprezo, um desprezo imenso que cria uma dor terrível. Um sentimento absolutamente grande de abandono, e isto é o fim, prefiro mil vezes a morte. Não gosto nunca de estar no segundo lugar no coração de ninguém. Ou, eu sou o primeiro e absoluto, sem nenhum adversário, ou então eu não sou nada e não tenho importância nenhuma, não sou amado, a pessoa não me ama de modo algum. E isto não é culpa minha. Não adiante nada eu achar que estou certo ou errado. Esta emoção toma conta de mim e me governa, não posso fazer nada, absolutamente nada.

O que as pessoas não entendem é que o meu isolamento tem uma função psíquica importante. Os “traumas” são amenizados, entram num estado de dormência. Eles não desaparecem, porem, não causam tanto sofrimento. Não consigo suportar a super-abundancia de emoções negativas que vem a tona quando tento me relacionar com o outro. Com isto o meu desenvolvimento sociocognitivo é praticamente impossível, ou inviável. Não é só o medo e a ansiedade, se fosse só isto seria mais fácil. O difícil é ter que enfrentar o ciúme e o ódio e a diferença que existe entre o que sou e o que quero ser, o conflito permanente entre a realidade e a imaginação, o sonho do que imagino ser; com uma pitada de arrogância e egoísmo... e a total ausência de amor, como se eu fosse incapaz de amar, no máximo, posso me apaixonar por alguém. Nisto existe um conflito medonho, não sei se perdi a capacidade de amar ou esta capacidade foi diminuída devido ao meu isolamento forçado e a falta de afeto, ou, se eu, verdadeiramente, não tenho a capacidade de amar por culpa de alguma doença mental, como a esquizofrenia, por exemplo.

Tato o ciúme e ódio são internalizados e não são expressos externamente ou socialmente, o que gera um “efeito estufa” agravando ainda mais a situação e aumentando o desconforto interno.

A impunidade nunca vai acabar no Brasil

É engraçado esta gente que pensa que a punição irá moralizar o Brasil. Em certos casos pode ser que ate diminua a criminalidade. Em outros, além da criminalidade não diminuir, com certeza ela vai aumentar. Mesmo porque, o bandido pobre é punido desde que nasce, ser pobre no Brasil é uma das piores punições do universo, totalmente injusta porque não se cometeu nenhum crime. É por excesso de punição o bandido pobre se torna bandido. No caso do bandido rico, ai sim, verdadeiramente existe impunidade, porque além dos milhões de privilégios que os ricos têm, eles podem cometer qualquer crime que nunca irão ser presos, e por saber disto o bandido rico comete crimes.

Quando o bandido pobre se torna bandido é pra afrontar a sociedade, se vingar dos crimes hediondos que a sociedade cometeu contra o bandido pobre; a motivação do bandido pobre é o ódio, o desejo de inserção social, a falta de perspectivas... No caso do bandido rico eles cometem crimes por puro egoísmo ou por “brincadeira”, eles adoram colocar fogo em mendigos, porque eles estão acima da lei e podem fazer qualquer coisa, eles detêm o poder e quem detêm o poder pode cometer qualquer atrocidades.

É obvio que o bandido pobre não tem medo da punição. Nenhum tipo de punição irá frear o ódio que o bandido pobre tem contra a sociedade. Muito pelo contrário, a punição contra o bandido pobre é necessária para que ele justifique os seus crimes. Para provar pra ele mesmo que a sociedade é um monstro cruel e desumano. Que trata com desumanidade os revoltosos, e os bandidos pobres se sentem iguais a esta sociedade. Se os bandidos pobres fossem bem tratados a idéia que a sociedade é um monstro seria desmentida, e ai sim, o bandido pobre ficaria arrependido. Quanto mais violentamente o bandido pobre for tratado mais motivações ele terá para odiar a sociedade.

No caso do bandido rico é o inverso. Ele aprendeu desde cedo que é um rei, um pequeno imperador mimado que pode tratar o seu subordinado como um escravo, e se transforma num grande ditador. Ele nunca aprendeu a respeitar o outro, principalmente os inferiorizados, e trata o outro como se ele fosse um objeto, uma coisa... Daí vem a necessidade de eliminar o outro e a vê-lo como se ele não tivesse nenhuma importância, ele se torna um monstro egoísta que só pensa em si mesmo, e tem o direito social, de matar qualquer um que atravesse o seu caminho. E por quê? Por excessos de privilégios e ausência de “punição”. Ou seja, a punição contra o bandido pobre o torna criminoso e a ausência de punição contra o bandido rico o torna criminoso. Se o bandido rico fosse punido severamente ele entenderia que não é um Deus e não pode fazer qualquer coisa contra o outro.

E na sociedade acontece o contrario, ela quer que o pobre seja punido, mesmo sabendo que ele foi punido desde cedo, e quer que o rico passe incólume apesar dos imensos privilégios que ele sempre teve. A justiça só é obedecida e respeitada por todos quando há igualdade, quando não há igualdade cada um faz a sua lei seguindo os seus interesses particulares. O rico, por ser rico, pensa que esta acima da lei e pode fazer qualquer coisa; o pobre, por ser pobre, sente-se injustiçado e achasse no direito de afrontar a sociedade. Tanto ricos e pobres se tornam bandidos por causa da desigualdade social, por motivos antagonicamente diferentes.

Agora eles dizem, os donos da mídia, a alta classe media, os ricos, vamos acabar com a impunidade. E o bandido pobre (nem todo pobre se torna bandido por ser pobre, mas todo bandido pobre se tornou bandido por ser pobre) não tem medo da punição. Ele viu na criminalidade a única maneira de se tornar alguém, de ter algum sentido na vida, de não ser um assalariado ganhando pouco como o seu pai, a criminalidade abre perspectiva e ele pode expressar todo o ódio que sente pela sociedade. Tanto faz para ele morrer ou viver, as duas coisas para ele são a mesma coisa. Porque socialmente ele já esta morto e já perdeu totalmente a dignidade. Ele não tem nada a perder, nem a própria vida que ele não da valor. É a hora da desforra e depois a morte. Porque este é o destino que todo o bandido sabe que vai ter, é um caminho sem volta. Ou ele é morto pelos seus companheiros, ou pelos rivais, ou pelos policiais, ou acaba preso. E mesmo sabendo disto ele é criminoso. Se tivesse medo da punição ou da morte ele nunca seria bandido. Mas eles nunca terão medo nem da punição, nem da morte, porque eles já estavam mortos, a sociedade já os matou.

Outra coisa engraçada é o valor que as pessoas dão à vida e a relação disto com a impunidade. Quando um bandido pobre mata um rico, que por ser rico é valorizado pela sociedade, a sociedade quer punição imediata. Mas qual é o valor da vida quando um pobre é morto brutalmente? A sociedade se mobiliza para punir o criminoso que matou um pobre? Ou seja, para a sociedade capitalista a vida das pessoas tem valores diferentes. O rico e incluído e altamente valorizado e o pobre é ignorado e desprezado. Como vai se acabar com a impunidade quando a sociedade só quer punir o criminoso quando ele mata um rico? E como se a sociedade estivesse dizendo: “Pode matar quantos pobres vocês quiser que não será punido”. E um bandido que matou um pobre hoje, e não é punido por matar um pobre, amanhã poderá matar um rico. Ou seja, se o crime contra o pobre fosse apurado e punido o rico poderia estar vivo. Portanto, a sociedade diz: “vamos acabar com a impunidade”, logicamente, não quer acabar com a impunidade. Porque ela dá valores diferentes a vida das pessoas. E estas mesmas pessoas que querem o fim da “impunidade”, dizem: “A vida das pessoas não são valorizadas”. Com certeza, quando a “vida” de uma pessoa morta na favela tiver a mesma repercussão que a morte de um rico, ai sim, a vida, realmente, onde quer que ela esteja e em que classe social estiver, será valorizada.

Vende-se um EU

O eu é o principio orientador que da sustentação ao ser. É o seu leme, que indica uma direção, um propósito, e princípios que o faz perseguir o que é bom e lhe trará felicidade. O eu esta no centro da consciência e na sua periferia estabelecesse as varias ramificações que corrompem a pureza do eu. O eu quando é forte pode controlar a consciência, quando é fraco a periferia, ou o mundo externo ou os traumas existentes, tomam conta da mente e o eu morre. Este ser se torna um fantoche de si mesmo, vitima de seu próprio passado ou do personagem que precisa interpretar o tempo todo para justificar a sua inabilidade em gerir a própria vida. Desta forma, o eu perde a sua função, e a consciência tenta o eliminar, obrigando-o a por fim na própria vida. Outras vezes, totalmente incapaz de gerir a própria vida, desgovernado, sem rumo, confuso, perde o contato consigo mesmo e enlouquece. Por vezes, não enlouquece, mas vive uma vida como se estivesse louco, um “louco manso”, é o caso da anulação. A pessoa se auto-anula, pensa que não tem nenhum valor e é visto pela sociedade, no seu pensamento, como um estorvo, indesejado pela sociedade, odiado, um ser asqueroso, nojento. Ele transfere para a sociedade todo o seu desamor, e todo o nojo e sentimento de incapacidade... E este é o meu caso. Por não ter realmente um eu, por ter um oco imenso em minha alma, um vazio estrutural onde a periferia desaba, fazendo ruir toda a minha consciência.

Por não saber gerenciar a minha vida e por ter me transformado num fantoche de meus traumas e preconceitos, perdendo completamente a habilidade em me governar. Transformando-me em vitima de mim mesmo, vitima do esquema que construo para me defender da minha visão pessimista da realidade e da sociedade, somando a isto, o meu sentimento de total inaptidão para viver. O meu comodismo, a minha passividade a minha falta total de iniciativa (e iniciativa é um principio fundamental do eu). Por causa disto e de muitos outros motivos resolvi vender o meu eu. Vender, alugar, doar, eu faço qualquer negocio. Quem estiver interessado no meu eu para usá-lo como bem entender, sem nenhuma restrição. Entre em contato comigo urgentemente. Antes que este eu deixe de existir, ou morra por pura incapacidade de viver. Eu já desisti de mim mesmo.

Apologia a Criminalidade

As “pessoas” (seres vivos constituídos biologicamente, uma máquina pensante) que vivem em algo chamado “sociedade” (uma aglutinação desigual de seres em “comum acordo”) chamam de monstros os desgarrados, marginalizados, esquecidos, os excluídos, que não aprenderam a amar (eu não sei amar), que não se “enquadram” nas leis, supostamente, morais e éticas... Quem são eles, afinal? A quem eles representam, além de si mesmos... São porta voz de quem e por quê? Eles têm alguma moralidade, além das idéias egoístas de como o outro deva se comportar, para não os atingir. Qual é o “amor” que “eles” têm pelos “outros”, os proscritos? Quando os proscritos se revoltam, subitamente e magicamente, eles vêm à tona, eles passam a existir, uma existência, que obviamente, lhes foram negadas, pelos “incluídos”.

Eles, os incluídos, que passaram pelo controle de qualidade, que foram catalogados e padronizados, os “perfeitinhos”, representantes da “unanimidade”, construtores de um monstro horrendo chamado sociedade. Reclamam de seus filhos desgarrados? Frutos da omissão, do descaso, do desamor... Como eles tratam os favelados que morrem de fome? Como eles tratam os que não seguem o padrão? Como, eles, maquiavelicamente, criam guetos e jogam o “lixo”, num terreno baldio qualquer, ou num campo de concentração moderno. E ainda querem paz, conforto, harmonia. Pra quem? Só pra eles é claro. Porque eles nunca pensam no outro. Sentem nojo do outro, incluindo a mim, é claro. Querem distancia, para não ver o monstro que eles criaram. Monstro este, que mal sabe ler e escrever, que não sabe se comportar em sociedade, que não sabe se expressar, que perdeu a capacidade de “falar”, como eu, é claro.

Na onde eles estavam quando os “monstros estavam sendo violentados, humilhados, desprezados, ignorados (como eu é claro) e aprendiam a se detestar e a detestar os outros. Eles, os monstros, reproduzem a violência que foi o único legado que a sociedade lhes deixou. Ou eles, os monstros, violentam os outros, os incluídos, ou eles se auto-violentam-se, como eu é claro. Porque quem aprendeu a detestar, detesta principalmente a si, e depois exterioriza este sentimento para o outro. Valores?! Que valores? Quem não da valor a sua própria vida, também não da valor a vida do outro. Quem não foi valorizado, acolhido, protegido, incluído perde totalmente a capacidade de amar. Aquele que foi e é ignorado como eu é claro, que não tem um lugar definido na sociedade, que se sente deslocado e sem graça diante dos incluídos, e perde totalmente e definitivamente a capacidade de se sociabilizar, como eu é claro, não pode e nem deve seguir as regras da sociedade. Sociedade maniqueísta e hipócrita, de usurpadores, sociedade dos incluídos e feita para os incluídos. Sociedade que massacra quem não segue os padrões, como eu é claro, sociedade dos “perfeitinhos”... Daqueles que falam, o contrario de mim, que contam piadas, que riem e se divertem, que tem com quê se divertir, o contrario de mim... Eu que já perdi a humanidade, que nunca vou conseguir me amar, que nunca vou valorizar nada que faço, que, sempre serei o pior inimigo de mim mesmo, sou o perdido que ao invés de “explodir”, como um “monstro” clássico, acaba se “implodindo”. E deve agüentar sozinho, calado, todo o sofrimento do universo, e este sofrimento ninguém leva em consideração. Só levam em consideração quando vêem o “sangue”, quando o agredido grita, berra, esperneia, conta a seu sofrimento para todo o mundo. Mas, os “monstros”, não tem o direito de falar, não podem falar, porque quem os agrediu (a sociedade) foi quem lhes fizeram o mal. Eles devem suportar sozinhos, nem ao menos, adianta chorar, e nem muito menos pedir ajuda. A sociedade rejeita terminalmente quem “fede”, quem nasceu “podre”, quem não é “perfeitinho”, quem não ri, quem não fala, quem nasceu pobre. Somente um psicopata entende o sofrimento de outro psicopata. Somente quem foi e é excluído sabe o que passa na cabeça de um excluído. O desconforto que eles sentem no meio da multidão, a dor que ele carrega calado o sentimento imenso de podridão interna e o choque com o ser saudável (bonitinho e limpinho), o incluído. Ninguém pode conceber o grau de sofrimento de um “monstro” excluído, que reprime, reprime, reprime, alguns explodem, outros implodem e cometem suicídio, como eu é claro.

A sociedade é para os fortes, os espertalhões, os que dominam, os que criam as leis e dirigem as multinacionais, que tem um emprego qualificado e diploma universitário. A sociedade não é para os desajustados, problemáticos, deprimidos, revoltados... Na sociedade só existe, só tem “valor”, quem tem voz ativa, (e eu não tenho nenhuma voz é claro), quem faz e quem acontece, quem nasce rico, tem teve o privilegio de nascer numa família estruturada, quem tem um diploma universitário, eu não tenho nada disto...

Eu sou sozinho, os “monstros” são sozinhos, não tem a proteção da sociedade, vivem na margem, na periferia, passam ocultos, ninguém liga pra eles. Perderam, perdi, totalmente a capacidade de confiar, de se “soltar”, de abrir-se, vivem em estado de pânico. São uns “monstros”, mas vêem a sociedade como se ela fosse um monstro, um monstro letal e perigosíssimo, ou eles fogem e se escondem, ou, eles tentam matar este monstro. Tudo que o monstro ama é detestado pelos monstrinhos, os filhos do monstrão, do monstrengo.

Manifesto contra o trote

sábado, fevereiro 10, 2007

O trote é sempre a submissão de uma pessoa a outra superior, ou que esteja num estado de superioridade. É uma brutal e violenta humilhação publica, que fere a honra a integridade moral, psicológica, e o livre arbitro. É uma hierarquia, onde o superior, simbolizando o patrão e o ditador, obriga o inferior, que simboliza o empregado ou o servo, a todo tipo de violências psicológicas e físicas, para que o servo se submeta as vontades do patrão ou ditador. Não existe trote solidário, ou qualquer outro termo que se invente, da mesma maneira que não existe estupro solidário. Não existe nenhum trote que seja pacifico... Todos sem exceção são violentos. Por submeter pessoas enfraquecidas e todo tipo de humilhação. É igual ao assedio moral que existe nas empresas. Mesmo quando a vitima, aparentemente, aprova, é uma violência atroz, um descalabro; a vitima, introjeta o crime dentro de si, e se submete a vontade do mais forte e mais violento, como na síndrome de estocomo. Pois a vitima vê nisto um ritual de passagem, distorcido pela brutalidade e a falta de valores éticos e morais da civilização ocidental, e se submete ao criminoso. Leva isto na brincadeira, mesmo porque os valores da vitima também são distorcidos e o respeito que sente por si é muito pequeno.

Nos rituais de passagens dos índios, por exemplo, existe um objetivo e uma função social e ética, isto não é levado na brincadeira, ou uma farra cometida por algumas pessoas, uma maneira de obter divertimento... Existe um contexto social, regras, e toda uma simbologia representativa. Qual é a simbologia do trote?

E o trote sempre foge do controle e o veterano sempre irá se exceder para provar para si mesmo que é superior, que é um Deus, e pode tudo, até mesmo matar uma pessoa com requintes de crueldade, como já aconteceu varias vezes.

E quem pratica o trote pode ser “gentil” quando esta no meio da multidão. Mas este mesmo, delinqüente, se num lugar mais afastado, encontra uma vitima, irá cometer todo tipo de atrocidade, estupros, etc.. .

Se uma pessoa permite ser vitima de trote, violentando o seu livre arbitro e se submetendo a um ser mais forte; isto irá incentivar aquele que pratica o trote a cometer outras violências, muitas destas violências mais graves e ofensivas. Ou seja, a vitima que incentiva este tipo de crime e acha uma brincadeira inocente, vai incentivar novos crimes e abusos mais graves, e até, estará contribuindo, pra provocar a morte de varias pessoas e traumas irreversíveis.

Excessos sempre foram cometidos e sempre serão cometidos enquanto esta pratica animalesca for aceita socialmente. E muitas pessoas, a sua maioria, que sofreram este tipo de abuso, não fazem queixa a policia, o que dá a falsa sensação que não ocorre estes crimes. E as pessoas, que tem algum tipo de problema emocional ou são excessivamente tímidas, que poderão ter traumas que a incomodarão por toda a vida, como eu por exemplo, e nunca mais conseguir confiar na humanidade e irão se isolar ou cometerem suicídios. As pessoas são obrigadas a se submeter a este tipo de violência mesmo quando não querem? Ba minha opinião o trote é um crime hediondo como qualquer outro e deveria dar no mínimo 5 anos de cadeia sem nenhum tipo de privilegio ou abrandamento na pena. Trote mais violentos deveriam dar de 10 a 30 anos de cadeia sem direito a nenhum recurso para diminuir a pena.

As pessoas inteligentes e éticas, se existir alguma no Brasil, deveriam lutar arduamente contra este tipo de violência disfarçada sob o manto de diversão inocente. E proibir em todas as universidades este tipo de manifestação cultural de violência. Que leva, a pessoas sem nenhum conceito ético e respeito ao próximo, a praticar novos crimes contra as minorias enfraquecidas. Sejam eles, mendigos, na forma de “brincadeiras”, racismos e outras minorias, com ofensas e agressões. Num processo que não tem fim. Pois quem aprendeu que é superior, através do trote, levará esta lição para a vida toda, e irá, com uma violência extrema, massacrar e excluir as minorias.

E isto ocorre justamente nas universidades. Onde as pessoas deveriam ter um conceito ético superior e um respeito absoluto ao próximo. Pois daí sairá os futuros médicos, advogados e outros profissionais que cuidarão da população. E que tipo de profissionais a sociedade irá receber? Vândalos, farristas, baladeiros, inconseqüentes e irresponsáveis, que se divertem com as desgraças dos outros, consumidores de drogas, bêbados, que vão para a universidade somente para participar de festas regadas a todo tipo de drogas. É estes o tipo de profissionais que a sociedade quer? A sociedade que vê passivamente todo este tipo de crime acontecer. Na vida destes jovens existem algumas palavras do tipo: responsabilidade, respeito, ética, disciplina, amor, etc. Com certeza não existe. Se todos eles freqüentassem uma universidade privada, tudo bem, desde que eles não recebessem autorização para exercer a sua profissão. Mas quando eles freqüentam universidades publicas, pagas pelos impostos de pessoas honestas e pobres, isto deveria ser inadmissível. Ainda mais, quando existem milhares de pessoas integras, honestas e com idéias éticos, que são barrados pelas universidades só por serem pobres, e nunca tiveram oportunidade na vida. Em minha opinião, o mais importante num profissional, são os seus valores éticos e morais, isto deveria ser imprescindível a todos os vestibulandos. E deveria ter uma prova especifica para calcular a ética, e a inteligência social e emocional. E deverias ser mais importante que matemática, português e demais matérias. Porque quem não tem ética vai usar a física para construir uma bomba atômica e destruir a humanidade. Ou seja, vai usar os conhecimentos adquiridos na uni8versidade, egoisticamente, para finalidades criminosas. Como vem acontecendo com muitos advogados e praticamente todas as outras profissões. No fundo, são mercenários que só pensam em si mesmos. Quem não se enquadrasse, ou cometesse qualquer atentado a ético, por menos que seja, deveria ser expulso imediatamente. O lema das universidades deveria ser: Comprometimento total, ética absoluta ou expulsão imediata.

4-8 Não sei o que fazer com a minha vida

A minha vida não tem um rumo determinado. Não acho nenhum caminho certo e eficaz. Estou perdido... Se pelo menos pudesse me encontrar. Em algum lugar de mim mesmo. A questão crucial é que não consigo acreditar em mim, e por causa disto, não posso ouvir a minha opinião a respeito de mim mesmo. E nem, dar atenção aos meus “talentos”, seguir um rumo profissional... Não acredito em mim e nem no meu potencial. Qual profissão poderia seguir? O que faço com minha vida? Esta página em branco, que ainda não foi inventada, que não foi preenchida... Repetir, repetir, errar, errar, não saber qual a direção tomar, não conhecer a diferença entre o bom e o ruim, entre o belo e o feio...

As idéias passam em torvelinho na minha mente, e penso, episodicamente, que tenho algum talento. Que posso construir uma bela obra. E até, no delírio, que posso, pela força do meu pensamento, mudar o mundo. Criar novas diretrizes, novas estruturas sociais, projetos megalomaníacos... Nada disto é verdade. Puro fruto da imaginação doentia e desequilibrada. São sonhos sonhados e que jamais serão realizados. Sonhos sonhados, milhares, para ocupar o espaço em branco da minha alma, o tédio e o ócio... O vazio que é o meu ser. Quando sonho, tudo ouso, posso ser qualquer coisa, resolver qualquer problema, dar origem a universos inexplorados, tenho poderes incríveis. Fujo do meu verdadeiro eu, pobre, fraco, impotente, incapaz... Mas a realidade, tão real, tão meticulosa e detalhista, tão exigente, ela ama o exato, a matemática, a física, e sempre, frustra os meus planos. Estou totalmente decepcionado com os rumos literários que venho tomando. Preciso mudar tudo. A imaginação é o meu lugar, onde me sinto seguro... A realidade não faz parte da minha vida.

4-7 Alguém me ama?

Já estou ficando cansado em repetir os mesmos temas. Quando um problema, uma dor, ou uma carência nos incomoda ele se torna obsessivo, uma idéia fixa que não sai da nossa cabeça.; E este é uma duvida crucial em mim, ou, motivado pela imensa carência que sinto, um pensamento recorrente que me atormenta todo dia. Como pudemos avaliar o amor que os outros sentem por nós? Talvez, saber isto só é possível, no nosso enterro, quando morremos; ai, pelo choro pela dor despertada, podemos avaliar realmente se os outros nos amávamos verdadeiramente. Entretanto, saber disto, não iria nos ajuda e em nada e não teria nenhuma utilidade para nos.

Outro modo e quando alguém se apaixona por nos. E fica grudado em nos. Não nos deixando um segundo em paz. Fica o dia inteiro nos ligando, etc. Acho que sito, com certeza, nunca vai acontecer comigo... Eu sou uma pessoa que se é incapaz de ser amada e despertar qualquer tipo de paixão, até mesmo um sentimento de amizade minúsculo não consigo despertar, muito menos, uma amizade grandiosa e verdadeira, de duas pessoas que se completam... Sinceramente, não tenho esta capacidade, não sou uma “fonte de prazer”...

Não sei (já venho eu com os meus “não sei”) se poderia amar de verdade, apesar de necessitar que alguém me ame desesperadamente. Não sei, nem ao menos, o que é realmente o amor. Se é motivado pela carência ou fragilidade que sentimos. Se é um processo de identificação com o outro, onde nós nos vemos no outro e vice versa (isto é uma piada). Um processo genético, biológico, para se reproduzir, criar afetos para construir uma família, ter amor pelos filhos, criando uma rede de afetos necessária para a preservação da espécie. Não sei exatamente. Ou se é um sentimento “verdadeiro”, não um engodo para nos enganar. Não sei, se o amor é diferente do egoísmo, ou uma forma de egoísmo disfarçada, mentalmente falando, ou eticamente, ou religiosamente, se os dois não são fazes de uma mesma moeda, e um não viveria sem o outro, e os dois são um todo necessário para a nossa psicologia. Não se também se quem ama, verdadeiramente, não como uma forma de retribuição, mercenariamente falando: um amor verdadeiro e incondicional ganhara pontos no céu e iria para o paraíso, enquanto, quem fizesse o contrario iria para o inferno. Porque o amor tem vários aspectos e formas diferentes e ganha conotações, culturais religiosas, sociais, individuais, filosóficas, biológicas, genéticas, etc... Até mesmo quando alguém usa esta palavra significando possessividade, egoísmo, obsessão, desejo pelo sexo, um desejo doentio (que reflete uma doença mental) alterando totalmente o seu significado original.

Sinceramente, não sei mais o que estou fazendo. Este texto era para definir as minhas carências e o sentimento que ninguém me ama e que ninguém nunca me amara. Então porque, eu estou tentando, inutilmente, definir o que é o amor? Eu sai totalmente dos trilhos. Emendei um assunto no outro. Sabendo o que é o amor ou o desvalorizando não vai me ajudar em nada. Discutir o amor teoricamente não terá nenhuma repercussão na minha carência. Deveria falar, que não me amo definitivamente e que nunca vou me amar. Já que sinto nojo de mim e me vejo com um total inútil. E não consigo achar nenhum valar para me valorizar. Enxergo-me como um sujeito sem nenhuma iniciativa, medroso, molóide, tímido ao extremo; fico, na minha mente, a minha imagem, de quando estou paralisado diante das pessoas, imóvel, mudo feito uma topeira (acho que é cego como uma topeira), totalmente calado, tímido e esta imagem de songamonga, Zé ruela, nerd, etc, é o que fica na minha mente. E é com esta imagem que me defino e a partir dela é que tudo se encaixa e da sustentação ao grande desamor que sinto por mim, criando infinitas duvidas e inseguras e carências... E esta auto–imagem é auto-alimentado por este estado perpetuo, perpetuamente...

Outra vez eu fugi do assunto. Tentando definir outros aspectos da minha psicologia. Quando na realidade eu deveria dizer simplesmente. Ninguém gosta de mim e ninguém nunca irá gostar de mim, e pronto, independente das razões e das motivações. Eu, por não ser amado por ninguém (mesmo que alguém me amasse não sei se isto mudaria alguma coisa) nunca aprenderia a amar, nem a mim mesmo, ou principalmente, a mim mesmo. Sou carente e pronto, infinitamente carente. A duvida que ninguém me ama sempre ira persistir, mesmo que alguém me amasse verdadeiramente, o que é impossível. Ou ninguém ira me amar da maneira que eu gostaria que me amassem. Neste texto eu ria dizer que ninguém me beija, ninguém me abraça, ninguém faz um carinho em mim, nem diz palavras de amor, mas é melhor deixar para os próximos...

4-6 Eu estou incomodando alguém?

Eu não consigo me sentir bem em lugar algum. Sempre penso que estou incomodando alguém. Sinto-me nojento, asqueroso, deformado, mal cheiroso, mal vestido, descabelado, uma presença sinistra, macabra, não sei explicar direito... Como se eu tivesse uma doença contagiosa. É uma sensação tão esquisita. E isto que dá ter uma auto-imagem totalmente distorcida.

E pra falar alguma coisa é uma dificuldade tremenda. Só falo quando a pessoa toma a iniciativa, na verdade, só respondo, nada mais... Não tenho coragem para iniciar uma conversa, ou fazer uma pergunta. Acho que vou incomodar a pessoa, se falar qualquer coisa sem autorização. Ou então a pessoa não vai me dar atenção, ou vou falar baixo e ninguém vai me escutar. Devido a tudo isto, e uma serie imensa de outros problemas, prefiro ficar calado... Sem falar no dilema “isto é importante?”, o que posso falar ou o que não posso falar, se a pessoa vai gostar da minha conversa, etc. E também tem , quando a minha mente fica em branco, e não encontro palavras para me expressar, etc.

Não sei me portar direito. Não sei aonde vou, ou se fico... Não sei onde colocar as mãos. Se sento ou se fico de pé. Na duvida, e as duvidas são imensas, fico paralisado; esperando que os outros tomem a primeira atitude. Mas se devo tomar uma atitude, fico tenso, angustiado, carregando uma cruz de trezentas toneladas, ansioso, tremendamente ansioso; e a minha mente pensa uma milhão de besteiras. Esta tensão só passa quando tomo uma atitude, mas depois, sempre vem o remorso. É um terrível dilema. Porque eu disse aquilo e não aquilo outro, porque eu me portei daquela maneira, etc...

Não sei se é por causa da minha aparência. Ou, por causa dos padrões impostos pela sociedade. Ou, se é por minha culpa, e eu já me culpo tanto; mas a minha mente é capaz de criar emoções, pensamentos, traumas, sozinha? Uma pessoa pode aprender amar sozinha? E a ter confiança em si, sozinha? Um individuo não precisa de nenhum tipo de educação, ele pode se manter sozinho, e criar a sua personalidade sem nenhuma interferência externa!? Qual é a minha culpa, e qual é a culpa da sociedade?

Eu não se de nada, eu só sei que é difícil lidar comigo. E pior que estar preso. Porque é assim que eu me sinto, como se estivesse preso. Com uma camisa de força. E não posso falar não posso me mexer direito, não posso andar, não posso exibir emoções, não posso nada... E se tento sair desta prisão, as correntes machucam o meu corpo, e quanto mais força faço, mais estraçalhado o meu corpo fica. E como estas correntes sou eu estou o tempo todo, brigando comigo. Existe saída pra esta situação!?

4-5 Preciso sair de casa urgentemente

Não posso ficar muito tempo em casa. Fugindo do mundo. Isto, “enferruja” o meu já enferrujado relacionamento com as pessoas e meu convívio social... Depois de algum tempo em casa, quando retorno ao convívio social, perdi parte da intimidade e me sinto afastado das pessoas, com mais dificuldade de me relacionar. Até a luz do sol e a movimentação das pessoas me causa estranheza, como se eu tivesse conhecendo o mundo pela primeira vez, tal é o tempo que fico isolado. Para combater o meu mal, preciso expor ao publico todo dia, sistematicamente, deve existir uma constância absoluta. De outro modo não conseguirei vencer a timidez. E na minha casa, existe um esquema de funcionamento, que favorece grandemente o meu isolamento. E sempre que eu volto ou estou em casa, regrido e me isolo, ate mesmo, para não conviver com as pessoas da “minha casa” que não quero conviver. Desta maneira eu nunca consigo sair do mesmo lugar.

Se pelo menos eu morasse em outra casa, até mesmo sozinho, isto poderia fazer bem para mim. Ou, se eu tivesse um compromisso diário em outro lugar, como num trabalho ou um curso qualquer, isto também poderia me ajudar muito. Definitivamente, eu não posso ficar muito tempo em casa... porque isto, é como se fosse um ciclo vicioso ou um efeito em cascata que realimenta eternamente as minhas fobias. Preciso me livrar do esquema em qual estou vivendo, inventar um modo mais saudável de viver, um outro ambiente, com outras “regras”.

Em casa, só pelo fato de estar em casa, já me sinto mais deprimido, melancólico, desalentado; incapacitado de fazer qualquer coisa. Até para escrever é dificílimo. Se eu pudesse fazer estas atividades que faço em casa em outro lugar, eu teria mais disposição e motivação. Se existisse um lugar, um grupo de estudo ou trabalho, um lugar para poder pintar e aprender a pintar, criar sites, escrever livros, desenvolver talentos escondidos, alterar digitalmente fotografias e aprender tudo sobre informática e internet, ler, aprende, debater, realizar trabalhos diversos, com vídeo digital e musica. Declamar poesias ou outros textos, trabalhos voluntários, plantar arvores e defender a natureza, ou fazer uma campanha solidária sobre um tema relevante, propor um projeto e alterar a configuração da cidade. Aonde as pessoas iriam se relacionar uma com as outras.